Publicado em setembro 8, 2014
(político-religioso)
e o capitalismo.
artigo de Gilmar
Passos*
[EcoDebate] No Brasil, o ano de 2014 está marcado pela “democratização”, onde todas as
pessoas ficam divididas entre eleitores e candidatos. Porém, há uma categoria
silenciosa que cresce assustadoramente a cada ano e que neste ano vem com força
potencialmente destruidora, estamos falando dos investidores de campanha.
Sobre essas questões, todos nós brasileiros precisamos ficar muito
atentos.
Os ventos sopram com força desenfreada causando destruição sobre questões
negligenciadas propositalmente. Muitas questões são negligenciadas a cada
quatro anos e neste último período não tem sido diferente.
O que é preocupante é que as questões essências da vida humana não estão
fazendo parte de nossas conversas, ou quando estão, são unilaterais carregadas
de preconceitos. Isso deixa claro que mais uma vez estamos passando por um
grande momento e não estamos usando a nossa maior arma que é a capacidade de
pensar, de refletir para agir bem.
Todo brasileiro sabe que a os
profissionais da política brasileira estão nas mãos dos grandes empresários do
país e do mundo. São eles que ditam as regras do jogo político antes e depois das
eleições. Se determinado candidato não compactua com os interesses de tais
empresas poderosas correm o risco de perder a eleição nas urnas.
O sistema político brasileiro deixa
claro que quem manda durante os 4 anos de mandatos não são aqueles que foram
eleitos pelo “povo”, mas aqueles que investiram (ou financiaram) as campanhas.
A pergunta que se faz é: Qual o
interesse de um empresário em financiar milhões de reais para partidos
políticos?
A resposta todos nós temos e vemos
claramente, ou seja, não é uma simples oferta, é um investimento e retorno será
em dobro, triplo e etc.
Mas os candidatos também investem e tiram muito mais
além do necessário. Há quem diga que nesse jogo a exceção que eu
particularmente acredito, mas é realmente um número do tamanho de um grão de
mostarda, mas já é uma diferença especialmente positiva.
Tudo isso acontece no Brasil, país
democrático e defensor da liberdade que pune quem não comparece as urnas para
registrar o voto.
É o mesmo país, onde os democráticos insistem em afirmar que
quem é religioso não é político e faz a exclusão da religião e da política.
Eu
particularmente gostaria de saber como dividir o ser humano integrado em ser
religioso e em ser político. Se fosse para colocar em lados opostos religião e
política as pessoas religiosas estavam isentas de irem às urnas. Mas vamos
deixar essa questão para outro momento.
Todavia, vamos chamar à
responsabilidade todo brasileiro, ou seja, todo cidadão religioso ou não que
seja natural do Brasil. Pois bem, se pensarmos um pouco veremos que todo ser
humano tem uma dívida com a sua nação e com o mundo.
Não estamos falando de dívida
econômica, essa é simples e fácil de resolver, falamos da dívida humana, aquela
que é fruto da inteligência e sabedoria e busca fazer o bem a qualquer pessoa
sem querer receber nada em troca. Essa dívida está nos custando caro e seu
adiamento de quitação está trazendo prejuízo aos cofres humanos, como as filas
e mortes dentro dos hospitais enquanto se espera atendimento.
Estamos vivendo o período eleitoral
e vemos as movimentações frenéticas para garantir a segurança econômica das
empresas e dos trabalhadores.
Não é hora de deixarmos que mais uma
vez tudo ocorra como antes, como se já estivesse programado e não temos como
fazer diferente.
É hora de acordarmos do sono da
ilusão e da manipulação e darmos um salto adiante.
Está na hora de pensarmos, não a
política, mas a vida, se isso acontecer poderemos diminuir o impacto da
destruição humana com a política brasileira e mundial.
Somos um país de maioria religiosa,
entendendo aqui a expressão que cada um tem e manifeste. No entanto deixamos
muito a desejar, pois deixamos crescer enormemente a corrupção que é uma das
causas do desastre social.
Fala-se muito dos políticos que se
vendem, mas temos também muitos eleitores que vendem o voto. Isso é vergonhoso,
porque vender o voto é entregar para o outro o direito pessoal de pensar, de
escolher e de decidir.
O que nos falta entender é que somos
parte de uma mesma família, isto é, somos humanos. Mas o fato de sermos da
família humana não nos dar a garantia de viver a liberdade, a honestidade e o
caráter, essas riquezas humanas só são reais na pessoa quando ela pratica-as na
sociedade e, consequentemente, no mundo.
Isso significa que todo ser humano
tem essas qualidades, mas se não as vive se torna um desumano.
Portanto, vamos viver a política em
favor da vida e não do capital e dos seus derivados.
* Gilmar Passos é Administrador Paroquial da Paróquia Santa
Rita de Cássia da Diocese de Estância (SE) e tem uma formação cristã ampla.
Estudou Filosofia no Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, Aracaju-SE
e Teologia no Seminário Diocesano Rainha das Missões. Obteve a
validação do Curso de Teologia pelo MEC na Faculdade Católica de Fortaleza.
Atualmente cursa Pós-Graduação em Docência do Ensino Superior no Instituto de
Ciências Humanas João Paulo II (IJOPA). É membro da Academia Estanciana de
Letras (AEL), em Estância/SE. Professor no Instituto de Teologia João Paulo II.
Passos é autor de dois livros: Identidade cristã no século XXI (2012) e Miopia
humana e mensagem cristã: uma leitura de fé em tempos de crise (2013), ambos
publicados pela Fonte Editorial.