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Seu banho, X-Lane e o Bóson
artigo de Montserrat Martins
Se falta água em São Paulo é porque o seu (nosso) cérebro presta mais atenção em X-Lane que no Bóson.
Parece estranho, mas vamos decifrar esse enigma para garantir o seu banho no futuro e que não falte luz.
Correu o mundo a notícia daquela vice-miss que arrancou a coroa da cabeça da miss Amazonas.
Virou fofoca irresistível, na internet os debates vão da inveja explícita à teoria conspiratória dos resultados “comprados”, bombando o vídeo e os memes da Sheislane (nome da vice) arrancando a coroa da rainha Elizabeth, da Dilma, etc.
Virou fofoca irresistível, na internet os debates vão da inveja explícita à teoria conspiratória dos resultados “comprados”, bombando o vídeo e os memes da Sheislane (nome da vice) arrancando a coroa da rainha Elizabeth, da Dilma, etc.
Uma lanchonete em Manaus criou o X-Lane que é um sucesso de vendas, vem o hambúrguer com fritas e uma coroa em cima, as crianças adoram.
O nosso cérebro adora “memes”, coisas fáceis de memorizar e com conteúdo emocional, dramático ou divertido. O extremo oposto disso é a ciência, o Bóson de Higgs, que poderia revolucionar a física, a química, a tecnologia.
Assunto difícil, em que nossa opinião não parece importante: um tema inacessível é para especialistas.
A falta de água e de energia é prevista pelos cientistas há décadas, mas quase ninguém deu bola, ao contrário dos debates ardorosos sobre o comprimento da saia da Geisy Arruda.
Porque implica em prevenção, planejamento, racionalidade. Para ser notado, o Greenpeace faz verdadeiras pirotecnias em seus alertas ambientais.
O sol gera assuntos sobre as musas do verão, mas a energia solar ainda não faz parte dos projetos habitacionais, o que o físico Luiz Pinguelli Rosa, ex-presidente da Eletrobrás, aponta com uma das soluções para a crise energética.
O problema são os custos, mas esses só podem se tornar acessíveis justamente com a produção massiva e aí é que entraria a importância decisiva do apoio governamental à energia solar.
A falta d’água tem tudo a ver com as florestas derrubadas, o veloz desmatamento da Amazônia e da região central do país, diminuindo drasticamente as chuvas, pois sem matas não tem água.
Água, geração de energia e infra-estrutura não foram debatidos seriamente na campanha eleitoral, monopolizada por criações de “memes”, jingles e artifícios dos marketeiros, sem enfrentar questões fundamentais para o país.
O meme vem do cérebro primitivo, emotivo e superficial, impulsivo e fútil.
A ciência, a racionalidade e o planejamento são recursos acumulados em milênios de esforços civilizatórios.
Ainda dá tempo de escolher o banho em vez de X-Lane.
Montserrat Martins, Colunista do Portal EcoDebate, é médico psiquiatra, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e presidente do IGS – Instituto Gaúcho da Sustentabilidade.
DO BLOGUEIRO:
O meme vem do cérebro primitivo, emotivo e superficial, impulsivo e fútil:
Quando usado num contexto coloquial e não
especializado, o termo meme pode significar apenas a transmissão
de informação de uma mente para outra. Este uso aproxima o termo da analogia da
"linguagem como vírus", afastando-o do propósito original de Dawkins,
que procurava definir os memes como replicadores de comportamentos.
Meme é um termo criado em 1976 por Richard Dawkins no seu bestseller O Gene Egoísta e
é para a memória o análogo do gene na genética, a sua unidade
mínima. É considerado como uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro ou entre locais onde a informação é armazenada
(como livros). No que diz
respeito à sua funcionalidade, o meme é considerado uma unidade de evolução cultural que pode de alguma forma
autopropagar-se.