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13 DE NOVEMBRO DE 2014
SERÁ A COVARDIA UMA
ESPÉCIE DE HERANÇA MORAL
DOS DIREITISTAS?
LULA
MIRANDA
São
inúmeros os exemplos de covardia da classe dominante, ou seja, dos
conservadores ao longo da história: contra os inconfidentes, contra os
sem-teto, os sem terra, os indígenas; contra os negros, os judeus, as mulheres,
os homossexuais; contra o ímpeto mudancista da juventude e dos estudantes em
tantas ditaduras, aqui e mundo afora etc.
Mas vamos a alguns episódios
emblemáticos, mais recentes e “ordinários”, cotidianos, desprezíveis, mas
reveladores, ocorridos nos dias que correm, aqui mesmo na nossa pátria mãe
gentil.
Primeiro, tivemos o caso do artista Lobão
que “amarelou”, para utilizar uma linguagem mais palatável aos mais jovens,
quando Mano Brown, ícone do rap brasileiro, chamou-lhe às falas. Lobão foi,
digamos assim, “prudente” ao se acovardar. Pois, sabemos, o ex-roqueiro e atual
candidato a líder dos reacionários é o eterno garotão irreverente egresso da
Zona Sul carioca, criado a pão de ló e muito, muito leite condensado. Já Brown
é, como sugere a alcunha, “mano”.
Foi
criado – talvez fosse mais honesto dizer, sobreviveu – nas quebradas da
periferia de São Paulo. Um criado e educado na opulência; outro, na mais
absoluta precariedade e insegurança. Essa distinção, por si só, já diz muito,
quase tudo. Porém, é forçoso dizer, não faltou coragem nem argumentos a Brown
para encarar o embate, digo, o debate.
Recentemente,
Diogo Mainardi, ex-enfant
terrible da revista
“Veja”, dirigiu-se aos nordestinos utilizando-se dos impropérios usuais que
povoam o imaginário e o vocabulário das elites conservadoras de fato, e dos
incautos que se supõem (ou se pretendem) integrantes dessa mesma elite. Teria
chamado os meus conterrâneos nordestinos de “bovinos”, “retrógrados” e “gente
pouco instruída”, ou algo nessa linha, utilizando-se sem pejo de qualificativos
ou expressões reveladores de abjeto preconceito de classe e outras mazelas do
pensamento e do caráter.
Ato contínuo, levou uma reprimenda de um
célebre paraibano, o incrível Hulk – não o personagem da Marvel Comics,
claro, mas o jogador de futebol que defendeu a seleção brasileira. Mainardi,
que não bate assim nenhum bolão e nunca se destacou em nenhuma seleção, foi
também prudente, diga-se, ao pedir desculpas na TV, ao vivo e em cores.
Afinal, Hulk faz jus ao apelido e é
incrivelmente forte, corpulento, intimidador. E o arauto do conservadorismo,
diretamente de Veneza, falou uma sandice inacreditável e não é assim, digamos,
um forte. Por mais esta sandice, irá responder a processo no Ministério
Público.
Pois, avise-se ou se relembre aos navegantes,
vivemos dias em que não se pode, impunemente, injuriar ou ofender as pessoas,
ainda mais com essas inacreditáveis diatribes que evidenciam cacoetes de
racismo, xenofobia e outros preconceitos improváveis.
No
período eleitoral um cadeirante, o blogueiro Enio Barros Filho, foi agredido
porque usava na camisa um broche no formato da estrelinha do PT. Veja como são
“valentões” esses conservadores!
Agora, também recentemente, um milheiro
de reacionários (alguns contestam, dizem que foram dois milheiros e meio)
desfilou seu corso infame pela Avenida Paulista, em SP, pedindo intervenção
militar no Brasil.
E por
que clamam pela intervenção dos militares no Brasil? Por que não intervêm eles
mesmos, mas no plano institucional? Por exemplo, elegendo um candidato que
represente as suas ideias (ou a falta destas) para o País, ou mesmo se
engajando em algum partido que represente ou dê guarida a suas supostas
“reivindicações”. Por quê?
Porque
são covardes. Simples assim.
Procuram, sem rumo, um atalho, o caminho
mais fácil, o descaminho.
Querem que os militares façam para eles o
serviço sujo. Como faziam os capatazes, os feitores, os senhores de escravos e
seus capitães do mato em tempos idos. Como faziam os milicos nos tempos da
ditadura: prender, torturar, silenciar e/ou matar quem ousasse divergir e
pensar diferente.
Aos direitistas lhes apraz a
covardia.
Talvez sintam falta dos tempos em que
testemunharam calados a tortura de jovens (e até de senhores já grisalhos!) nos
porões da ditadura. Os covardes e os sádicos provavelmente gostariam de ver
novamente, silentes e cúmplices, mulheres, algumas grávidas, serem seviciadas e
torturadas, das maneiras mais bárbaras e aterradoras – não entro em detalhes em
respeito à memória das que morreram na tortura e das que sobreviveram à dor, à
humilhação, ao escárnio e ao vilipêndio. Algumas hoje são ministras de Estado e,
veja bem, uma até conseguiu chegar à Presidência da República. Agora reeleita.
Mas é exatamente esta que os reacionários
pretendem derrubar em sua sanha maldita, infame, covarde. Os covardes já clamam
pelo impeachment da presidente.
Covardes!
Covardes!!! – reitero.
Os militares, em consonância com os
tempos modernos, sabem de cor e salteado a lição que aprenderam com a nova
ordem mundial, com as novas gerações (de militares, inclusive) e com os novos
tempos: o respeito aos direitos humanos é pedra fundamental para se edificar
qualquer sociedade que se pretenda civilizada.
Os militares de hoje, é preciso que se
reconheça e louve, compreendem o seu importante papel na sociedade: trabalham
em obras do PAC, em campanhas de vacinação, nos programas sociais do governo,
em missões de assistência humanitária, dentro e fora do país. O exército está
plenamente integrado à cidadania e à democracia. E dá o exemplo. Faz a sua
parte.
Mas...
O querem esses reacionários? O que
desejam? O que pretendem?
Qual o papel desses indivíduos numa
sociedade moderna? Um “papelão”?
Que exemplos pretendem dar? Quais as suas
demandas?
São “ativistas de hospício”; loucos
militantes abnegados da falta de razão e senso? Necessitam de auxílio
psiquiátrico?
Porque aos que loucos não são...
Já não lhes basta morar nas melhores
casas, apartamentos ou bairros?
Já não lhes é suficiente comer as
melhores comidas, almoçar ou jantar nos melhores restaurantes?
Já não lhes basta que seus filhos estudem
nas melhores escolas e universidades?
Já não lhes é o bastante, aos brancos bem
nascidos, serem detentores de algo em torno de 80% da renda; não lhes basta
receberem os melhores salários e empregos?
O que querem mais os reacionários?
Querem impedir os avanços da sociedade –
no âmbito da economia, da justiça social, mas também da moral e da cultura?
Não querem que fiquemos nem com suas
migalhas? Pois são contra a “esmola” (segundo a sua retórica contaminada pelo
ódio e pela intolerância) do Bolsa Família.
São covardes e caretas os
reacionários!
É uma gente infeliz.