FCO.LAMBERTO FONTES
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18/01/2016
Altamiro Borges,
em seu Blog
De capacho
da ditadura a
racista da Globo
Ao contrário do que rosna Alexandre Garcia,
estudos comprovam que os alunos cotistas têm
desempenho acadêmico superior ao dos não-cotistas.
O jornalista global Alexandre Garcia parece que
anda bastante incomodado com as cotas nas universidades e com a ascensão social
de setores antes totalmente excluídos da sociedade.
Será que o veterano, famoso por seu elitismo,
teme a concorrência? Nesta semana, no noticiário local da TV Globo do Distrito
Federal, ele voltou a esbanjar preconceito, racismo... e ignorância!
“Temos que pensar na qualidade do ensino. Aqui no
Brasil ele é todo assim por pistolão, empurrãozinho e ajuda. A tradução disso é
a cota.
Aí põe um monte de gente [na faculdade]... Só
67%, você viu, passaram por mérito”, esbravejou, ao comentar o resultado dos
exames para ingresso na Universidade de Brasília (UnB).
O comentário asqueroso gerou imediata reação nas
redes sociais de estudantes, professores e movimentos que lutam contra o
racismo. Alguns internautas lembraram que, ao contrário do que rosna o âncora
global, estudos do Ministério da Educação comprovam que os alunos cotistas têm
desempenho acadêmico superior ao dos não-cotistas.
Professores da rede estadual manifestaram a sua
satisfação com o ingresso de jovens das escolas públicas na UnB. Para o
presidente da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Edson França, as
declarações de Alexandre Garcia revelam o racismo presente na mídia brasileira.
“A Rede Globo foi protagonista na resistência às
cotas. A emissora usou de todos os meios para combater esse sistema. Ela não
vai mudar o seu pensamento, que, aliás, é um pensamento que vem sendo derrotado
e não é de hoje”.
Esta não é primeira vez que o jornalista global explícita sua
visão racista, elitista e manipuladora. Em outubro do ano passado, no
telejornal “Bom Dia Brasil”, o sujeito tacanho chegou a afirmar que “o país não
era racista até criarem as cotas”.
O rico apresentador estava irritado com a criação
do cadastro do “Simples Doméstico”, o programa do governo Dilma que garante
direitos trabalhistas para os empregados domésticos.
Em outras ocasiões, o subserviente Alexandre
Garcia já havia demonstrado total concordância com o poderoso carrasco da
emissora, Ali Kamel, o diretor de jornalismo da Rede Globo que obrou o clássico
“Não somos racistas”.
Com suas
pérolas racistas, Alexandre Garcia até vai conseguindo ofuscar o seu vexaminoso
passado, quando foi porta-voz do general João Batista Figueiredo, último
carrasco do regime militar – sendo exonerado por ter posado seminu numa foto
para uma revista masculina.
De capacho da ditadura, com suas torturas e assassinatos,
para apologista do ódio e do preconceito racista. Baita biografia!
Em tempo: reproduzo abaixo uma mensagem de João Marcelo,
estudante da UnB, em contraposição às besteiras obradas pelo jornalista global:
A abominação ética em Alexandre Garcia
Os comentários de Alexandre Garcia nos telejornais da TV Globo são sempre um
festival de impropérios, invariavelmente de cunho elitista. Porém, sua
declaração recente em que acusa os alunos ingressos à UnB pelo sistema de cotas
de "não possuírem méritos para ingressar na Universidade" revela em
sua personalidade um pendor de senhor de escravo, um calejamento próprio de uma
classe dominante infecunda e profundamente perversa.
Os comentários de Alexandre Garcia nos telejornais da
TV Globo são sempre um festival de impropérios, invariavelmente de cunho
elitista.
A Lei de Cotas nas universidades completou três anos
no ano passado. Fruto da mobilização dos movimentos sociais, logrou colaborar
no ingresso de mais de 111 mil alunos negros. Ao contrário do propalado pelos
intelectuais da Casa Grande, sua efetivação não precarizou o ensino superior
público: segundo dados científicos apurados na avaliação dos 10 anos da
implementação do sistema de cotas na UnB, o rendimento dos estudantes cotistas
é igual ou superior ao registrado pelos alunos do sistema universal. Outras
análises, em dezenas de instituições como Uerj e UFG, coadunam com o
diagnóstico.
Os argumentos contrários ao sistema de cotas carregam o signo de uma
ideologia que fez com que o País vivesse o colonialismo, a escravidão e a
própria ditadura. Está no DNA da classe dominante brasileira buscar impedir à
emancipação dos oprimidos, por esses constituírem ameaça ao seu domínio. Para
esse fim, ocultam os saqueios e opressões que os povos colonizados foram e são
submetidos, ao mesmo tempo em que procuram domesticar o imaginário dos
oprimidos a partir de mentiras repetidas à exaustão nos meios de comunicação em
massa.
Darcy Ribeiro, fundador da UnB e um dos maiores antrópologos brasileiros,
teve ocasião de asseverar que o maior problema do Brasil é sua elite. Segundo
ele, as elites brasileiras se apropriam unicamente do poder para usurpar à
riqueza nacional, condenando seu povo ao atraso e a penúria (ver O livro dos
CIEPS, 1986:98). Por isso, carregamos a inglória posição de terceiro país mais
desigual do mundo.
Alexandre Garcia é um conhecido bajulador das hostes oficias. Foi aliado de
Ernesto Geisel e porta-voz do ditador João Batista Figueiredo. Foi exonerado
após postar seminu numa revista masculina. Apoiou a candidatura de Maluf no
Colégio Eleitoral. Foi um dos artífices da cobertura global que favoreceu a
ascensão de Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. É, pois,
co-participe da tragédia social, política, econômica e ideológica da sociedade
brasileira.
A TV Globo, que abriga essa triste figura, é a principal aliada de todas as
causas abomináveis patrocinadas pela elite contra o povo brasileiro. Sustentou
o golpe de 1964, franqueou amplo apoio ao regime militar, deu sustentação aos governos
conservadores após a redemocratização. Seu jornalismo sempre perseguiu os
movimentos sociais e lideranças populares, cuja expressão mais retumbante foi o
herói da pátria Leonel de Moura Brizola.
Quando insulta os alunos da rede pública egressos pelo sistema de cotas, o
jornalista vê nisso paternalismo e esmola. É compressível. Quem ascendeu na
carreira com favores e migalhas dos plutocratas só pode enxergar nos outros os
vícios que carrega. Felizmente, o povo brasileiro não permitirá que a direita apátrida
coloque suas mãos sujas de sangue em seus direitos mais caros, para a tristeza
do jornalista e seus correligionários.