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3 DE SETEMBRO DE 2015
PF PRENDE SOBRINHO DE
EX-CHEFE DO PLANEJAMENTO, QUE CRIOU
'CHOQUE DE GESTÃO'
A Polícia Federal prendeu em São Paulo o
empresário Marcos Felipe Gonçalves de Vilhena, que é um dos sócios da
empresa de transporte de valores Embraforte, acusada de causar um golpe de R$
12 milhões na Caixa Econômica Federal e R$ 22 milhões no Banco do Brasil;
Marcos é sobrinho de Renata Vilhena, ex-secretária do Planejamento nos governos
do PSDB em Minas Gerais e uma das responsáveis pelo chamado "choque de
gestão"; o irmão de Renata, Marcos André, e outro sobrinho, Pedro
Henrique, estão foragidos; na investigação, o delegado Claudio Utsch afirmou
que "o poder de Renata esteve sempre pronto a auxiliar o irmão"
Minas 247 – A Polícia Federal prendeu em São Paulo
o empresário Marcos Felipe Gonçalves de Vilhena, que é um dos sócios da
empresa de transporte de valores Embraforte, acusada de causar um golpe de R$
12 milhões na Caixa Econômica Federal e R$ 22 milhões no Banco do Brasil.
Marcos é sobrinho de Renata Vilhena,
ex-secretária do Planejamento nos governos do PSDB em Minas Gerais e uma das
responsáveis pelo chamado "choque de gestão".
O irmão de Renata, Marcos André, e
outro sobrinho, Pedro Henrique, estão foragidos.
Na investigação, o delegado Claudio
Utsch afirmou que "o poder de Renata esteve sempre pronto a auxiliar
o irmão".
Leia, abaixo, reportagem do jornal O
Tempo sobre o caso:
Polícia Federal prende um dos donos da Embraforte
Esquema revelado pelo O TEMPO chegou a
desviar R$ 12 milhões da Caixa Econômica Federal e R$ 22 milhões do Banco do
Brasil
BERNARDO MIRANDA, do jornal O Tempo
Um dos donos da Embraforte foi preso
nesta quinta-feira (3) pela Polícia Federal (PF) e os outros dois sócios estão
foragidos. A empresa de transporte de valores é alvo de vários processos por
crimes que teriam sido cometidos contra bancos e lotéricas.
A investigação que culminou com os
mandados de prisão aponta um desvio de R$ 12 milhões da Caixa Econômica
Federal, feitos através de fraudes na hora de abastecer os caixas eletrônicos.
O sócio majoritário da empresa Marcos
André Paes de Vilhena e seu filho mais novo Pedro Henrique Gonçalves de Vilhena
estão foragidos. Já o filho mais velho, Marcos Felipe Gonçalves de Vilhena foi
preso ontem, em São Paulo.
Além da fraude contra a Caixa, os donos
das empresas também respondem a processos de fraude de R$ 22 milhões contra o
Banco do Brasil, além de prejuízos causados a lotéricas de Belo Horizonte e Rio
de Janeiro.
A empresa prestou serviço para essas
instituições bancárias e era a responsável por reabastecer os caixas
eletrônicos e transportar os valores em dinheiro das lotéricas para serem
depositados junto à Caixa.
No esquema que fraudou a Caixa
Econômica Federal, os vigilantes da Embraforte saiam para abastecer os caixas
eletrônicos com a guia de controle trazendo um valor maior que o montante
presente no pacote.
Quando abriam o malote para colocar o
dinheiro no caixa, os vigilantes percebiam a divergência, porém eram coagidos a
indicar no sistema bancário que o abastecimento estava sendo realizado com o
valor devido.
Leia, ainda, reportagem da Rede Brasil
Atual sobre o caso:
PODER EM XEQUE
Polícia mineira conclui investigação
que indicia parentes diretos da mulher-forte do 'choque de gestão' de Aécio e
Anastasia. Empresa já é denunciada por golpe em outro banco público, a CEF
por Helena Sthephanowitz, para a
RBA publicado 27/06/2015 15:28, última
modificação 27/06/2015 15:32
©OTEMPO/REPRODULÇAO - CC/EMILIA
GUIMARÃES - ARTE RBA
Aécio, Anastasia e Vilhena: trio da gestão de choque em Minas, no centro de novo inquérito policial |
Um inquérito da Divisão Especializada em
Investigação de Fraudes, da Polícia Civil, que investiga o roubo de R$ 22,7
milhões de agências do Banco do Brasil em Minas Gerais por meio da empresa de
transporte de valores Embraforte, em 2013, aponta uso político da Polícia Civil
mineira pelo então governo do PSDB daquele estado para blindar criminosos
"amigos".
O delegado Cláudio Utsch, que assumiu e
concluiu o inquérito, indiciou e pediu a prisão dos donos da Embraforte, Marcos
André Paes de Vilhena e seus dois filhos – Pedro Henrique Gonçalves de Vilhena
e Marcos Felipe Gonçalves de Vilhena.
São respectivamente irmão e sobrinhos de Renata Vilhena, chefe da
Secretaria de Planejamento e Gestão, entre 2006 e 2014. Trata-se da poderosa
secretária estadual do "choque de
gestão" dos governos tucanos de Aécio
Neves e Antônio Anastasia.
Ela também foi secretária
adjunta de Logística e TI do Ministério do Planejamento do governo Fernando
Henrique Cardoso.
"O poder de Renata esteve sempre pronto a
auxiliar o irmão, e como é cediço*, tempos atrás a Deif (Divisão Especializada
em Investigação de Fraudes) fora usada para atender interesses do grupo
político do qual faz parte a ex-secretária", diz o inquérito.
O problema, segundo o delegado, seria interferências políticas
para atrapalhar as investigações.
*Cediço: indiscutível, claro, notório,
conhecido de todos etc. (nota da edição)
Desde que o Banco do Brasil deu queixa do
roubo a investigação na Polícia Civil não andou. Só em abril deste ano o novo
titular da Deif (Cláudio Utsch) assumiu o caso e concluiu a investigação, em
junho.
Entre as evidências de "blindagem"
dos investigados, Utsch relata o que considera manobras para atrasar a
investigação, "orquestradas por meio da influência de Renata
Vilhena".
Uma delas teria sido tirar a investigação da Deif e levar para a
Delegacia de Crimes Cibernéticos, que não tem nada a ver com as características
do caso.
Outra foi a retirada de peças importantes do inquérito pelo antigo
delegado do caso.
A Embraforte prestou serviços de transporte de
valores ao Banco do Brasil de 2006 a 2014 nas cidades mineiras de Belo
Horizonte, Varginha e Passos. O Banco do Brasil descobriu uma fraude nos caixas
eletrônicos abastecidos pela empresa, que colocava menos dinheiro do que
declarava.
Flagrados, os donos reconheceram o ocorrido mas colocam a culpa
nos empregados. Estes disseram ter cumprido ordens que vinham de cima,
inclusive sob coação.
O inquérito afirma que a Embraforte roubou R$
22,7 milhões do Banco do Brasil por meio de depósitos com valores inferiores
que os incluídos no sistema da empresa. O esquema foi descoberto pelo próprio
banco, uma vez que as investigações pararam em algum gabinete da Polícia Civil.
Utsch pediu também o afastamento de seu
antecessor nesta investigação, o delegado César Matoso, acusando-o de ter agido
como um "advogado de defesa" dos Vilhena.
"A autoridade policial, travestindo-se de advogado de defesa
de criminosos, e em parceria com os advogados de defesa, produziu tais peças!
Jamais tais oitivas poderão ser consideradas como interrogatórios de criminosos
que cometeram graves crimes de colarinho branco", descreve, no inquérito.
As peças referidas são depoimentos dos
investigados de forma completamente anormal e suspeita. Em vez de o escrivão
taquigrafar diretamente no PCNet, sistema oficial da Polícia Civil próprio para
isto, o fez num programa de edição de texto comum, como se fosse um rascunho,
abrindo a possibilidade de seu conteúdo ser alterado antes de ser lavrado como
o depoimento oficial. Não bastasse, o próprio delegado César Matoso fez o
serviço de passar o "rascunho" para o PCNet oficial, uma atitude
bastante suspeita.
A Embraforte é alvo de outro inquérito na
Polícia Federal por ocorrência semelhante na Caixa Econômica Federal. Casas
lotéricas deram queixa de furto de dinheiro pela empresa. Parte do dinheiro
recolhido nas lotéricas pelos carros-forte não era depositada no banco de
destino, apesar dos controles apontarem exatidão nas operações.
Os negócios da Embraforte não ficam apenas nos
bancos públicos do Brasil. Outra denúncia contra os donos da empresa foi
apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) por trabalho escravo dentro
da sede da empresa.
Em 2012, fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego encontraram
115 empregados submetidos a jornadas extenuantes, em alguns casos com duração
superior a 24 horas, e a condições degradantes de trabalho.
De certa forma, aplicavam na iniciativa
privada conceitos que guardam alguma semelhança com aquilo que "choque de
gestão tucano" propõe ao serviço público.