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14 DE JANEIRO DE 2015
ÀS 17:02
JUIZ DIZ QUE CERVERÓ CONTINUA
COM SUA “SANHA
DELITIVA”
Na
decisão em que decretou a prisão do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, o
juiz Marcos Josegrei da Silva, da Justiça Federal em Curitiba, disse que o
acusado prossegue sua "sanha delitiva" mesmo após ter sido
investigado pela Policia Federal na Operação Lava Jato; ele "parece mesmo
não enxergar limites éticos e jurídicos para garantir que não sofra as
consequências penais de seu agir", registrou o magistrado
André
Richter - Repórter da Agência Brasil
Na decisão em que decretou a prisão
do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, o juiz Marcos
Josegrei da Silva, da Justiça Federal em Curitiba, disse que o acusado
prossegue sua "sanha delitiva" mesmo após ter sido investigado pela
Policia Federal na Operação Lava Jato.
No despacho, o juiz afirmou que
Cerveró está blindando seu patrimônio e transferindo seus bens para familiares
porque corre o risco de ser responsabilizado pelos desvios na Petrobras.
"Mesmo após figurar como
investigado em inquéritos policiais e denunciado em ação penal prossegue sua
sanha delitiva e, como sugere o MPF em sua promoção, parece mesmo não enxergar
limites éticos e jurídicos para garantir que não sofra as consequências penais
de seu agir, o que pode, no limite, transbordar para fuga pessoal caso perceba
a prisão como uma possibilidade real e iminente", disse o juiz.
De acordo com relatório do Conselho
de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), no dia 16 de dezembro, Cerveró
sacou R$ 500 mil em um fundo de previdência privada e transferiu o valor para
sua filha, mesmo tendo sido alertado pela gerente do banco que perderia 20% do
valor.
Em junho do ano passado, Cerveró ainda transferiu imóveis para o nome de
seus filhos, com valores abaixo do mercado.
Na interpretação do Ministério Público Federal (MPF), o ex-diretor tentou
blindar seu patrimônio, e, por isso, a prisão foi requerida.
O juiz também afirmou que Cerveró
foi beneficiário de propinas pagas em "quantias estratosféricas" por
fornecedores da Petrobras, que podem estar depositadas em contas
"offshore" fora do país, mas ainda não foram identificadas.
"Certamente a quantidade
colossal de dinheiro ilícito que recebeu não serviu para mera contemplação dos
números em extrato bancário emitido por uma agência em paraíso fiscal.
Para aqueles que o percebem indevidamente, existe sempre algum trabalho a
ser feito com vistas a seu branqueamento ou ocultação.
Talvez por aí se expliquem aquisições de imóveis em bairros nobres por
valores nominalmente baixos, gastos expressivos em espécie ou pagamentos com
cartões internacionais.
Ou, mesmo, morar em um apartamento avaliado em R$ 7,5 milhões de reais, de
propriedade de uma empresa offshore, argumentou o juiz.
Cerveró foi preso na madrugada de
hoje no Riogaleão - Aeroporto Internacional Tom Jobim, após desembarcar de um
voo que chegou de Londres.
Ele foi encaminhado para a Superintendência da Polícia Federal em
Curitiba, onde outros investigados na Lava Jato estão presos.
O advogado de Cerveró, Edson
Ribeiro, disse que não houve ilegalidade na transferência de bens para
familiares e estranhou a prisão de seu cliente.
"Desde 1º de abril coloquei o Nestor Cerveró à disposição tanto do
Ministério Público quanto da Polícia Federal e nenhum dos dois órgãos se
interessou em ouvi-lo. Até ontem, ninguém o havia procurado.
Além disso, quando ele foi para a Inglaterra, eu comuniquei ao Ministério
Público e à Polícia Federal que ele estava viajando e que voltaria em janeiro.
Deixei, inclusive, o endereço onde ele estava", afirmou.
O ex-diretor ainda é acusado de
atuar com o empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, para
cobrar propina de empresas que tinham contrato com a Petrobras.
Em depoimento de delação premiada à
Justiça, o empresário Júlio Gerin de Almeida Camargo afirmou que pagou U$ 40
milhões ao empresário para intermediar a compra de sondas de perfuração para a
Petrobras.
Para fechar o negócio, o delator disse que procurou Soares "pelo
sabido bom relacionamento" dele na área internacional e de abastecimento
da empresa, dirigidas à época por Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa,
respetivamente.