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BRASIL
2
DE NOVEMBRO DE 2015
PT NÃO É RESPONSÁVEL PELA CRISE ÉTICA, AFIRMA GENERAL
Após
demitir comandante militar do Sul por incitação ao golpe, o comandante do
Exército Brasileiro, Eduardo Villas Bôas, diz em entrevista que há sim uma
crise ética no país, mas que ela não é de agora e que a chegada do PT ao poder
não tem responsabilidade nisso; “Nem mesmo a autoridade da professora na sala
de aula está sendo mais reconhecida”, compara; "O Brasil é um país
sofisticado, com sistema de pesos e contrapesos, ou seja, não há necessidade de
a sociedade ser tutelada"; para ele, a corrupção está instalada, mas
todas as instituições estão em pleno funcionamento, razão pela qual não há
chance de intervenção dos militares; o general se queixa do corte do
orçamento para o Exército, que deixa a corporação sem condições de fazer o
trabalho de distribuição de água no Nordeste, a vigilância das fronteiras
comprometida
e a tecnologia dos equipamentos obsoleta
247 - O comandante do Exército Brasileiro,
general Eduardo Villas Bôas, afirma que há sim uma crise ética no país, mas que
a chegada do PT ao poder não tem responsabilidade nisso.
Para
ele, a corrupção está instalada no Brasil, mas todas as instituições estão em
pleno funcionamento, razão pela qual não há chance de intervenção dos
militares.
“O Brasil é um país com instituições
sólidas e amadurecidas, que estão cumprindo seus papéis. O Brasil é um país
sofisticado, com sistema de pesos e contrapesos, ou seja, não há necessidade de
a sociedade ser tutelada.
Nosso papel é essencialmente
institucional, legal e focado na manutenção da estabilidade para permitir que
as instituições cumpram suas funções”, disse Villas Bôas ao Estado (aqui).
As declarações do comandante supremo do
Exercito sucedem a demissão do comandante militar do Sul, general quatro
estrelas Antonio Hamilton Martins Mourão, transferido para a Secretaria de
Economia e Finanças em Brasília, por incitação ao golpe contra o governo \Dilma
Rousseff.
Para
Mourão, o Brasil carecia de um “despertar de uma luta patriótica”.
Disse
ainda que “a vantagem da mudança (da presidente da República) seria o descarte
da incompetência, má gestão e corrupção”.
Villas Boas puniu o subordinado não por
falar, segundo ele militar tem sim de falar, mas por imiscuir-se em tema
institucional restrito do comandante geral.
Um
ato de insubordinação, portanto.
Villas Boas vai além e defende com
propriedade as instituições democráticas: “Trata-se de um oficial reconhecido
na Força, que tem todo o respeito do comandante.
Mas
esta questão não pode ser abordada de maneira simplista.
Em
momento conturbado, não é desejável nada que produza instabilidade ou
insegurança.
A
nossa preocupação é de cooperar para a manutenção da estabilidade para que as
instituições possam cumprir seus papéis e caminhar em direção à solução da
crise em nome da sociedade.
Foi
isso que nos moveu, para que nenhum movimento venha gerar insegurança ou
instabilidade.”
Na opinião do general, a crise ética da
sociedade brasileira é um processo que não se instaura de um momento para o
outro e que já vem de algum tempo. “Nem mesmo a autoridade da professora na
sala de aula está sendo mais reconhecida.
A
questão ética se agravou, mas paralelamente as instituições têm cumprido com
muito mais eficiência e visibilidade os seus papéis”, avalia.
Ele concorda que a corrupção está
instalada no Brasil: “Mas eu diria que este é um estado de coisas que nós
vivemos. Durante a Operação Pipa, no Nordeste, 60% dos 6.800 caminhoneiros que
trabalham na distribuição de água tentaram algum tipo de fraude. Não se trata
de estigmatizar o caminhoneiros. Não é isso. Os caminhoneiros fazem parte da
sociedade brasileira.”
Mas compreende que esse não é um problema
das Forças Armadas, mas do Supremo Tribunal Federal, do Ministério Público, do
Tribunal de Contas da União, da Polícia Federal. “Todas as instituições do
Executivo, Legislativo e Judiciário estão funcionando.
A
gente sente que há uma incerteza. São tantos atores, as variáveis que se
movimentam que é difícil dizer qual será o desfecho disso.
Mas
eu acredito que o desfecho vai ser institucional.
Esta situação vai se solucionar sem
quebra da normalidade institucional do País.”
Villas Bôas se queixa do corte do
orçamento para o Exército, que deixa a corporação sem condições de fazer o
trabalho de distribuição de água no Nordeste, a vigilância das fronteiras
comprometida e a tecnologia dos equipamentos obsoleta.
E se
disse preocupado com a declaração do presidente da CUT ao convocar a população
a pegar em armas e ocupar trincheiras para defender o mandato da presidente:
“Este tipo de manifestação nos preocupa porque se trata de incitamento à
violência.
Ela
não contribui para a estabilidade do País e a normalidade do funcionamento das
instituições.
Mas é
algo que diz respeito à segurança publica diretamente.
Então nos preocupa mas,
de maneira
nenhuma,
vai provocar nossa atuação.”
O COMANDANTE DO EXÉRCITO AFIRMA QUE APENAS ELE PODE FALAR SOBRE
QUESTÕES INSTITUCIONAIS