FCO.LAMBERTO FONTES
Trabalha em JORNALISMO INTERATIVO
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3 de
Abril de 2016
Após eu, Boulos e Altman,
vão querer prender você
por sua opinião
Nos últimos sete dias, com a mansidão
silenciosa das serpentes, a ditadura midiático-judiciária tratou de pôr em
campo a próxima fase do solapamento das liberdades individuais e da própria
democracia.
No início deste mês, ao se referirem a divulgação por este Blog
de que a Lava Jato havia vazado para a “imprensa simpatizante” sua 24a fase,
autoridades da Operação fizeram ameaças veladas a este blogueiro
por ter feito meramente jornalismo.
Foi
só o começo.
Nos últimos dias, um ativista político e outro blogueiro também
foram ameaçados pela Lava Jato e pela sua “imprensa simpatizante”, como as
autoridades dessa Operação chamam os órgãos de imprensa que atuam em
consonância consigo.
No dia 26 de março, o jornal O Estado de São Paulo pediu nada mais, nada
menos do que a PRISÃO do ativista político Guilherme Boulos, líder do MTST, por
ter opinado que haverá uma convulsão social no país caso Dilma Rousseff seja
derrubada por crime de responsabilidade – sem que esse crime tenha sido provado
– e seu sucessor natural, o vice-presidente Michel Temer, assuma a Presidência
e passe a cortar direitos sociais adquiridos ao longo dos governos do PT.
O
jornal fala em “democracia” ao pregar que Boulos seja preso por sua opinião.
Sobre o Estadão, nada a estranhar.
Foi em sua “democrática”
redação que o golpe de 1964 foi tramado.
Ali, reuniram-se
golpistas civis e militares, entre os quais os donos dos jornais O Estado de
São Paulo, O Globo e Folha de São Paulo.
Em 2 de abril daquele
ano que até hoje não terminou, o Estadão o considerou o golpe recém-desfechado
como “vitorioso movimento democrático”, com os tanques na rua para cassar o
voto popular e com os direitos civis sendo cassados.
Boulos
respondeu muito bem, pouco depois, em sua coluna na Folha de São Paulo.
Vale
a pena ler sua resposta.
Muito mais grave que a ameaça do consórcio mídia/Lava Jato, porém, é a
arbitrariedade da Operação contra um jornalista sob uma desculpa qualquer.
Breno Altman é o editor do site Opera Mundi e foi alvo de novas “condução
coercitiva” e operação de “busca e apreensão”.
A condução do jornalista “sob vara”
foi, de novo, absolutamente desnecessária.
Como diz o ministro do Supremo Marco Aurélio Mello, não há justificativa
para levar alguém à força para depor sem que essa pessoa tenha se recusado a ir
depor espontaneamente.
O relato de Altman mostra que, no mínimo, foi alvo de um showzinho da Lava
Jato para se contrapor aos atos contudentes de repúdio ao golpe que ocorreram
no dia anterior por todo o Brasil e nos países mais importantes do mundo.
A Lava Jato precisava produzir alguma
coisa.
Então
é assim: após as arbitrariedades contra políticos acusados sem provas, a
agressão à opinião de comunicadores começou comigo no início de março (vide
link no alto da página), passou por Boulos e agora chega a Altman.
Todos
os que fomos ameaçados, até agora, estamos pagando por nossas opiniões.
A questão seguinte, portanto, é mais do
que óbvia, é gritante: quanto tempo irá demorar até que a ditadura
midiático-judiciária comece a implicar com a opinião de qualquer um?
Com a sua, por exemplo…