FCO.LAMBERTO FONTES
Trabalha em JORNALISMO INTERATIVO
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13/10/2015
Altamiro Borges
em seu blog
Metrô, mídia
e os segredos
de Alckmin
A decisão de impor o sigilo a documentos relacionados ao transporte público
foi tomada às vésperas das eleições de 2014, com a cumplicidade da mídia
Questionado na Justiça e bombardeado
nas redes sociais, o governador Geraldo Alckmin finalmente decidiu recuar na
decisão ditatorial de impor sigilo de 25 anos para todos os documentos
referentes ao Metrô de São Paulo.
Tornados "ultrassecretos", a
sociedade teria ainda maiores dificuldades para descobrir os corruptos do
"trensalão" - o esquema de propina envolvendo poderosas
multinacionais e vários tucanos de alta plumagem - e as razões dos atrasos nas
obras deste setor, que causam tantos prejuízos aos paulistas.
A sorte do "picolé de
chuchu" é que a mídia chapa-branca já tenta aliviar sua imagem. A revista
Época, por exemplo, postou no maior cinismo que "Alckmin revoga sigilo de
25 anos dos documentos do metrô" - como se o governador não tivesse
qualquer culpa pelo ato suspeito.
O caso é escandaloso. Ele evidencia a total falta de transparência do PSDB e a seletividade da mídia privada. A decisão de impor o sigilo para centenas de documentos relacionados ao transporte público em São Paulo - o que inclui o Metrô, os trens da CPTM e os ônibus intermunicipais da EMTU - foi tomada às vésperas das eleições de 2014, que garantiram a reeleição folgada de Geraldo Alckmin.
O caso é escandaloso. Ele evidencia a total falta de transparência do PSDB e a seletividade da mídia privada. A decisão de impor o sigilo para centenas de documentos relacionados ao transporte público em São Paulo - o que inclui o Metrô, os trens da CPTM e os ônibus intermunicipais da EMTU - foi tomada às vésperas das eleições de 2014, que garantiram a reeleição folgada de Geraldo Alckmin.
Os documentos receberam o carimbo de
"ultrassecretos", o que significa que só poderiam vir a público após
25 anos. A medida ditatorial, que relembra os piores anos do regime militar e
segue os dogmas fascistoides da seita Opus Dei - tão apreciada por Geraldo
Alckmin -, só foi revelada nesta semana. Mesmo assim, o governador ainda
aguardou três dias para anunciar sua "decisão" de revogar o
sigilo.
Segundo a própria revista da famiglia Marinho, que evita incomodar o tucano, "entre os documentos tornados ultrassecretos estavam relatórios e estudos relacionados ao atraso nas obras do metrô de São Paulo.
Segundo a própria revista da famiglia Marinho, que evita incomodar o tucano, "entre os documentos tornados ultrassecretos estavam relatórios e estudos relacionados ao atraso nas obras do metrô de São Paulo.
Também havia documentos que poderiam estar
relacionados às denúncias de cartel nas licitações do metrô e CPTM. A lista
inclui estudos de viabilidade, relatórios de acompanhamentos de obras,
projetos, boletins de ocorrência da polícia e vídeos do programa 'Arte no
Metrô'". Pelo teor da "reporcagem", até parece que Geraldo
Alckmin também foi pego de surpresa.
Ele não sabia de nada. É um
santo!
"Nós vamos revogar essa decisão do Metrô e só ficará, se houver
necessidade, alguma coisa que possa pôr em risco a segurança do usuário", declarou
à generosa e cordial revista Época.
Já a Folha - o primeiro jornal a revelar a existência dos documentos ultrassecretos - foi mais dura na critica ao governo paulista. Em editorial nesta quinta-feira (8), o diário da famiglia Frias afirmou que a medida "configura um golpe contra os princípios da publicidade e da moralidade da administração.
Já a Folha - o primeiro jornal a revelar a existência dos documentos ultrassecretos - foi mais dura na critica ao governo paulista. Em editorial nesta quinta-feira (8), o diário da famiglia Frias afirmou que a medida "configura um golpe contra os princípios da publicidade e da moralidade da administração.
O vexame
aumenta quando se recordam os escândalos das licitações relacionadas ao
transporte sobre trilhos em São Paulo".
O jornal até ironiza a atitude cínica
de Geraldo Alckmin. "Em reação à notícia, o governador saiu-se com uma
versão tucana do 'eu não sabia'". Duas dúvidas, porém, permanecem. A Folha
só soube agora deste ato autoritário, passadas as eleições de outubro? Ela
manterá o tema em destaque ou - como sempre faz com os amigos tucanos - logo
vai abafar o escândalo? A conferir!
Trensalão e metrô fantasma
As dúvidas são justificadas.
Trensalão e metrô fantasma
As dúvidas são justificadas.
Afinal, a mídia chapa-branca -
seduzida pelo Palácio dos Bandeirantes com milionários anúncios publicitários,
compras de assinaturas e outras regalias - costuma ser bem seletiva no seu
"jornalismo investigativo" sobre os governos tucanos de São Paulo. No
caso do setor de transporte, a manipulação é gritante.
O escândalo do "trensalão",
por exemplo, só veio à tona em decorrência das investigações feitas na Europa,
que resultaram num processo de "delação premiada" da Siemens e
Alston. Até hoje a imprensa chapa-branca - e não apenas a Folha - evita
utilizar o termo "trensalão" e rotula carinhosamente o esquema
criminoso de "cartel dos trens".
Além de abafar a corrupção no setor, ela também evita produzir matérias mais aprofundadas e críticas sobre o caos no transporte público após mais de 20 anos de hegemonia tucana em São Paulo. No final de setembro, por exemplo, o governador Geraldo Alckmin anunciou que o monotrilho da zona leste da capital paulista - uma de suas peças da campanha nas eleições do ano passado - não será mais entregue neste ano.
Além de abafar a corrupção no setor, ela também evita produzir matérias mais aprofundadas e críticas sobre o caos no transporte público após mais de 20 anos de hegemonia tucana em São Paulo. No final de setembro, por exemplo, o governador Geraldo Alckmin anunciou que o monotrilho da zona leste da capital paulista - uma de suas peças da campanha nas eleições do ano passado - não será mais entregue neste ano.
Pela terceira vez, a conclusão da
obra foi adiada por mais três anos. Já em agosto, o Metrô confirmou que várias
estações da linha 5-Lilás, linha 17-Ouro e linha 4-Amarela, previstas para
serem entregues em 2014, tiveram sua conclusão adiada para 2018. Viraram
"obras fantasmas"!
Estes novos atrasos confirmam a situação vergonhosa da malha metroviária de São Paulo. Inaugurada faz 40 anos, ela continua irrisória para os 21 milhões de habitantes da região metropolitana. Seus 78 km são os menores do mundo - a Cidade do México, por exemplo, conta com 225 km de trilhos para os 21,4 milhões de moradores.
Estes novos atrasos confirmam a situação vergonhosa da malha metroviária de São Paulo. Inaugurada faz 40 anos, ela continua irrisória para os 21 milhões de habitantes da região metropolitana. Seus 78 km são os menores do mundo - a Cidade do México, por exemplo, conta com 225 km de trilhos para os 21,4 milhões de moradores.
Desmandando no Estado desde 1995, os
governadores tucanos Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin inauguraram
apenas 37,2 km de trilhos - uma média medíocre de 1,9 km ao ano. É o famoso
"choque de indigestão" do PSDB, sem planejamento, sem investimento e
com várias denúncias de falcatruas encobertas - mesmo antes dos tais documentos
ultrassecretos.
Créditos da foto: George Gianni - PSDB