A democracia
brasileira está ameaçada de um golpe de Estado.
O
impeachment da Presidente Dilma Rousseff, segundo a imprensa internacional, foi
aprovado por “uma assembléia de bandidos comandada por um bandido chamado
Eduardo Cunha fazendo a destituição de uma Presidente sem qualquer base
jurídica nem constitucional”.
O impeachment está numa etapa avançada: o Senado Federal deverá
decidir, dentro de poucas semanas, se continua ou se arquiva o processo
aprovado na “assembléia de bandidos”.
Caso o
Senado prossiga o processo, a Presidente Dilma, que foi eleita para governar o
Brasil até 31 de dezembro de 2018, será afastada por até 180 dias até a decisão
final.
Na prática,
porém, praticamente equivale à sua destituição.
Se isso acontecer, em lugar da Presidente eleita com os votos de
54.501.118 brasileiros/as, assume o cargo Michel Temer, um vice-presidente
ilegítimo e conspirador, um político sem nenhum voto popular que chefiou a
concepção, a preparação e a execução do golpe.
Hoje, concatenando-se os acontecimentos dos últimos 16 meses, é
possível reconhecer o papel ativo de Temer na trama golpista.
Como
presidente do PMDB, ele sempre estimulou a dubiedade do Partido, dividindo-o no
apoio ao governo.
Temer traiu a confiança da Presidente Dilma no governo.
Ao invés de
fazer de verdade a articulação política, sabotou e enfraqueceu o governo, minou
a estrutura e os postos-chave com conspiradores e, terminado o serviço que lhe
interessava, jogou tudo às favas e saiu dizendo que “o Brasil precisa de alguém
[ou seja, ele mesmo] que tenha a capacidade de reunificar a todos” [em 4 de
agosto de 2015].
Temer nunca enfrentou o “bandido chamado Eduardo Cunha”, como se
esperaria de alguém comprometido com a defesa dos interesses do governo e do
país ameaçados pelas pautas-bomba do presidente da Câmara.
Ao contrário
disso, hoje as evidências permitem concluir que ele e Cunha são sócios da
empreitada golpista desde o início.
O espetáculo deplorável
da “assembléia de bandidos” de 17 de abril de 2016 impactou o mundo, e
cristalizou a percepção de que o impeachment aprovado por 367 “bandidos” é uma
violência contra a Constituição e o Estado Democrático de Direito.
Como o Brasil ofereceu este espetáculo deplorável ao mundo?
Essa
pergunta só pode ser respondida se anotado o papel determinante e fundamental
da Rede Globo – secundada por outras
empresas da mídia – e de setores do Judiciário, Ministério
Público e Polícia Federal.
O mundo inteiro está convencido de que há um golpe em curso no
Brasil.
Nessa guerra
pela verdade, como não contam com uma Rede Globo mundial, os golpistas estão
perdendo.
E estão perdendo de goleada: The Economist, Guardian, El país,
Le monde, Financial Times, Reuters dizem que é golpe; Wall Street Journal,
Washington Post, El País, Le Parisien, Irish Times, New York Times, Pravda,
Granma também dizem que é golpe; La Nación, Ladiaria, El observador, Clarín
dizem o mesmo; Al Jazeera, Fox News Latina, CNN etc etc dizem o mesmo: é um golpe de Estado.
Apesar da percepção do mundo inteiro de que está em andamento um
golpe de Estado, só no Brasil tem um punhado de gente que insiste no contrário:
Temer, Cunha, Bolsonaro,
Aécio, FHC, Gilmar Mendes, Celso de Mello, Dias Toffoli, FIESP, Globo e os
sócios golpistas.
O sofisma mais recente dos golpistas para sustentar a aparência
de “normalidade institucional” é que Temer está substituindo normalmente a
Presidente Dilma, que retornará ao cargo depois do retorno da viagem a Nova
York para a reunião da ONU sobre clima.
Os golpistas aproveitam esta substituição eventual como fachada
para a propaganda e o discurso mentiroso da “normalidade institucional”.
O epílogo do
golpe, todavia, se dará com o seqüestro da cadeira da Dilma ao fim do
julgamento de exceção no Senado – que, tudo indica, a Casa será uma sucursal
golpista, um puxadinho da “assembléia de bandidos”.
O impeachment jurídico-midiático-parlamentar é o golpe de novo
tipo do século 21, é um golpe diferente daquele clássico que a Globo e a UDN de
então – hoje PMDB, PSDB, DEM, PPS, PTB, PP – desferiram em 1964, com a
deposição e exílio do Presidente Jango.
No golpe de
Estado do século 21 quem executa não são os militares, mas um condomínio
integrado pela mídia, judiciário, ministério público e sacramentado por uma
“assembléia de bandidos”.
Nesta nova modalidade golpista, o rito é
parte essencial das aparências
– mas o mundo inteiro não acredita nesta farsa.
|