sábado, 9 de agosto de 2014

DEPOIS DAS DECLARAÇÕES IRRESPONSÁVEIS DO CANDIDATO PLAYBOY AÉCIO NEVES, SOBRE ACABAR COM O PROGRAMA MAIS MÉDICOS, REPUBLICO MATÉRIAS QUE FORAM VEICULADOS NESTE BLOG, REITERANDO A PERFORMANCE E A QUALIDADE DOS MÉDICOS FORMADOS EM CUBA. - DOS TRES ARTIGOS ABAIXO, O PRIMEIRO ANALISA A INSENSATEZ E A INTOLERÂNCIA PROFISSIONAL E PARTIDÁRIA, NO SEGUNDO A ONU/BRASIL OPINA SOBRE A RELEVÂNCIA DOS MÉDICOS CUBANOS JÁ ATUANDO NO PAÍS E NO TERCEIRO A IDA A CUBA DE MÉDICOS AMERICANOS PARA AVALIAÇÃO DESTES PROFISSIONAIS NO APRENDIZADO E NO PROJETO DEFINIDO PARA ATENDIMENTO ÀQUELE POVO. SÃO ELES, EDWARD W. CAMPION, M.D., and STEPHEN MORRISSEY, Ph.D. SUAS CONCLUSÕES FORAM PUBLICADAS PELO – The NEW ENGLAND JORNAL of MEDICINE.




FORMADOS POR UMA SOCIEDADE ORIENTADA NÃO PELA MEDICINA MERCANTIL, MAS PELAS NECESSIDADES REAIS DA POPULAÇÃO...


por Emir Sader em 08/02/2014

A PEDAGOGIA DOS MÉDICOS CUBANOS


ESSE CONVÊNIO, QUE PODERIA PASSAR COMO UM A MAIS ENTRE TANTOS OUTROS ASSINADOS, 

GEROU UMA ONDA DE REAÇÕES QUE PROPICIAM UM DIAGNÓSTICO SOCIAL DE BRASIL E CUBA.


“As médicas cubanas parecem empregadas domésticas.” 

A afirmação, a mais expressiva da onda de expressões de intolerância e de discriminação racista, feita por uma jornalista brasileira de direita, representa, em perceber, o mais significativo elogio de Cuba.

Diante das necessidades de atendimento médico da população, o governo brasileiro, depois de convocar a médicos brasileiros a ocupar os postos nas regiões do país com mais necessidades e menor atenção, fez um convênio com o governo de Cuba para trazer ao Brasil a profissionais de saúde do país que inquestionavelmente tem uma das melhores, senão a melhor medicina social do mundo. Os extraordinários índices de saúde da população cubana – da mortalidade infantil à expectativa de vida ao nascer -, ainda mais pelo nível de desenvolvimento econômico do pais, confirmam essa avaliação.

Esse convênio, que poderia passar simplesmente como um a mais entre tantos outros assinados entre o Brasil e Cuba, gerou uma onda de reações que propiciam um diagnóstico social de uma e de outra sociedade, inédito e de uma profundidade inesperada.  Começando pelos próprios médicos brasileiros, na sua grande maioria formados em universidades públicas – as melhores do país -, mas que não são obrigados a entregar praticamente nenhuma contrapartida à sociedade que os formou, de forma gratuita. Frequentemente concluem seus cursos e abrem consultórios nos bairros melhor situados das grandes cidades brasleiras, para atender a uma clientela de grande poder aquisitivo.

 Como resultado, o mapa das doenças do país e a localização dos médicos costuma ser brutalmente desencontrado, praticamente oposto: onde estão as doenças, não estão os médicos; onde estão os médicos, não estão as doenças.

Mesmo assim, depois de se negar a atender a população mais pobre – a grande maioria – tentaram impedir que o governo brasileiro trouxesse médicos de fora do pais – de outros países, alem de Cuba – para atender à população. Fizeram manifestações, criaram situações de constrangimento para os médicos cubanos na sua chegada, anunciaram que fariam campanhas contra a reeleição da Dilma, acreditando dispor de autoridade política com seus pacientes.

A declaração com que começa este artigo se insere nesse cenário de elitismo e de falta de sensibilidade social de médicos brasileiros. A frase, que pretende desqualificar a médicas cubanas, porque no lugar da imagem do médico homem, branco, com fisionomia dos doutores dos filmes de Hollywood, são pessoas nascidas no meio do povo cubano, se revela como um imenso elogio da sociedade cubana e em uma crítica da brasileira. Mulhres de origem humilde, que no Brasil seria empregadas domésticas, em Cuba é normal que possam se formar como médicas e expressar sua solidariedade com outros povos, necessitados dos profissionais que Cuba consegue formar em excesso para as necessidades do seu país.

Essa reversão do sentido da frase se deu também no plano mais geral da sociedade brasileira que, confundida no começo, muito rapidamente reagiu de forma muito positiva, com mais de 80% apoiano a vinda dos médicos cubanos ao Brasil. Pelas necessidades que passaram a ser atendidas por esses médicos, assim como também pela atenção que imediatamente começaram a receber setores populares muito amplos do Brasil, até ali sem nenhuma assistência ou com atenção médica absolutamente precária. Cidades que nunca tinham tido a presença de médicos, em que a população tinha que se deslocar quilômetros de distância para ter uma assistência esporádica, começam a conhecer um direito essencial à atenção médica direta e permanente, graças aos médicos cubanos.

É um programa de saúde pública, mas que encerra em si mesmo uma lição, uma pedagogia política de grande evidência – que é o que mais incomoda à direita brasileira. Pessoal formado em universidades públicas – e em Cuba todas o são – tem que atender prioritariamente as necessidades fundamentais do seu povo, que além de tudo paga os impostos que financiam as universidades públicas, mas que, via de regra,  não pode ter seus filhos com acesso a essas mesmas universidades – mais ainda aos cursos de medicina.

 O Brasil está avançando como nunca na sua história no combate à desigualdade, à pobreza e à miséria, mas não encontra ainda correspondência nas estruturas educacionais que formam os profissionais de medicina. Daí o apoio de Cuba – que a Dilma agradeceu a Fidel, por ocasião da recente reunião  da Celac em Havana, quando se inaugurou a primeira parte do porto de Mariel, que o Brasil constrói na Ilha, colaborando com a ruptura do bloqueio imposto pelos EUA.

Os médicos cubanos são melhores que grande parte dos médicos que o Brasil tem hoje porque – além da sua excelente formação profissional -, são melhores cidadãos, formados por uma sociedade orientada não pela medicina mercantil, mas pelas necessidades reais da população. A vinda dos médicos cubanos permite, como nenhum manual de educação política, esclarecer princípios das sociedades capitalistas – voltadas para os valores de troca – e das sociedades socialistas – voltadas para os valores de uso. Uma atendendo demandas do mercado, a outra, as necessidades das pessoas.
*****************************

AS ATITUDES POLÍTICAS, UNILATERAIS E TENDENCIOSAS DAS ASSOCIAÇÕES MÉDICAS PELO BRASIL, NAS CRÍTICAS AO PROGRAMA DO GOVERNO FEDERAL, "MAIS MÉDICOS", MAIS UMA VEZ PERDEM PONTOS POR ATITUDES INTRANSIGENTES E CORPORATIVISTAS.



18 de junho de 2014 · Destaque

Médicos cubanos revolucionam atendimento
em comunidades no Espírito Santo


Em 2012 foi inaugurada a Unidade Regional de Saúde (URS) de Planalto Serrano, na periferia do município de Serra, no Estado do Espírito Santo. Segundo a coordenadora da unidade, Naiara Vidoto, o estabelecimento abrange
uma população de aproximadamente 12 mil pessoas.
Com três equipes de Saúde da Família, sendo dois médicos principais e um médico de apoio do Programa “Mais Médicos”, Naiara conta que a relação tem sido muito positiva. “Nós contamos com três médicos cubanos na unidade. Eles foram muito bem recebidos pela população e já estão se sentindo em casa”, afirma Naiara.

Dois dos médicos cubanos são Orlando Maure Ceballo, 47 anos, e Tamara Delgado Riesgos, 51 anos. Eles chegaram na unidade em dezembro do ano passado e já conseguiram resolver o atraso nas consultas de pré-natal, desenvolveram um programa de atendimento para os casos de hipertensão e diabetes e tiveram a iniciativa de sistematizar as consultas domiciliares.
“Ainda temos que organizar muita coisa, mas estamos felizes com o resultado do nosso trabalho. Estamos ajudando a quem precisa”, afirma Tamara.
Já no posto de saúde de Taquara I, na periferia de Serra, Orelys Reyes Madrazo, médico cubano de 39 anos, explica que não é a primeira vez que sai de Cuba para trabalhar em – como ele mesmo define – uma missão humanitária internacional.
“A demanda aqui é bem alta”, diz o médico. Com uma população de aproximadamente 5 mil pessoas na região, foi em dezembro de 2013 que a unidade recebeu o reforço do Programa “Mais Médicos”.
“Nós fomos premiados com a vinda dele para cá. Ele é um médico sensacional”, afirma a gerente de serviços de saúde, Zilá Gonãlves Fausto.
Com as unhas do pé pintadas no chinelinho diminuto, enfeitado com a imagem de uma princesa da Disney, Ana Beatriz Mota Pereira, de 2 anos, aguardava sua vez de ser atendida no posto de saúde de Taquara I. Na primeira consulta com o Dr. Orelys, foi diagnosticado um quadro de bronquite asmática, e agora Ana Beatriz retorna ao posto periodicamente para seguir o tratamento e ser avaliada.
“Eu fico rindo dele às vezes porque ele fala engraçado, mas entendo tudo o que ele diz. A gente está seguindo o tratamento que ele mandou direitinho”, conta Leonara Pereira, 19 anos, tia da paciente. “Eu também me trato com ele, e gosto desse médico. Eu estava com uma infecção, alguma coisa no sangue eu acho, mas já fiquei boa, e a Ana já está melhor também.”
Visando à cobertura universal e ao controle e erradicação de doenças, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) vem apoiando o Ministério da Saúde na implementação do Programa. Este apoio inclui o suporte técnico à ampliação da estratégia da atenção primária de saúde e da melhoria da estrutura da rede de serviços de saúde, além da avaliação da cooperação técnica neste campo específico.
SEDE DA ONU EM BRASÍLIA-DF.

****************************************************************************



Postado em: 3 jul 2013


Um Modelo Diferente – Atenção Médica em Cuba.
Dois médicos norte-americanos avaliam o sistema de saúde de Cuba

Edward W. Campion, M.D., and Stephen Morrissey, Ph.D.  

Para um visitante dos Estados Unidos, Cuba desorienta. Automóveis norte-americanos estão em todo lugar, mas todos datam dos anos 50. Nossos cartões bancários, cartões de crédito e telefones inteligentes não funcionam. O acesso à internet é praticamente inexistente. E o sistema de saúde também parece irreal. 
Há médicos demais. Todo mundo tem um médico da família. 

Tudo é de graça, totalmente de graça — e não precisa de aprovação prévia ou de algum tipo de pagamento. Todo o sistema parece de cabeça para baixo. É tudo muito organizado e a prioridade absoluta é a prevenção.

Embora Cuba tenha recursos econômicos limitados, seu sistema de saúde resolveu alguns problemas que o nosso [dos Estados Unidos] ainda nem enfrentou.

Médicos de família, junto com enfermeiras e outros profissionais de saúde, são os responsáveis por dar atendimento primário e serviços preventivos para seu grupo de pacientes — cerca de mil pacientes por médico em áreas urbanas.

Todo o cuidado é organizado no plano local e os pacientes e seus profissionais de saúde geralmente vivem na mesma comunidade. Os dados médicos em fichas de papel são simples e escritos à mão, parecidos com os que eram usados nos Estados Unidos 50 anos atrás. Mas o sistema é surpreendentemente rico em informação e focado na saúde da população.

Todos os pacientes são categorizados de acordo com o nível de risco de saúde, de I a IV. Fumantes, por exemplo, estão na categoria de risco II, e pacientes com doença pulmonar crônica, mas estável, ficam na categoria III.

As clínicas comunitárias informam regularmente ao distrito sobre quantos pacientes tem em cada categoria de risco e sobre o número de pacientes com doenças como a hipertensão (bem controlada ou não), diabetes, asma, assim como sobre o status de imunização, data do último teste de Papanicolau e casos de gravidez/cuidado pré-natal.

Todo paciente é visitado em casa uma vez por ano e aqueles com doenças crônicas recebem visitas mais frequentes. Quando necessário, os pacientes podem ser direcionados a policlínicas distritais para avaliação de especialistas, mas eles retornam para as equipes comunitárias para acompanhamento. Por exemplo, a equipe local é responsável por garantir que o paciente com tuberculose siga as recomendações sobre o regime antimicrobial e que faça os exames.

Visitas em casa e conversas com familiares são táticas comuns para fazer com que os pacientes sigam as recomendações médicas, não abandonem o tratamento e mesmo para evitar gravidez indesejada. Numa tentativa de evitar infecções como a dengue, a equipe de saúde local visita as casas para fazer inspeções e ensinar as pessoas sobre como se livrar da água parada.

Este sistema altamente estruturado, orientado para a prevenção, produziu resultados positivos.
As taxas de vacinação de Cuba estão entre as mais altas do mundo.