FCO.LAMBERTO FONTES
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13 de Abril de 2016
Impeachment
é
escudo para
obstruir
Justiça
Não foi apenas movido pelo sentimento de
vingança que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, deflagrou o processo de
impeachment.
Agora está ficando claro
que o verdadeiro objetivo foi escapar da Justiça, ou seja, obstruir as
investigações a respeito de suas atividades pretéritas.
Se o seu plano der
certo, ele se torna vice-presidente da República e, como tal, vai matar dois
coelhos com uma só cajadada: o processo de sua cassação no conselho de ética
vai ser deletado porque ele não será mais deputado e sim vice-presidente, assim
como as acusações que pesam contra ele na Lava Jato, pois, como
vice-presidente, só pode ser processado por malfeitos ocorridos durante o seu
mandato.
O passado não o condenará mais.
O mesmo raciocínio se
aplica a Michel Temer.
Se conseguir assumir a presidência da
República caem por terra as delações feitas contra ele na República de
Curitiba, assim como morre o impeachment que o ministro Marco Aurélio Mello
praticamente obrigou Cunha a abrir contra ele.
Temer vai se livrar dos
dois problemas, pois, se tudo der certo, assumirá um novo mandato, e só poderá
ser processado pelo que fizer no decorrer dele, não respondendo mais pelo que
fez no passado.
Diante da perplexidade
dos que defendem a legalidade e a retomada do crescimento econômico e do
cinismo dos que mentem, inventam, camuflam e enganam os incautos, os dois
próceres do PMDB comandam um movimento em que a obstrução da Justiça e o desvio
de finalidade estão na cara, mas a sua caravana desfila com a conivência da
imprensa, o silêncio da Justiça e a histeria das ruas.
Eles serão os principais
beneficiados se o STF continuar calado diante dos fatos, mas não os únicos.
É evidente que a isca com que atraem
novos adeptos é a esperança de salvá-los também.
Não por outro motivo o PP, principal
implicado na corrupção sob investigação na Lava Jato, mais implicado que o PT e
o PMDB anunciou sua adesão aos dois perdidos numa noite suja.
É espantoso que "as
ruas", esse movimento difuso, misterioso, obscuro cuja principal bandeira
é a "luta contra a corrupção" não se deem conta de que na verdade
estão protegendo os corruptos, estão servindo de biombo para inocentar os que
já têm os pés na lama e os futuros enlameados.
O que Temer e Cunha
comandam não é apenas um golpe contra a democracia e contra os beneficiários de
programas sociais; é um golpe contra a Justiça, é um salvo conduto para
continuarem arrastando o país para o buraco da impunidade, da ilegalidade, da
corrupção, dos privilégios.