FCO.LAMBERTO FONTES
Trabalha em JORNALISMO INTERATIVO
Mora em ARAXÁ/MG
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16 DE FEVEREIRO DE 2016 ÀS 20:29
MIRIAM DUTRA DETONA FHC, GLOBO E MARIO SERGIO CONTI
Depois de 30 anos de silêncio, a jornalista Miriam Dutra, que teve um caso com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, falou pela primeira vez sobre a relação entre os dois; em entrevista à revista BrazilcomZ, ela conta como foi seu "exílio" decretado pela Globo, quando vazaram as notícias de que FHC tinha um filho fora do casamento; "Eu passei muita dificuldade, muita solidão, focada nos meus filhos, e tentando muito sempre trabalhar e pedindo pra Globo, pelo amor de Deus pra fazer alguma coisa, e eu era sempre cortada, sempre cortada", conta; ela revelou ainda que FHC a obrigou a conceder uma entrevista a Veja, dizendo que o pai da criança era um biólogo – e não o ex-presidente (o que depois não se confirmou com o teste de DNA); "Foi Fernando Henrique com Mario Sergio Conti", afirmou, apontando o ex-diretor da revista (hoje na Globonews) como responsável pela armação; em relação ao ex-presidente, ela o qualificou como uma pessoa que gosta de "fazer tudo sorrateiramente e posar de bom moço"
247 – Depois de 30 anos, a jornalista Miriam Dutra, que foi uma das
principais profissionais da televisão brasileira, resolveu quebrar o silêncio
em relação a seu caso extraconjugal com o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso.
A entrevista é reveladora.
Ao mesmo tempo em que qualifica
FHC como uma pessoa sorrateira e manipuladora, Miriam também aponta os
bastidores da blindagem midiática em torno do caso.
Enquanto a Globo decidiu
exilá-la em Portugal, Veja publicou uma entrevista em que ela própria contava
uma mentira para proteger FHC: a de que seu filho era fruto do relacionamento
com um biólogo.
Antes da disputa presidencial de 1994, quando FHC se elegeu
presidente pela primeira vez, vários veículos de comunicação investigaram a
história do filho extraconjugal do então candidato tucano.
Mas nada foi publicado.
Miriam só decidiu falar após ter saído oficialmente da Rede Globo,
onde já não aparecia nem por meio de buscas no site, numa entrevista a uma
revista internacional, focada no Brasil.
No depoimento, ela conta à repórter Fernanda Sampaio, da
revista BrazilcomZ, os bastidores de seu relacionamento com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
e as consequências da gravidez de Tomas Dutra Schimidt, que seria filho
presumido de FHC – uma história sempre abafada pela imprensa brasileira.
Miriam conheceu Fernando Henrique quando o tucano era suplente de
Franco Montoro, que assumiu o governo de São Paulo (83-87).
Ela comenta o fatídico episódio
em que FHC se sentou na cadeira de prefeito de São Paulo antes do resultado das
eleições: "Ele se acha o máximo". Depois de anos, tentou romper o
relacionamento. "Ele não deixava romper... ele me perseguia... quando eu
ia sozinha nos lugares, ele ia atrás".
Miriam também disse que ficou 'assustada' quando o político
começou a fazer de tudo para assumir o poder.
"Ele mudou muito, me assustou".
Disse que "era apaixonada
por ele" e que o ex-presidente dizia que ela era para ele um pé na
realidade.
"Ele era muito... como é
que eu vou falar... da aristocracia de São Paulo... sabe?
Irreal".
Sobre a gravidez de Tomas, em janeiro de 1990, afirma que quis ter
o filho. "Eu tive uma relação de seis anos, fiquei grávida, decidi manter
a gravidez, então é meu. Eu sou uma mulher, eu que decido isso! Se eles não
querem, eles que se cuidem".
Ela nega uma história relatada pelo jornalista Palmério Dória, autor do livro Privataria
Tucana, de que teria sido chamada de 'rameira' pelo então senador, quando teria
ido ao seu gabinete comunicar a gravidez.
"Eu nunca fui ao gabinete
dele! Ele dormia na minha casa, eu não precisava disso", rebateu.
"Como ele tinha histórias
com secretárias, assistentes, com milhões de jornalistas, ele [Palmério] deve
ter me confundido com outra pessoa", provocou a jornalista.
"Até agora, tudo o que foi publicado
sobre mim foi mentira", ressaltou Miriam.
Ao falar do famoso exame de DNA, que teria dado resultado
negativo, ela diz que foi o próprio FHC quem divulgou: "Ele divulgou! E
isso me prejudicou muito.
É o estilo dele: fazer tudo sorrateiramente e
posar de bom moço".
Ela desmente a história de que
Fernando Henrique teria decidido assumir o garoto mesmo não sendo seu filho.
"O Tomas nunca teve pai, nunca foi reconhecido", afirma. "Se
falarem... provem! Porque eu nunca vi nenhum documento. Essa história de que
veio aqui em Madri é tudo mentira!".
Questionada sobre o episódio em que FHC teria ido até aos Estados
Unidos se encontrar com Tomas para um segundo teste, ela responde:
"Eu acho que é mentira,
porque eu só vi um documento, mas todo mundo pode enganar com um DNA".
Miriam diz ainda que nunca
proibiu que se fizesse o exame de DNA.
"Ao contrário, eu sempre
incentivei que fizesse, que tivesse contato, essa coisa toda".
Outra importante revelação
feita pela jornalista é a de que FHC, segundo ela, a forçou dar uma entrevista
à revista Veja:
"Me obrigou a dar uma entrevista pra Veja
dizendo que o pai do meu filho era um biólogo.
Foi
Fernando Henrique com Mário Sérgio Conde (Mário Sérgio Conti, ex-diretor da
revista, hoje na Globonews)".
"Exílio" da Globo
Ao contrário do que já foi
divulgado, a jornalista assegura que foi ela quem decidiu sair do Brasil.
"Eu decidi sair sozinha do
Brasil, ninguém me mandou pra fora, isso é muito importante ficar bem claro,
ninguém me mandou embora!".
Ela descreve o cenário na Globo
à época: "me colocaram abaixo de qualquer coisa". "Aquele 'Globo
memória' eles não me colocaram.
Eu fui a primeira mulher que
fiz o Bom Dia Brasil, eles não me colocaram, não colocaram sequer o meu nome.
Tentaram apagar a minha imagem, porque não
interessava pra eles".
"Esse exílio foi muito
pesado e todo mundo achando que era um exílio dourado, que eu estava super bem.
Eu passei muita dificuldade, muita solidão, focada nos meus filhos, e tentando
muito sempre trabalhar e pedindo pra Globo, pelo amor de Deus pra fazer alguma
coisa, e eu era sempre cortada, sempre cortada", conta.
O prejuízo na carreira é a coisa que mais lhe dói nessa história,
admite à repórter.
"Agora meu trabalho sempre
foi tão importante pra mim, isso me dói. Ter lutado tanto e de repente, por um
homem completamente manipulador e por ter trabalhado em um grupo de comunicação
tão... eu queria usar um verbo, mas não me permito usar esse verbo... eu fui
prejudicada".