FCO.LAMBERTO FONTES
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17 de dezembro de 2015
Operação
Sangue Negro
atinge
governo de FHC
Marcelo Auler
A Operação
Sangue Negro que está sendo realizada nesta quinta-feira (17/12) pela Procuradoria da República do Rio de
Janeiro com a Polícia Federal cumprindo 9 mandados judiciais assinados pelo
juiz Vitor Barbosa Valpuesta, substituto no exercício da titularidade da 3ª
Vara Federal Criminal, atinge negociações feitas entre a Petrobrás e a empresa
holandesa SBM na época do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso (1997).
O presidente da Petrobras era Joel Renno.
Toda
a investigação tem por base a delação premiada do operador da SBM no Brasil,
Júlio Faerman, homologada em agosto passado pelo juízo da 3ª Vara Criminal
Federal do Rio.
A Vara, aliás, é onde atuava o juiz Flavio
Roberto de Souza que acabou aposentado compulsoriamente pelo Tribunal Regional
Federal da 2ª Região, após ter tirado proveito próprio de apreensões feitas no
caso de Eike Batista.
Hoje, que está à frente dela é o juiz
substituto Valpuesta.
Julio Faerman no depoimento na CPI da Petrobras |
As denúncias de Faerman, que depôs na CPI da
Câmara em junho passado, retrocedem a 1997, gestão de Rennó à frente da
estatal.
Mas,
Faerman não foi o único a relacionar o esquema de corrupção à estatal no
governo anterior ao PT.
Também
o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco admitiu, na sua
delação premiada, o recebimento de propinas pela aprovação de contratos na
Petrobras, entre os anos de 1997 e 1998, portanto, no governo tucano.
Conforme
noticiou a revista CartaCapital em fevereiro passado, “o primeiro
pagamento de propina que Barusco afirma ter participado diz respeito a dois
contratos firmados com a empresa holandesa SBM, em 1997 ou 1998. Em novembro de
2014, a SBM fechou um acordo com o Ministério Público da Holanda e aceitou
pagar 240 milhões de dólares como punição por pagamentos de propina ocorridos
entre 2007 e 2011 no Brasil, na Guiné Equatorial e em Angola. O recém-revelado
depoimento de Barusco, no entanto, revela que a prática de pagamento de
propinas na estatal começou ao menos dez anos antes”.
Anterior à Lava Jato -
Apesar do
esquema envolver personagens citados, investigados, presos e/ou denunciados nas
diversas fases da Operação Lava Jato, as investigações sobre as propinas pagas
pela SBM são anteriores.
Elas vêm sendo feitas pelo procurador Leonardo
Cardozo, no Rio de Janeiro. Os detalhes serão repassados em coletiva à imprensa
no final da manhã.
Sabe-se,
pela nota oficial da Polícia Federal que na Operação Sangue Negro foram expedidos nove mandados sendo
quatro de prisão preventiva a serem cumpridas no Rio de janeiro, Angra dos Reis
e dois em Curitiba, onde os atingidos já se encontram presos.
A nota conclui:
“As
buscas acontecem nas residências dos investigados e em uma empresa do ramo de
prospecção de petróleo.
A
empresa, alvo das buscas, recebia repasses de contratos efetuados entre a
Petrobras e a SBM da ordem de 3 a 5%, dos quais 1 a 3% eram depositados em off
shores no
exterior.
Esse dinheiro retornava em forma de pagamento
de propinas.
“Os crimes investigados são
sonegação fiscal, evasão de divisas, desvio de recursos públicos lavagem de
dinheiro, dentre outros crimes”.