sexta-feira, 4 de setembro de 2015

QUANDO O BOM SENSO DEVA PREVALECER...


Fco. LAMBERTO FONTES
Trabalha em JORNALISMO INTERATIVO
Mora em ARAXÁ/MG.
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3 DE SETEMBRO DE 2015 
MÍDIA
TAMBÉM DEVERIA
FAZER MEA CULPA
PELA CRISE

Quem diz é o professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite, na mais sensata análise sobre os motivos da crise que atingiu a economia brasileira; ao buscar, em artigo, "quem são os verdadeiros culpados e quais os mecanismos que foram necessários para que acontecesse esse particular debacle econômico e político", o colunista cita, além da "campanha colérica da oposição", das "revelações da Operação Lava Jato" e de "métodos de chantagens" por parte de parlamentares, "a obsessão dos meios de comunicação, da mídia elitista pelo debacle do poder político alcançado pelo operariado, pela plebe"; para ele, "há, portanto, uma culpa compartilhada"; e o "mea-culpa deve começar por aqueles que dos outros estão a exigi-la"

247  Na mais sensata análise até o momento sobre as razões para a crise que atingiu a economia brasileira, o físico e professor emérito da Unicamp Rogério Cezar Cerqueira Leite constata, em artigo na Folha de S. Paulo publicado nesta quinta-feira 3, que há "uma culpa compartilhada" e que a "mídia elitista" também deveria fazer um mea culpa.

Membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do Conselho Editorial da Folha, ele cita entre os motivos da crise a "campanha colérica da oposição", as "o 'mensalão' e as revelações da Operação Lava Jato" e "métodos de chantagens" por parte de parlamentares.

Além disso, "a obsessão dos meios de comunicação, da mídia elitista pelo debacle do poder político alcançado pelo operariado, pela plebe".

"Há, portanto, uma culpa compartilhada pela oposição, pelo Congresso, pela administração do PT e pela grande mídia por essa recessão em que se encontra o país. O mea-culpa deve começar por aqueles que dos outros estão a exigi-la", afirma ele.

Leia abaixo a íntegra de sua análise:

De quem é a culpa?

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso candidamente sugeriu à presidente Dilma Rousseff que tenha "a grandeza de renunciar" –ainda que defenda agora que sua fala tenha sido mal interpretada.

As razões para a renúncia seriam o declínio de sua popularidade, a recessão e consequente queda de governabilidade. Esquece-se o ex-presidente de que já esteve em posição idêntica com dificuldades iguais, e não renunciou.

Todavia, o que melhor evidencia a sua pequenez como homem público e como intelectual é a falta de originalidade, pois sua proposta não é nada mais que um plágio impudente, para não dizer descarado, do que lhe foi referido pelo ex-presidente Lula quando lamentou que o então presidente FHC não tivesse tido a grandeza de renunciar.

De fato, é verdade que o Brasil está com grandes dificuldades no setor econômico e que há problemas sérios de governabilidade e que, em parte, esta condição é de responsabilidade da atual administração que, como reconheceu recentemente a presidente Dilma, deve-se em parte à demora com que o governo percebeu a gravidade da situação.

Pois bem, aproveitando-se das dificuldades, membros do PSDB, do DEM e outros partidos da oposição, em consonância com a grande mídia escrita, falada e televisada, exigiram um reconhecimento explícito da presidente Dilma de responsabilidade pela crise, uma espécie de mea-culpa.

É, portanto, indispensável que antes de culparmos alguém verifiquemos quem são os verdadeiros culpados e quais os mecanismos que foram necessários para que acontecesse esse particular debacle econômico e político.

Façamos como o famoso detetive Sherlock Holmes. 

Quais seriam as razões principais para os problemas que enfrentamos na economia e na política nacionais.

1) A recessão mundial com a preponderância da China, que vem reduzindo suas compras de produtos brasileiros nestes últimos anos. Desse e de outros países não podemos cobrar uma mea-culpa por razões óbvias. Acho que não há economista decente que não concorde com essa escolha. Talvez até José Serra.

2) O "mensalão" e as revelações da Operação Lava Jato, pois desmoralizam o PT e suas administrações.

3) A voracidade pelo poder e pelo dinheiro e os despudorados métodos de chantagem da maioria dos membros do nosso infeliz Congresso Nacional, capitaneada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, discípulo e apaniguado de Paulo César Farias.

4) A campanha colérica, apoplética, vociferante da oposição.

5) A obsessão dos meios de comunicação, da mídia elitista pelo debacle do poder político alcançado pelo operariado, pela plebe.

Ora, parece haver consenso de que a recessão é em grande medida resultado da falta de investimento como consequência da derrocada da confiança do cidadão e do capital no futuro do país.

Há, portanto, uma culpa compartilhada pela oposição, pelo Congresso, pela administração do PT e pela grande mídia por essa recessão em que se encontra o país.

O mea-culpa deve começar por aqueles que dos outros estão a exigi-la.