6 DE MAIO DE 2014
UMA INOCENTE
MORREU, SATISFEITA SHEHERAZADE?
Ministro Paulo Bernardo, não espere que outra vítima
seja imolada pelos algozes do pensamento único.
Ministro José Cardozo,
assuma suas obrigações.
Não deixem o Brasil sucumbir à insânia dos barões da
imprensa
MARCUS VINÍCIUS
No livro “Brasil, um país do futuro” (1941), o escritor e
jornalista Stefan Zweig destaca a tolerância como característica marcante dos
brasileiros. Quando aqui chegou, em 1940, estava horrorizado com o
nazi-facismo, que transformara a Europa em escombros e seres humanos em números
tatuados no braço e remetidos aos campos de concentração. Enalteceu a mistura
de raças, credos, a diversidade cultural de nosso povo. Quão espantado ficaria
o intelectual austríaco se assistisse aos telejornais de nossa TV aberta e aos
sites patrocinados pela mídia conservadora brasileira.
A doutrina do ódio, o
apelo à violência, a disseminação da intolerância por parte dos grandes
veículos de comunicação passou a ser um mantra. Nas telas do Jornal Nacional,
nos comentários de Miriam Leitão, Arnaldo Jabor e Willian Waack o Brasil é uma
grande m.! Não há esperança.
Um amigo, jornalista há
mais de 20 anos como eu, desabafou: “o padrão Globo se rendeu ao binômio buraco
de bala, buraco no asfalto”. É o jornalismo-horror, que parece ter sido feito
com trilha sonora de funk-nejo. Neste tipo de noticioso o país é um lixo, os
políticos não prestam. Só a revolta do povo, fazendo justiça com as próprias
mãos resolve.
E foi seguindo esta
trilha de ódio e perseguição que surgiu a jornalista(?) Rachel Sheheazade com
seus editoriais fascistóides no SBT.
“Justiça pelas próprias mãos”.
É o que induzia a loira nos seus comentários no
telejornal de Silvio Santos.
Pois Shereazade venceu.
Muitos supostamente acreditaram no que dizia e foram fazendo vítimas Brasil
afora. A última foi a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 33.
Confundida com uma suposta sequestradora, foi morta pelos justiceiros tão
reverenciados por Rachel Sheherazade .
Satisfeita Sheherazade?
Serão necessárias outras vítimas como Fabiane de Jesus para os donos da mídia
pararem com a insanidade? Ou o que querem mesmo é um banho de sangue? É isto
que pedem quando cobrem com entusiasmo movimentos como “Não vai ter Copa” e as
badernas criadas pelos Black-Blocks?
Graças à democracia,
reconquistada nas jornadas cívicas do movimento Diretas Já, há muitas vozes
contra o pensamento único dos veículos conservadores. As mentiras da “grande
mídia” são desmentidas dia-a-dia pelo trabalho de blogueiros como Altamiro
Borges, Miguel do Rosário, Conceição (Maria Frô). Ricardo Viana e os sites de Luis
Nassif, Paulo Henrique Amorim.
São eles e centenas de outros, que lembram que há 50 anos o
presidente João Goulart foi deposto com ajuda do Globo, Folha, Estadão, Diários
Associados & outros, porque fazia reformas que ampliavam direitos dos
trabalhadores. Jango foi derrubado porque criou o 13º salário, regulamentou a
remessas de lucros pelas multinacionais, defendeu a Petrobrás e ousou falar em
fazer a reforma agrária.
Estes mesmos jornalões e
estas mesas famílias que controlam a mídia no Brasil não podem aceitar que um
governo trabalhista dê certo, ou que o povo seja feliz. Por isto torcem contra
a Copa e escondem que o Brasil é um dos três países que mais cresceram no mundo
em 2013, ficando atrás apenas da China e da Coreia do Sul. Distorcem as manchetes.
Não mostram que o país tem um dos menores índices de desemprego do mundo, ou
que as obras de infraestrutura para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas de
2016 vão beneficiar milhões de brasileiros.
Os profetas do
apocalipse da Globo, Band , Cultura e SBT, os monges do ódio em suas colunas na
Veja, Folha, Globo, Estadão torcem contra o Brasil. Semeiam a discórdia.
Insuflam raiva e ressentimento. O resultado não pode ser outro, senão ataques
de fúria como o que vitimou a dona de casa em Guarujá(SP) ou a morte do
cinegrafista da Band, Santiago Idílio de Andrade, vítima de um rojão
disparado por um manifestante black-block no Rio de Janeiro.
Sheherazade e seus
colegas da bancada da intolerância deveriam pedir perdão à família de Fabiana
de Jesus. Deveriam se desculpar perante o povo brasileiro por dizer tantas
mentiras, por fazerem apologia à violência e por tentarem transformar o Brasil
numa versão tropical do III Reich.
A visão de Stefan Zweig
continua nítida para milhões de brasileiros que, apesar da Globo &
associados, continuam a acreditar no país. Mas assim como a ascensão do
nazi-facismo levou Zweig à depressão e ao suicídio, a manipulação da mídia pode
comprometer o futuro da nossa nação. É preciso dar um basta. Liberdade de
expressão não significa liberdade para mentir, insuflar o ódio e distorcer os
fatos. O escândalo Murdoch, na Inglaterra, que levou o país de sua majestade a
regulamentar a mídia, mostra que há limites para tudo.
Ministro Paulo Bernardo,
não espere que outra vítima seja imolada pelos algozes do pensamento único.
Ministro José Cardozo, assuma suas obrigações. Não deixem o Brasil sucumbir à
insânia dos barões da imprensa. Usem suas prerrogativas. Imponham limites
àqueles que não respeitam a democracia e o povo brasileiro.
Boechat manda indireta para Sheherazade
Jornal
da Band
Publicado
em 05/05/2014
Boechat comenta
notícia sobre a morte de uma mulher vítima
de espancamento por
populares após suspeita de prática de magia negra
com crianças no
Guarujá (SP).