SENÃO VEJAMOS:
FHC CONVOCA GOLPISTAS PARA PROTESTO
NO DIA DO AI-5
http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/209302/FHC-convoca-golpistas-para-protesto-no-dia-do-AI-5.htm
FIM DA LINHA: GLOBO PEDE A CABEÇA DE
EDUARDO CUNHA
Temer está comendo no
prato em que cuspiu
JANOT OPINA POR ANULAR COMISSÃO
DO IMPEACHMENT
COM FHC, PSDB 'AFINA A ORQUESTRA' PELO GOLPE
AO ABRAÇAR O GOLPE, PSDB DESPREZA A HISTÓRIA
FCO.LAMBERTO FONTES
Trabalha em JORNALISMO INTERATIVO
Mora em ARAXÁ/MG
1 blogspot + 1 página com + de 50 grupos no facebook + twitter + de 629 blogs e comunidades no google+, + 412 conexões no LinkedIn - 447.881 visualizações - 36 meses
11 de Dezembro de 2015
Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros
O BRASIL
PRECISA DE MAIS
E NÃO DE MENOS DEMOCRACIA
"Incapacitados de obter aprovação da
maioria da população nos processos eleitorais, pelo caráter antipopular do seu
programa, a direita brasileira volta à carga para tentar, valendo-se das
debilidades do governo, impor um impeachment e voltar ao governo", afirma
o cientista político e colunista do 247 Emir Sader; segundo ele, "a ausência
de um projeto do governo e a convocação a grandes mobilizações populares de
apoio a esse projeto deixa o campo livre para as aventuras da direita"; ao
defender que o Brasil "precisa de mais e não de menos democracia",
Sader aponta que "o desenvolvimento econômico com democratização social
como eixo fundamental do projeto iniciado por Lula e continuado por Dilma tem
que ser retomado imediatamente pelo governo. Ele é parte do combate ao
impeachment e à restauração conservadora que a direita trata
de colocar em prática.
Mesmo se não levarmos em
conta outros motivos que podem mover personagens do jogo político acusados ou
suspeitos de envolvimento com corrupção, temos que considerar suas alegações
públicas. Michel Temer usa o mote de que o país está dividido, que é preciso
reunificá-lo, chegando a mencionar que isso deveria ser feito pela presidenta
ou por outras vias – no que se refere evidentemente a ele. Temer faz então
reuniões com a proposta do PMDB, para angariar apoios e, evidentemente, apresentar-se
como o personagem que poderia reunificar o país. Sua base política de apoio
está no monopólio privado da mídia, nos tucanos e no setor mais conservador do
PMDB.
O programa do PMDB resume todas as teses mais conservadoras
existentes hoje no país, a pretexto de desbloquear o crescimento econômico. A
orientação geral é de caráter neoliberal e se resume na sua tese central:
desregulamentação. Levantar regulamentações estatais, excluir gastos em
políticas sociais e na contratação de mão de obra.
Não por acaso, até agora pelo menos, Temer só visitou
empresários e instituições de direita, para os quais o programa soa como música
aos ouvidos. É tudo o que eles gostariam de ter, se pudessem impor
unilateralmente seus interesses, à custa dos trabalhadores, dos beneficiários
de políticas sociais e, em suma, dos outros setores que não os do grande
capital. O corolário, evidentemente, é acabar com os governos do PT.
Um programa muito similar ao que foi levado a cabo por Fernando
Collor de Mello e por FHC nos anos 1990, com os resultados que se conhece. Fica
mais claro então para que se dão as articulações para remover a Dilma e o PT do
governo: para impor uma restauração conservadora do estilo que começa a ser
imposto na Argentina, mediante uma vitória eleitoral.
Não por acaso Temer não se reuniu com outros setores da
sociedade – nem centrais sindicais, nem movimentos sociais, nem com
professores, profissionais de saúde pública, entre tantos outros que
representam a imensa massa de pessoas que compõem a sociedade brasileira. Se
trataria de reunificar o país desde cima, conforme os estritos interesses do
grande capital.
Que tipo de retomada do desenvolvimento econômico seria possível
caso esse programa fosse aplicado? O modelo de expansão do grande capital,
centrado na exportação e no consumo das altas esferas do mercado, como foi
tradicional no Brasil até 2003. Se trataria de cortar a expansão econômica dos
processos de distribuição de renda. Os maiores sacrificados seriam os setores
populares, que tiveram atendidas uma parte de suas reivindicações nestes 13
anos, o que se ve que incomoda, que aparece com obstáculo para o programa do
PMDB e para os setores empresariais aos quais se dirige Michel Temer.
Se trataria de brecar o imenso processo de democratização social
que o Brasil vem vivendo desde 2003 e que tem sido aprovado democraticamente
pelo povo brasileiro em quatro sucessivas eleições. Incapacitados de obter
aprovação da maioria da população nos processos eleitorais, pelo caráter
antipopular do seu programa, a direita brasileira volta à carga para tentar,
valendo-se das debilidades do governo, impor um impeachment e voltar ao
governo.
Nenhum argumento tem consistência para qualquer tipo de
impeachment, mesmo se se aceitasse todas as acusações que são feitas ao governo.
Se trata, como afirmam alguns dos personagens mais conspícuos dessa operação
anti-democrática, de terminar com os governos eleitos desde 2002 e
substituí-los por equipes coerentes com esse programa conservador. Os nomes que
são filtrados para a mídia, para aumentar o apetite do grande empresariado e da
direita em geral, representam uma ruptura com o modelo de desenvolvimento com
distribuição de renda e prioridade das politicas sociais, com uma politica
externa soberana e voltada para a integração regional, com o papel ativo do
Estado.
Diante do empate relativo entre o governo e a oposição, diante
do vazio de propostas políticas políticas por parte do governo, a oposição
aposta no nome de Michel Temer, no seu programa de restauração conservadora e
no impeachment da Dilma. Não tem outro sentido as viagens e reuniões do Temer.
O eventual triunfo desse projeto seria a derrota da democracia, não apenas por
cortar o mandato de uma presidenta eleita pelo voto popular sem nenhuma
justificativa, mas também a imposição de um programa profundamente antipopular.
A confirmação vem do apoio do empresariado e da oposição dos sindicatos e dos
movimentos populares em geral – vitimas privilegiadas das intenções daquele
programa.
A eficácia eventual do programa e do projeto do impeachment –
elementos indissociáveis - vem da ausência de projeto político do governo para
sair da crise. Não basta a defensiva, amparando-se nas normas constitucionais –
nas mãos do STF - e na precária – como se viu na votação da composição da Comissão
– base parlamentar de apoio. Seria uma ilusão do governo não considerar que
existe uma profunda crise política no país, que impede o governo de governar,
pelos efeitos negativos do pacote de ajuste, que retirou suas bases populares
de apoio e há um assédio golpista por parte da oposição, articulada em torno de
Michel Temer.
A ausência de um projeto do governo e a convocação a grandes
mobilizações populares de apoio a esse projeto deixa o campo livre para as
aventuras da direita, valendo-se inclusive da incapacidade do governo de
governar. Não é apenas se defendendo das ofensivas da oposição que o governo
vai superar a crise. Ou, se o fizer, sairá ainda mais debilitado do que no
começo da crise.
O Brasil não precisa de menos, mas de mais democracia. Precisamos
da proposta de uma retomada do desenvolvimento com distribuição de renda, que
deu apoio e legitimidade aos governos desde 2003. É um suicídio abandonar
bruscamente esse modelo, em função de um ajuste que vai na direção oposta,
cotando recursos de politicas sociais e direitos dos trabalhadores, além de
aprofundar a recessão e o desemprego. O governo tem que chamar os setores do
empresariado interessado em retomar o crescimento, com medidas concretas, como
a baixa da taxa de juros – outro obstáculo à retomada do desenvolvimento. E
convocar os movimentos populares a contribuir decisivamente à retomada desse
projeto de governo. Deixar o horizonte hoje colocado de um segundo ano com
recessão e desemprego é jogar contra a mobilização dos amplos setores populares
hoje penalizados injustamente pelo ajuste.
Em suma, o desenvolvimento econômico com democratização social
como eixo fundamental do projeto iniciado por Lula e continuado por Dilma tem
que ser retomado imediatamente pelo governo. Ele é parte do combate ao
impeachment e à restauração conservadora que a direita trata de colocar em
prática.
A continuidade do processo de democratização política,
econômica, social e cultural do país requer a derrota do projeto de restauração
conservadora da direita, que supõe o impeachment. A democracia sairá mais forte
ou mais fraca na saída da crise, conforme o projeto que triunfe. O da direita
está claro, resta que o governo apresente a alternativa democrática e popular à
crise.