Veja chegou, neste fim de semana, ao ápice do seu complexo de
vira-latismo; sua reportagem de capa é o relato de um personagem fictício,
nascido nos Estados Unidos e chamado John Doe, que desembarca em São Paulo e
descobre que nada presta, que o Brasil é um lixo, que somos um país de quinta;
ok, os Civita sempre sonharam em ser americanos e pegaram o navio errado quando
deixaram a Itália; no entanto, a reportagem deste fim de semana é bisonha e não
faz jus nem aos simpáticos vira-latas; ela pretende apenas que os brasileiros,
como sugeriu Ronaldo, sintam vergonha do próprio País
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- Você conhece John Doe? Nós
também não. Na verdade, ele não existe. É um personagem de ficção, criado pela
revista Veja, para exercitar seu próprio complexo de vira-latas. É também o
personagem da capa desta semana, chamada "Susto Brasil".
Sabe-se pouco sobre a vida pretérita de John Doe. Apenas que ele
nasceu nos Estados Unidos, como sempre foi o sonho dos Civita, que emigraram da
Itália, tomaram o navio errado para a promissora América, mas caíram na
Argentina, de onde depois vieram para o Brasil.
Doe é o protagonista da mais bizarra capa de uma revista semanal
já publicada na história da imprensa brasileira. Bisonha, ridícula e patética.
Na "reportagem", ele desembarca no Aeroporto de
Guarulhos, cujo novo terminal foi inaugurado pela presidente Dilma Rousseff na
semana passada, e descobre que nada aqui funciona.
Em suma, Doe se dá conta de que o Brasil é um lixo que pode ser
constatado já nos aeroportos – fetiche da classe média "wannabe", que
sonha em ser algo mais.
O vôo de Doe atrasa e durante sua estadia no Brasil e ele também
descobre que aqui as transferências bancárias apresentam problemas, a internet
funciona mal e é impossível cancelar uma linha telefônica.
O Brasil seria ainda o país da burocracia, onde as coisas só
seriam válidas se estivessem carimbadas. Fazer contratos de aluguel, então, um
martírio.
São mais de vinte páginas de blablablá, que demonstram apenas o
esgotamento do modelo Veja de denuncismo barato e a falta de criatividade de
seus editores.
Mas a capa talvez esteja inserida num contexto. Às vésperas da
Copa do Mundo de 2014, é hora de baixar a cabeça e sentir vergonha do País,
como sugeriu o craque Ronaldo.
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