São Paulo – O secretário municipal de
Cultura de São Paulo, Juca Ferreira, disse na segunda-feira, após reunião
pública inaugural do "Fórum21":
"Idéias para o Avanço Social",
que a formação da
uma sociedade política e culturalmente madura depende da democratização dos
meios de comunicação.
Para ele, a falta de democracia da mídia
substituiu, nos dias de hoje, a censura que havia durante o regime militar no
Brasil (1964-1985).
"Durante os longos anos de ditadura, nos acostumamos a ir
contra a censura do estado".
"Mas (hoje) tem a censura do mercado, e
outro tipo de censura que a sociedade brasileira está descobrindo agora, que é
a censura a partir dos interesses dos donos dos grandes meios de comunicação.”
Ferreira acredita que os avanços no
sentido da regulamentação do capítulo 5 da Constituição – que trata da
comunicação, liberdade de expressão e veda o monopólio ou oligopólio dos meios
– são difíceis, mas podem ser alcançados com diálogo.
“Se não tivermos uma informação correta,
desideologizada e com condições de garantir que a população tenha discernimento
e capacidade de analisar por si mesma, a gente não tem uma sociedade livre”,
diz.
O
secretário paulistano, baiano de Salvador e ex-ministro da Cultura (julho de 2008
a dezembro de 2010) no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, acredita
que a democratização e pluralidade de pontos de vista é condição necessária
para o desenvolvimento de “uma sociedade (que) faça sua própria avaliação
crítica”.
“A relação que isso tem com a cultura é
fundamental. A informação é a base do desenvolvimento cultural. Se a informação
é viciada, parcial e não democrática, atrasa e dificulta a formação de uma
sociedade que se desenvolve culturalmente.”
Para
Juca Ferreira, a dificuldade que os governos petistas vem tendo, nos últimos 12
anos, para vencer as resistências e conseguir emplacar a regulamentação dos
meios de comunicação decorre do que os líderes políticos e partidários aliados
no Congresso e membros do governo avaliam como uma “correlação de forças não
favorável”.
Mas,
em sua opinião, os avanços nesse sentido são possíveis. “A grande mídia tem um
poder enorme na formação de opinião da sociedade. Quer manter como está, e os
que dirigem o processo político têm avaliado que não têm condições (de fazer a reforma democrática dos meios)”,
constata.
“Acho que dá para avançar, não com golpe
de mão, mas com discussão na sociedade, que vai compreender que é preciso que
se regulamente a atividade, não no sentido de cercear a opinião, mas no de
ampliar a possibilidade de que todas as opiniões tenham presença nos meios de
comunicação.”