sábado, 12 de dezembro de 2015

ESPERANÇA E MUDANÇAS POR UM BRASIL MELHOR...


FCO.LAMBERTO FONTES
Trabalha em JORNALISMO INTERATIVO
Mora em ARAXÁ/MG

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11/12/2015



'Ganhos
dos últimos 12 anos
acabarão devolvidos
com juros e correção'


No lançamento do 'Por um Brasil Justo e democrático' em BH,

economistas alertam que é preciso mudar a política econômica.

Depois de São Paulo, Brasília, Porto Alegre e Rio e Janeiro, o lançamento do documento “Por um Brasil justo e democrático” chegou a Belo Horizonte, no último dia 30, em lançamento
realizado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Agora, o estudo será lançado em Fortaleza, Recife e Salvador.

Participaram do evento representantes dos movimentos sociais, como a presidente da CUT-MG, Beatriz Cerqueira, e o presidente da CTB-MG, Marcelino da Rocha, além dos os deputados estaduais Geisa Teixeira, Rogério Correa, Professor Neivaldo e Marília Campos, todos eles do PT, e o vereador de Belo Horizonte, Gilson Reis (PCdoB). Também marcaram presença os deputados federais Jô Morais (PCdoB-MG) e Adelmo Carneiro Leão (PT-MG). 

Os senadores Roberto Requião (PMDB-PR), Lindberg Farias (PT-RJ), Jandira Feghali (PCdoB RJ) e o professor da Unicamp, Luiz Gonzaga Beluzzo, não puderam se deslocar para Belo Horizonte, mas enviaram mensagens, todas elas lidas por Joaquim Palhares, secretário-geral do Fórum 21, uma das instituições que patrocinaram o estudo ao lado da Fundação Perseu Abramo, Le Monde Diplomatique Brasil, Plataforma Política Social e Rede Desenvolvimentista.

Presidente da Fundação Perseu Abramo e professor de economia da Unicamp, Marcio Pochman explicou que o documento construído por quase 200 intelectuais se inspirou em um outro, elabora há 33 anos atrás, com o patrocínio do PMDB, o “Esperança e Mudança”.
Segundo ele, aquele documento criticava a recessão econômica implantada no último governo militar, que impôs não só sofrimento humano, mas fez com que o Brasil permanecesse mais de duas décadas refém do pagamento da dívida externa, transferindo entre 6% e 7% do seu Produto Interno Bruto para outras economias. 

Conforme ele, o “Esperança e Mudança” ajudou o grupo a pensar o “Por um Brasil justo e democrático”. “Nós estamos diante de uma profunda recessão. Este ano, o Brasil deve encolher de 3 a 4 pontos percentuais no PIB, o que significará que 99% dos brasileiros terão uma redução de R$ 750 bilhões na sua renda.

Paralelamente, estamos assistindo a gastança do Banco Central que, este ano, vai adicionar a parcela dos 1% mais ricos do Brasil  cerca de R$ 500 bilhões, em função da elevação da taxa de juros: 8,8% de tudo que o Brasil produz vai ser transferido para menos de 1% da população brasileira que tem a possibilidade de aplicar seu dinheiro em títulos da dívida pública”, denunciou.

De acordo com o economista, este documento recém-lançado apresente uma série de diretrizes para um projeto nacional de país. “O Brasil tem alternativa. Não podemos aceitar este caminho, que é o caminho dos derrotados”, afirmou. Segundo ele, o país precisa parar de atuar como agente do mercado financeiro, que só consegue pensar em curtíssimo prazo.  

“Um país inteiro não pode funcionar como o mercado financeiro, que significa só 8% da riqueza nacional”, argumentou. Pochman lembrou que o capitalismo mundial vive uma longa estagnação. 

Só o Brasil, segundo ele, está há 35 anos sem experimentar um crescimento sustentável, já que, em todo este período, cresceu apenas uma média de 2% ao ano. E, para agravar, a renda por habitante no Brasil cresce só 0,7%. “O capitalismo brasileiro tem oferecido uma dinâmica muito contida de expansão”, ressaltou. 
Segundo ele, o documento se apoia em quatro diretrizes principais: o crescimento econômico, a reindustrialização, o destravamento dos investimentos e o novo papel do estado. “Em 1980. o Brasil tinha uma renda per capita equivalente a 8,6 mil dólares/ano. 

Hoje, é de 11 mil dólares/ano.

Países desenvolvidos têm uma renda per capita de mais de 40 mil dólares/ ano. Se nós não tivemos um projeto de nação para os próximos anos, daqui a 35 anos teremos uma renda per capita de 14 mil dólares/ano. Não podemos aceitar isso. Com essa renda, não poderemos enfrentar as mazelas que mal começamos a arranhá-las”, comparou.

Pochman também alertou para a importância e urgência da adoção de um novo programa de industrialização. “A indústria hoje no Brasil representa 9% do PIB. Isso nos faz equivaler a o Brasil dos anos 40. (...)

Não há no mundo registro de país desenvolvido sem indústria”, afirmou, acrescentando que a nova indústria brasileira deve ser sustentável e ambientalmente correta. Quanto ao destravamento dos investimentos. Lembrou que o Brasil é um país em construção, onde falta praticamente tudo. “É preciso ampliar a capacidade de produção de bens e serviços. E nessa situação de crise, é preciso ter investimentos do Estado, porque o setor privado dificilmente o fará”, esclareceu.

O presidente da Fundação Perseu Abramo chamou a atenção para a necessidade do país recuperar a engenharia nacional desenvolvida pela Petrobrás e reinserir na economia as 29 empresas afetadas pela Operação Lava Jato. “No ano que vem, haverá grande crise bancária, porque essas empresas tem débitos bancários de R$ 1 trilhão. (...) Os coordenadores da Lava Jato precisam distinguir direção de empresa da empresa”, alfinetou.

Professor de Economia da Escola Legislativa, Fabrício de Oliveira definiu o ajuste fiscal em curso como ‘uma política de terra arrasada’. “Este ano, o PIB, a riqueza produzida no país, teve ter uma queda que oscila entre 3% e 3,5%, mas pode ser mais grave, e pode se prolongar para o próximo ano, acarratendo níveis de desemprego acelerado e o aumento da pobreza. 

Os ganhos obtidos nos últimos 12 anos vão ter que começar a ser devolvidos com juros e correção para o capital e para o sistema financeiro”, alertou.
Oliveira criticou duramente os últimos governos por não terem feitos as reformas estruturais necessárias para manter as conquistas sociais do Brasil pós-Lula. 

“Eu não acredito em políticas econômicas consistentes sem a organização de reformas instrumentais. E não fazê-las este foi um dos erros dos governos anteriores. Achar que os investimentos virão naturalmente só existe na cabeça da ortodoxia”, observou.

O professor também condenou a adoção de políticas distributivas que visam elevar a renda dos pobres sem prejudicar os mais ricos. “Para poder fazer política distributivas, é preciso tirar dos ricos para transferir aos pobres. E não o inverso.

Infelizmente, as políticas adotadas preservaram os ricos. Não se fez uma reforma tributária em profundida para lançar o ônus da tributação nem sobre o capital financeiro, nem sobre a riqueza financeira, nem sobre as rendas mais elevadas”, criticou.

Professora de Medicina da UFMG, Eli Iola Gurgel de Andrade falou sobre as ameaças de retrocesso democrático que rondam a sociedade brasileira. Em especial as que atacam o direito à saúde e à previdência social conquistados na Constituição de 1988 a base de muita luta dos movimentos sociais e sociedade organizada.

De acordo com ela, o mantra de que a previdência brasileira não é sustentável é repetido com cada vez mais ênfase pela imprensa, enquanto as forças conservadoras atacam as fontes de financiamento do sistema. 

“A Constituição prevê um conjunto de receitas, de fontes, para financiar a saúde, a previdência e as políticas sociais do país. Tanto é que os avanços que vimos nos últimos anos vêm sendo financiados por essas fontes. Mas até as principais delas, que são o desconto sobre o salário e sobre o lucro das empresas, estão sendo atacadas”, denunciou. 

Segundo a professora, o próprio presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) apresentou um projeto de lei propondo a concessão de plano de saúde privado para cada trabalhador. “Ele deveria estar defendendo que o SUS [sistema único de Saúde] fosse financiado de forma adequada”, observou. Para Gurgel, o momento é de reafirmar os direitos constitucionais já conquistados e não ceder ao canto do capital.

“É hora da indignação vencer a perplexidade”, parafraseou.