FCO.LAMBERTO FONTES
Trabalha em JORNALISMO INTERATIVO
Mora em ARAXÁ/MG
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31 de Dezembro de 2015
Que bom seria
se a Lava Jato
fosse para valer…
A imagem que encima este texto vale por um tratado sobre política, mas,
para os que têm dificuldade em enxergar realidade como ela é e não como a mídia
mafiosa pinta, vamos desenhar a situação.
Todos deveríamos estar exultantes
com a Operação Lava Jato e com as condenações de políticos importantes pelo
Supremo Tribunal Federal, Corte que, até que o PT chegasse ao poder, jamais
condenara político algum à prisão.
Afinal de contas, quem não sabe,
desde que começou a se entender por gente, que empreiteiras fazem negociatas,
corrompem políticos, crescem e enriquecem às custas de obras públicas?
E quem não fica satisfeito por ver
banqueiros e políticos importantes indo para a prisão – e, ainda mais havendo
provas, como no caso de Delcídio do Amaral e André Esteves, do banco Pactual?
Deveríamos, pois, estar soltando
rojões. Finalmente no Brasil, em tese, não seriam mais, apenas, pretos, pobres
e prostitutas que vão em cana. Em tese, as prisões de empreiteiros, políticos e
banqueiros significaria que, agora, não são mais apenas os três Pês que podem
ver o sol nascer quadrado.
Contudo, não é nada
disso.
O que a imagem acima revela é,
apenas, que apenas acrescentamos um Pê aos três Pês que simbolizavam os únicos
tipos de cidadãos passíveis de prisão no Brasil; agora, apenas Pretos, Pobres,
Prostituas e Petistas (e quem se meta com eles) são os que podem ser presos
neste país.
Vamos, pois, explicar a imagem no
alto da página para aqueles que não conseguem pensar sozinhos. A imagem contém
5 edições do jornal Folha de São Paulo. Vamos analisá-las uma a uma.
Da esquerda para a direita, a
primeira edição do jornal noticia, em letras garrafais, a prisão de Delcídio do
Amaral. Contudo, em vez da foto de quem foi preso a capa da Folha trás a foto
de Lula, que nem a processo responde.
A segunda capa da Folha da esquerda
para a direita relata, com o maior destaque possível, que "amigo de
Lula" foi preso, apesar de que o arrestado tem muitas amizades e relações
com expoentes da oposição.
A terceira capa do jornal, da
esquerda para a direita, também com todo o destaque possível e imaginável
relata acusação de um delator da Lava Jato a um familiar de Lula.
Na segunda fileira de capas da
Folha, tudo muda. São capas que relatam problemas com a Justiça que têm altos
membros do principal partido de oposição do país.
A primeira capa da segunda fileira
de capas, a partir da esquerda, relata que o ex-presidente do PSDB Eduardo
Azeredo foi condenado a vinte anos de prisão. A notícia ganhou uma notinha
discreta no canto inferior esquerdo da primeira página do jornal. E sem foto do
condenado.
A segunda capa relata que o líder da
oposição, senador Aécio Neves, segundo candidato mais votado na eleição
presidencial de 2014 – e que vive condenando petistas sem julgamento por serem
delatados – foi delatado por um envolvido na operação Lava Jato.
Essa justaposição da capaz da Folha
simboliza, também, o que acontece na Justiça brasileira a depender de quem seja
o acusado. E, mais do que isso, revela o que acontecerá com investigações como a
Lava Jato depois que o PT deixar o poder – seja via golpe, seja por via
eleitoral.
Tudo isso que está acontecendo e
que, em tese, deveria dar esperança ao Brasil de que o país está mudando, vai
simplesmente acabar. A Lava Jato, pois, é uma farsa política engendrada, única
e exclusivamente, para derrubar um governo. E mais nada.
Se o PSDB volta ao poder
(toc-toc-toc), acabam as Lava Jatos ou qualquer outro tipo de investigação. As
empreteiras, os banqueiros, os políticos voltarão a roubar desbragadamente sem
que ninguém seja sequer denunciado – como acontecia antes de o PT chegar ao
poder.
Sempre digo que eu estaria exultante
se a Lava Jato fosse para valer.
Se corruptos de todas as correntes políticas
estivessem sendo presos, seria maravilhoso.
Este país se tornaria ético e
começaria a civilizar-se rapidamente.
Mas não é nada disso o que está
acontecendo.
Com ou sem provas, apenas corruptos e supostos corruptos de um
único grupo político estão sendo penalizados, enquanto que seus equivalentes à
direita são vergonhosamente acobertados pela imprensa e pela Justiça.
Além de não estar havendo combate
real algum à corrupção, o país está ficando pior porque, mais do que nunca, o
que está valendo aqui é a máxima que permeia a história brasileira desde o
descobrimento:
"Aos amigos, tudo;
aos inimigos, a lei".