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1 DE MARÇO DE 2015
BRESSER-PEREIRA:
RICOS NUTREM ÓDIO AO PT
Segundo o economista Luiz Carlos
Bresser-Pereira, ministro nos governos José Sarney e FHC, a burguesia voltou a
se unificar depois que o governo quase ‘triunfal’ de Lula desmoronou nos dois
últimos anos da gestão de Dilma; ele acredita, no entanto, que esse clima de
ódio, essa insistência de falar de impeachment, não vai florescer: “A
democracia está consolidada e todos ganham com ela, ricos e pobres. O Brasil só
se desenvolve quando tem uma estratégia nacional de desenvolvimento”, garante
247 – Para o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, ministro nos
governos José Sarney e FHC, o ódio da burguesia ao PT decorre do fato de o
governo defender os pobres.
Segundo ele, o governo quase ‘triunfal’
de Lula desmoronou nos dois últimos anos do governo Dilma:
“O motivo principal foi que o desenvolvimento não veio. De
repente, voltamos a crescer 1%. Houve erros nos preços da Petrobras e na
energia elétrica. E o mensalão. Aí os economistas liberais começaram a falar
forte e bravos novamente”, afirma em entrevista à ‘Folha de S. Paulo’.
“O pacto político nacional-popular... Vupt! Evaporou-se. A
burguesia voltou a se unificar”.
Bresser-Pereira diz, no entanto, que esse
clima de ódio, essa insistência de falar de impeachment, não vai florescer. “A
democracia está consolidada e todos ganham com ela, ricos e pobres. O Brasil só
se desenvolve quando tem uma estratégia nacional de desenvolvimento”, garante.
De acordo com o economista, a presidente
Dilma Rousseff agora está na direção certa, com o pacote de ajustes de Joaquim Levy.
No entanto, afirma que, enquanto houver política de controle da inflação por
meio de câmbio e política de crescimento com poupança externa e âncora cambial,
não há santo que faça o país crescer. “Juros altos só se justificam pelo poder
dos rentistas e do sistema financeiro. Falar em taxa alta para controlar
inflação não tem sentido” (leia mais).
8 DE MARÇO DE 2015
VERISSIMO
ENDOSSA CRÍTICA
DE BRESSER
AO GOLPISMO
O escritor Luis Fernando Verissimo destaca,
neste fim de semana, seu apoio às palavras de Luiz Carlos Bresser Pereira,
ex-ministro de FHC, que afirmou que a elite brasileira incita o ódio ao PT;
"Às vezes, as melhores definições de onde nós estamos e do que está nos
acontecendo vem de onde menos se espera", disse Verissimo;
"Um
fenômeno novo na realidade brasileira é o ódio político, o espírito golpista
dos ricos contra os pobres", havia dito Bresser
247
- A entrevista de Luiz Carlos Bresser Pereira, em que ele afirma que
os 'ricos nutrem ódio ao PT' (leia aqui),
foi destacada pelo escritor Luis Fernando Verissimo como a melhor definição do
momento atual vivido pelo Brasil. Leia abaixo:
‘Olha
o velhinho!’
‘Surgiu
um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um ódio coletivo da classe alta, dos
ricos, a um partido e a um presidente’, afirma Bresser Pereira
Um fenômeno novo na realidade brasileira é o ódio político, o
espírito golpista dos ricos contra os pobres.
O pacto nacional popular articulado pelo PT desmoronou no governo
Dilma e a burguesia voltou a se unificar.
Economistas liberais recomeçaram a pregar abertura comercial
absoluta e a dizer que os empresários brasileiros são incompetentes e
superprotegidos, quando a verdade é que têm uma desvantagem competitiva enorme.
O país precisa de um novo pacto, reunindo empresários,
trabalhadores e setores da baixa classe média, contra os rentistas, o setor
financeiro e interesses estrangeiros.
Surgiu um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um ódio coletivo
da classe alta, dos ricos, a um partido e a um presidente.
Não é preocupação ou medo. É
ódio.
Decorre do fato de se ter, pela primeira vez, um governo de
centro-esquerda que se conservou de esquerda, que fez compromissos, mas não se
entregou.
Continuou defendendo os pobres contra os ricos.
O governo revelou uma preferência forte e clara pelos
trabalhadores e pelos pobres.
Não deu à classe rica, aos rentistas.
Nos dois últimos anos da Dilma, a luta de classes voltou com
força. Não por parte dos trabalhadores, mas por parte da burguesia
insatisfeita.
Dilma chamou o Joaquim Levy por uma questão de sobrevivência. Ela
tinha perdido o apoio na sociedade, formada por quem tem o poder.
A divisão que ocorreu nos dois últimos anos foi violenta.
Quando os liberais e os ricos perderam a eleição não aceitaram
isso e, antidemocraticamente, continuaram de armas em punho.
E de repente, voltávamos ao
udenismo e ao golpismo.
Nada do que está escrito no parágrafo anterior foi dito por um
petista renitente ou por um radical de esquerda.
São trechos de uma entrevista dada à “Folha de São Paulo” pelo
economista Luiz Carlos Bresser Pereira, que, a não ser que tenha levado uma
vida secreta todos estes anos, não é exatamente um carbonário. Para quem não se
lembra, Bresser Pereira foi ministro do Sarney e do Fernando Henrique.
A entrevista à “Folha” foi dada por ocasião do lançamento do seu
novo livro “A construção politica do Brasil” e suas opiniões, mesmo partindo de
um tucano, não chegam a surpreender: ele foi sempre um desenvolvimentista
nacionalista neokeynesiano.
Mas confesso que até eu, que, como o Antônio Prata, sou meio
intelectual, meio de esquerda, me senti, lendo o que ele disse sobre a luta de
classes mal abafada que se trava no Brasil e o ódio ao PT que impele o
golpismo, um pouco como se visse meu avô dançando seminu no meio do salão — um
misto de choque (“Olha o velhinho!”) e de terna admiração.
Às vezes, as melhores definições de onde nós estamos e do que está
nos acontecendo vem de onde menos se espera.
Outro trecho da entrevista:
“Os brasileiros se revelam incapazes de formular uma visão de
desenvolvimento crítica do imperialismo, crítica do processo de entrega de boa
parte do nosso excedente a estrangeiros.
Tudo vai para o consumo.
É o paraíso da não nação.”