Reforma. Prédio da escola passa por revitalização que deve durar o ano
todo
e custar R$ 12 milhões; edifício tinha problemas estruturais
JOHNATAN CASTRO
Uma das mais tradicionais escolas públicas de Belo Horizonte completou
ontem 160 anos em meio a uma série de problemas estruturais. De acordo com
relatos de alunos e professores da Escola Estadual Governador Milton Campos, o
Estadual Central, as aulas e o funcionamento do colégio vêm sendo prejudicados
pela falta de merenda, material de limpeza e papel para todo tipo de atividade,
inclusive as provas. Outro problema é o número reduzido de funcionários da
limpeza, que não estariam dando conta dos imensos prédios da instituição, no
bairro de Lourdes, na região Centro-Sul. Há ainda o mau funcionamento de elevadores
e a ausência de ventilação nas salas.
Parte
dos transtornos foi provocada pela reforma da unidade I do Estadual Central,
inaugurada em 1956 e projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Para a
revitalização do prédio, os estudantes precisaram ser transferidos para um
prédio alugado nas proximidades. Segundo os alunos, os elevadores do edifício
de dez andares não estariam funcionando. Somente um funcionário seria
responsável por limpar 20 salas e 20 banheiros. Também faltaria papel higiênico
em toda a escola.
“Não tem papel
higiênico. Os professores fazem mutirão e pedem ajuda para recolher papel para
as provas. Iniciamos as aulas deste ano no auditório porque o prédio novo não
tinha sido liberado ainda”, conta uma aluna do terceiro ano.
Uma outra estudante
de 17 anos explica que os colegas têm sido liberados mais cedo em função da
falta de merenda. “A gente fica querendo aprender, e os professores ficam
fazendo malabarismo. Isso vai nos prejudicar muito”. Assim como a colega, um
rapaz de 17 anos teme um reflexo negativo no vestibular e no Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem). “Vai refletir nas avaliações”.
Professores
As aulas da instituição foram suspensas
ontem por causa do aniversário. Um funcionário contou que a falta de repasses
dos governos estadual e federal tem obrigado os docentes a comprarem até mesmo
o café. Outro professor afirmou que a escola não tem o que comemorar e que “o
novo prédio pode ser tudo, menos um local para a prática do bom ensino. “Os
elevadores não funcionam, falta água, material de limpeza, café, cozinha”.
Ex-alunos ilustres
Várias personalidades estudaram no Estadual Central, entre eles a
presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Getúlio Vargas, o ex-prefeito
Fernando Pimentel, o escritor Fernando Sabino e o cartunista Henfil.
Tradição
A história do Estadual Central começou em fevereiro
de 1854, com a instalação de uma escola de educação secundária chamada Liceu
Mineiro em Ouro Preto. Em 1898, a instituição foi transferida para Belo
Horizonte e, em 1943, passou a se chamar Colégio Estadual de Minas Gerais. Em
1956, a escola passou a funcionar no atual endereço e recebeu o nome de Escola
Estadual Governador Milton Campos. A denominação Estadual Central veio em 1973,
quando anexos do colégio começaram a ser instaladas em outras partes da cidade.
Nos desenhos de Oscar Niemeyer, o prédio das salas de aula
do Estadual Central tem o formato de uma régua, o giz virou caixa-d’água, a
cantina tem forma de borracha e o auditório é um mata-borrão – instrumento para
secar o excesso de tinta no papel.
Estrutura
Os prédios da escola ocupam dois quarteirões, no bairro de
Lourdes, em 11 mil m², e incluem cerca de 50 salas de aula, auditório para 400
lugares, oito quadras e uma piscina olímpica.
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