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2 DE MARÇO DE 2015
LULA 2018
ASSUSTA
GLOBO,
QUE ATACA COM NOBLAT
Ainda apontado como a maior liderança política
do País e como o melhor presidente da história por 56% dos brasileiros, Luiz
Inácio Lula da Silva é a pedra no sapato da direita brasileira; em coluna
publicada nesta segunda-feira, o jornalista Ricardo Noblat, abre uma nova
frente de combate dos irmãos Marinho, das Organizações Globo, ao projeto
petista; a tese é Lula ameaça a democracia; logo ele que, ao contrário de FHC,
não mudou as regras eleitorais a seu favor, não tentou um terceiro mandato,
respeitou a precedência de Dilma Rousseff em 2014 e apenas vem sendo colocado
como pré-candidato em 2018, quando nada o impede de concorrer; no momento em
que forças golpistas se movimentam à luz do dia, Noblat diz que Lula está se
tornando 'uma forte ameaça à democracia'
247 - O ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva pode ser acusado de qualquer coisa, menos de não ter respeitado
as regras do jogo democrático.
Ao contrário do antecessor Fernando Henrique Cardoso, que
instituiu a reeleição em seu próprio benefício, Lula não mudou uma única regra
eleitoral a seu favor.
Em 2010, no auge da popularidade, resistiu às pressões de aliados
para que concorresse a um terceiro mandato, a exemplo do que ocorria em outros
países da América Latina.
Em 2014, respeito a precedência da presidente Dilma Rousseff e seu
direito de concorrer à reeleição.
Agora, nada mais impede que seu nome seja colocado, novamente,
como alternativa política à sucessão presidencial em 2018.
Afinal, Lula ainda é a maior
liderança política do País e foi apontado pela mais recente pesquisa Datafolha
como o melhor presidente da história do Brasil, por 56% dos entrevistados.
Com todo esse capital político,
Lula é a pedra no sapato da direita brasileira, que busca, desde já, os meios
para evitar seu retorno, em 2018.
Caso seja incapaz de derrotá-lo no voto, o caminho talvez seja
judicial.
Mas a linha do discurso foi
colocada nesta segunda-feira por Ricardo Noblat.
Em artigo publicado no jornal O
Globo, dos irmãos Marinho, ele afirmou que Lula representa 'uma forte ameaça à
democracia'.
Por quê?
Só porque representa o risco,
para a direita brasileira, de que vença no voto, ou seja, dentro das regras
democráticas?
No Brasil de hoje, o único
risco real à democracia
seria a cartelização midiática.
Leia, abaixo, o artigo de Noblat:
Lula,
de esperança a forte ameaça à democracia
Ricardo Noblat
O que leva Dilma, aos 67 anos de idade, a ser
tão rude com seus subordinados? A pedido de quem me contou, não revelarei a
fonte da história que segue.
No ano passado, ao ouvir do presidente de uma
entidade financeira estatal algo que a contrariou, Dilma elevou o tom da voz e
disse:
- Cale a boca. Cale a boca agora. Você tem 50
milhões de votos? Eu tenho. Quando você tiver poderá ocupar o meu lugar.
Dilma goza da fama de mal educada. Lula, da
fama de amoroso. Não é bem assim. Lula é tão grosseiro quanto ela. Tão
arrogante quanto.
Eleito presidente pela primeira vez, reunido
em um hotel de São Paulo com os futuros ministros José Dirceu, Gilberto
Carvalho e Luís Gushiken, entre outros, Lula os advertiu:
- Só quem teve voto aqui fui eu e José
Alencar, meu vice. Não se esqueçam disso.
Em meados de junho de 2011, quando Dilma
sequer completara seis meses como presidente da República, ouvi de Eduardo
Campos, então governador de Pernambuco, um diagnóstico que se revelou certeiro.
“Dilma tem ideias, cultura política. Mas seu
temperamento é seu principal problema”, disse ele. “Outro problema: a falta de
experiência. E mais um: tem horror à pequena política. Horror”.
Na época, Eduardo era aliado de Dilma. Nem por
isso deixava de enxergar seus defeitos.
“Dilma montou um governo onde a maioria dos
ministros é fraca”, observou. “Todos morrem de medo dela. No governo de Lula,
não. Ministro era ministro. Agora, é serviçal obediente e temeroso. Lula não
pode fingir que nada tem a ver com isso. Afinal, foi ele que inventou Dilma”.
Lula não perdoa Dilma por ela não ter cedido a
vez a ele como candidato no ano passado. Mas não é por isso que opera para
enfraquecê-la sempre que pode.
Procede assim por defeito de caráter. Com
Dilma e com qualquer um que possa causar-lhe embaraço.
Se precisar, Lula deixa os amigos pelo meio do
caminho. Como deixou José Dirceu, por exemplo. E Antonio Palocci.
Pobre de Dilma quando Lula se oferece para
ajudá-la.
Na última quarta-feira, ele jantou com
senadores do PT. Ouviu críticas a Dilma e a criticou. No dia seguinte, tomou
café da manhã com senadores do PMDB. O pau cantou na cabeça de Dilma.
Tudo o que se disse nos dois encontros acabou
se tornando público. Em momento de raro isolamento, Dilma precisa de muitas
coisas, menos de briga.
Pois foi com o discurso belicoso de sempre, do
nós contra eles, do PT e dos pobres contra as elites, que Lula participou
de um ato no Rio em favor da Petrobras.
Sim, da Petrobras degradada nos últimos 12
anos pelo PT e seus aliados.
Pediu que seus colegas de partido defendessem
a empresa e se defendessem da acusação de que a saquearam.
E por fim acenou com a possibilidade de chamar
“o exército” de João Pedro Stédile, líder do Movimento dos Sem Terra, para sair
às ruas e enfrentar os desafetos do PT e do governo.
Washington Quaquá, presidente do PT do Rio de
Janeiro e prefeito de Maricá, atendeu de imediato ao apelo de Lula. Escreveu em
sua página no Facebook:
- Contra o fascismo, a porrada. Não podemos
engolir esses fascistas burguesinhos de merda. Está na hora de responder a
esses filhos da puta que roubam e querem achincalhar o partido que melhorou a
vida de milhões de brasileiros. Agrediu, damos porrada.
É o exemplo que vem de cima!
Para o bem ou para o mal, este país carregará
na sua história a marca indelével de um ex-retirante nordestino miserável,
agora um milionário lobista de empreiteiras, que disputou cinco eleições
presidenciais, ganhou duas vezes e duas vezes elegeu uma sem voto, sem carisma
e sem preparo para governar.
Lula já foi uma estrela que brilhava sem medo
de ser feliz.
Foi também a esperança que venceu o medo.
Está se tornando uma forte ameaça à democracia.