17 DE AGOSTO DE
2014
PIMENTEL ABRE VANTAGEM
MAIOR NA GRANDE BH
247 - O
candidato do PT ao governo de Minas, Fernando Pimentel, obtém sua maior votação
na Grande Belo Horizonte. Isso indica que o grau de conhecimento do candidato
influi na decisão de voto do eleitor. É o que mostra um recorte da pesquisa
Datafolha.
Em Belo Horizonte, onde foi secretário,
vice-prefeito e prefeito por 16 anos, Pimentel abre 24 pontos de vantagem sobre
o segundo colocado, alcançando 43% das intenções de voto contra 19% de Pimenta
da Veiga, do PSDB.
Quando são analisados os dados relativos à RMBH, o
candidato da Coligação Minas Pra Você aparece com 39% das intenções de voto.
Neste cenário, Pimenta tem 16% das intenções de voto.
Pimentel também bate Pimenta quando analisados os
municípios com mais de 50 mil habitantes. No grupo de cidades de 50 mil a 200
mil habitantes, Pimentel tem 32% das intenções de voto e o tucano, 18%. Nos
municípios entre 200 mil e 500 mil habitantes, o candidato do PT tem 31% e o
tucano 16%.
Nas localidades com mais de 500 mil habitantes, a
diferença chega a 19 pontos para Pimentel: 35% a 16%. Entre os eleitores que
têm o PSDB como partido de preferência, 18% declaram votar em Pimentel. Entre
os peemedebistas, Pimentel alcança 45% das intenções de voto.
Tudo isso indica que o candidato tucano à
presidência, senador Aécio Neves (PSDB-MG), terá muito trabalho em casa, onde
pretende abrir uma vantagem de 4 milhões de votos em relação à presidente Dilma
Rousseff.
A pesquisa Datafolha foi realizada entre os dias 12
e 14 de agosto e ouviu 1.238 pessoas. O índice de confiança de 95%. A margem de
erro máxima prevista é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A
sondagem foi registrada junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número
MG-00063/2014.
Para acessar as tabelas completas da pesquisa,
clique no link a seguir:
http://media.folha.uol.com.br/datafolha/2014/08/15/intencao-de-voto-e-avaliacao-governador-do-mg.pdf .
A OPOSIÇÃO DESTRUTIVA
NO BRASIL
15 DE AGOSTO DE 2014
A recente história dos
movimentos políticos de oposição no Brasil, no período redemocratizado, denota
uma trajetória tristemente condizente com uma sociedade intolerante.
Um dos traços do consumismo/intolerância é a pressa, em tudo.
Uma busca de atalhos para vitórias e derrotas rápidas sobre o oponente. Quase
sempre, nunca refletidas.
Com a pressa não se quer refletir, pensar serena e
objetivamente, mas resolver a questão como se caça uma resposta-resumo no
Google. Isto jamais é conhecimento, no máximo informação. Já com a intolerância
tem-se a vontade de tratorar o oponente, mesmo que pela via da ofensa ou da
desqualificação pessoal. É primário e tosco, mas muitos optam por esta via.
O filósofo Arthur Schopenhauer escreveu 'Como vencer um debate
sem precisar ter razão'. Para quem leva a vida achando que a sociedade é
inimiga e precisa derrotar pessoas desde quando sai de casa, ou seja, o
medíocre típico, esta é uma ótima literatura. Schopenhauer era tão genial que
se deu ao luxo de teorizar, magistralmente, a guerrilha verbal para vazios
mentais que precisam de truques dialéticos.
Na política este modelo impera. Duas pessoas de partidos
opostos, numa conversa qualquer na TV, por exemplo, costumam considerar a outra
e o seu partido como totalmente imbecis. Nada que um proponha serve, presta ou
cabe.
É claro que com essa tentativa de desmonte do outro se transfere
para a sociedade – o eleitor- a pecha de energúmeno, afinal, quem escolheu o
partido-débil, o político-asno foi o povo.
Não é assim. Pessoas totalmente imbecis são muito raras. É mais
ou menos como não acertar nenhum jogo na loteria esportiva. Quando uma oposição
política busca dizer que 'tudo' que foi feito por uma equipe de governo está
errado, a análise automaticamente se compromete. Perde credibilidade.
Mesmo que partidos sejam ideologicamente contrários. O Pt caiu
nesse erro antes de ser governo. O Psdb agora é seu usuário. A diferença é que
o Psdb já foi governo e foi 'vítima' dessa 'técnica'. Deveria ter aprendido.
Incinerar o outro não cria lógica, racionalidade ou dado
prestável. As oposições precisam amadurecer, desinfantilizar-se. Aécio Neves,
um sujeito bonitão, aparece como uma tia-velha-reclamona. Estima-se que nem ele
próprio acredite muito no que tem a obrigação de dizer, contestar e tratorar. É
apenas sistemático e vicioso.
Já pelo lado do governo, veem-se defesas atrapalhadas como essa
de que a mancomunação na Cpi da Petrobras é 'histórica'. Então se outros
partidos fraudaram, nós também podemos fraudar. Um argumento que nenhum
advogado iniciante usaria.
Mas a mania de tratorar, incinerar e focar não no problema, mas
na 'desacreditação' do outro gera essas deformidades pensantes ou
irracionalidades.
Seja de que lado for, há pessoas preocupadas, competentes e
hábeis. Ninguém menos que o gênio Darcy Ribeiro que declarava 'Sou de esquerda
e acho que ela é a salvação do mundo', disparava: 'Existe uma intelectualidade
vadia pregando que a direita é burra. Não é, não.' (Confissões, p. 298).
A oposição política brasileira, não de hoje, se envolve em
futricas. A desqualificação pessoal que busca, inclusive familiar, às vezes
beira à fofoca-Caras. Às vezes ao baixo preconceito. Implicaram com Lula quando
descobriram uma filha sua. Que 'troféu', que 'descoberta' ótima para uma
oposição conservadora e farisaica. É como se os que implicam não fazem seus
filhos escondidos, secretos com secretárias gostosonas aí reveladas pela
Playboy. E mais, com dinheiro público. E pensão alimentícia também.
Com a redemocratização pôde-se falar tudo e não se ser mais
preso e torturado. Mas isto abriu a possibilidade de factóides, mentiras e
ilusionismos.
Com a mídia eletrônica espremendo o tempo e o tamanho do
discurso – o twitter impondo 140 carateres por fala – não se compreendem e não
se digerem mais discursos longos, filosóficos e concatenados. A pressa venceu.
Na política o xingamento, o cinismo e a mentira se tornaram o ordinário e o
comum.
Paulo Skaff – a Marina Silva da garoa-, o empresário que luta
para virar político, numa semana diz que jamais votaria em Dilma, só se fosse
louco. Que valentia, que bravata. Na semana seguinte muda na maior cara de pau
e diz que vota em quem seu partido Pmdb-Dilma mandar. É assim, não há 'palavra'?
Não. Não há. É exatamente assim.
Estima-se que a eleição de 2014 seja um açougue. Ou um
matadouro. Mas e a sociedade? E o povo? E o Brasil?
A desonestidade da vitória a qualquer preço, tudo sem ética,
triunfou. Foi assim com as acusações da Copa e será com a eleição. Como não
existem um TRE, um Ministério Público ou uma polícia da ética, liberou geral.
Pode tudo. E o Brasil e seus sistemas econômicos, de balança, de bolsa, de
imagem que aguentem.
Já se percebeu que políticos têm sangue de barata. Xinga-se à
vontade sua mãe e filhos. Se na semana seguinte o xingador compuser uma
'alian$a', tudo resolvido. Tudo esquecido e sorriso na TV de mãos dadas.
Quando isso vai evoluir, melhorar, depurar ou chegar a um nível
minimamente 'honroso' (que palavra difícil)? Quando a educação violar os
cadeados dos currais eleitorais. Mas até hoje o que nunca se quis muito neste
país foi educar a massa. Segue o jogo.