18 DE AGOSTO DE 2014
AGREDIDA
PELO JORNAL NACIONAL,
DILMA SE DEFENDE
247 - Com posturas até
então desconhecidas do grande público, os apresentadores William Bonner e
Patrícia Poeta deixaram a elegância de lado e partiram para o ataque sobre a
presidente Dilma Rousseff, na entrevista ao Jornal Nacional concedida no
Palácio da Alvorada, em Brasília, nesta segunda-feira 18.
Ambos
estavam vestidos de preto, indicando luto pela morte do ex-governador Eduardo
Campos, cujo último compromisso eleitoral foi a entrevista da quarta-feira 13.
Eles não dirigiram nenhuma pergunta sobre o fato à presidente.
Bonner parecia o mais irritado, mas
Patrícia não quis ficar atrás. Ela chegou a apontar, em riste, o dedo para a
face próxima da presidente, insistindo que o governo dela e do ex-presidente
Lula não fizeram "nada" na área da saúde.
A
presidente conseguiu dizer, entre interrupções da entrevistadora, que hoje, ao
contrário do passado, o atendimento de saúde pública atinge 50 milhões de
brasileiros.
No início da entrevista, Bonner
perguntou, por mais de um minuto, sobre "corrupção e malfeitos",
citando uma série de ministérios e também a Petrobras.
- Qual a dificuldade de formar uma equipe
de governo com gente honesta?, questionou ele, mais ao estilo botequim de
esquina do que o que emprega normalmente, todos os dias, à exceção dos
domingos, na bancada do JN. O jogo de apertar a presidente ficou claro desde o
primeiro momento.
A própria Dilma percebeu e não se
intimidou com a postura da dupla. Procurou responder a todas as perguntas e
manter a calma, mas não dando as respostas que Bonner e Patrícia esperavam.
Dilma tinha argumentos na ponta da lingua.
- Fomos o governo que mais
estruturou o combate à corrupção e aos malfeitos, respondeu ela.
- Nenhum procurador geral da República
foi chamado no meu governo de engavetador geral da República",
acrescentou, numa referência nada sutil a Geraldo Brindeiro, dos tempos do
governo Fernando Henrique.
BONNER
NUNCA FIZERA PERGUNTAS TÃO LONGAS E EM TOM TÃO DURO
O
âncora do Jornal Nacional insistiu no tema da corrupção, usando cada vez mais
ênfase sobre a presidente:
- Um grupo de elite do seu partido foi
condenado por corrupção, são corruptos, posso dizer por que a Justiça já
julgou, mas o seu partido protegeu essas pessoas. O que a sra. acha dessa
postura do seu partido?
Dilma não respondeu diretamente, optando
por lembrar sua posição institucional:
- Enquanto eu for presidente da
República, não externarei opinião pessoal sobre decisões do Supremo Tribunal
Federal. Eu tenho a minha opinião, mas não vou externá-la.
- Mas o que a sra. diz sobre a postura do
seu partido? A sra. não diz nada?
- Olha, Bonner, eu não vou entrar nisso
de me manifestar contra a decisão de um poder constitucional. Isso é muito
delicado, merece o meu maior respeito.
PATRÍCIA
APONTOU O DEDO EM RISTE PARA A PRESIDENTE
Patrícia, que até então estava calada,
perguntou sobre saúde, afirmando que "nada fora feito" nos governo
Dilma e Lula, e que "as filas se multiplicam nos hospitais e postos de
saúde". Dilma, outra vez, procurou responder sem aceitar a indagação como
provocação.
Patrícia não gostou do que ouviu, e lá
veio Bonner atacar de novo:
- A sra. considera justo culpar ora a
crise econômica internacional, ora os pessimistas pelo baixíssimo crescimento
da economia brasileira, pela inflação alta?
- A inflação cai desde abril, Bonner,
agora mesmo saiu um dado oficial mostrando que houve zero por cento de aumento
de preços em julho. Por outro lado, todos os dados antecedentes ao segundo
semestre, aqueles que anunciam o que vai acontecer na economia, mostram que
haverá crescimento em relação ao primeiro semestre.
Bonner não pareceu satisfeito com a
resposta, mas em razão do tamanho das perguntas que havia feito antes, percebeu
que o tempo de 15 minutos estava estourando. Foram, de fato, questionamentos
quilométricos os que ele fez.
- Eu vou garantir um minuto para a sra.
encerrar, disse ele, visivelmente insatisfeito.
- Obrigado, Bonner, eu quero dizer que
acredito no Brasil, reiterou Dilma, que ainda foi mais duas vezes interrompida
para que fosse cumprido o tempo estabelecido.
- Eu compreendo, vou suspender a minha
fala, encerrou Dilma, com classe, diante dos entrevistadores que se mostraram
em pleno ataque de nervos.