FCO.LAMBERTO FONTES
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DE MAIO DE 2016 ÀS 10:39
O GOLPE É PARAGUAIO…
E A EMBAIXADORA
DOS EUA É A MESMA
"O controle político da Suprema Corte é crucial para
garantir impunidade dos crimes cometidos por políticos hábeis. Ter amigos na
Suprema Corte é ouro puro"; afirmação foi feita há cinco anos pela pessoa
que hoje é a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde, e que na
época exercia o cargo de embaixadora no Paraguai (de 2008 a 2011), quando se
reportou ao governo norte-americano, relatando a situação do país; ela deixou o
cargo poucos meses antes do golpe que destituiu o presidente do Paraguai,
Fernando Lugo
"O controle político da Suprema Corte é
crucial para garantir impunidade dos crimes cometidos por políticos hábeis. Ter
amigos na Suprema Corte é ouro puro".
A afirmação não é de agora e nem de quem critica o
STF por não prender o Cunha, por enrolar a posse do Lula etc. Foi feita há
cinco anos pela pessoa que hoje é a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil,
Liliana Ayalde.
A diplomata exercia o cargo de embaixadora no
Paraguai (de 2008 a 2011) quando se reportou ao governo norte-americano,
relatando a situação do país.
Ela deixou o cargo poucos meses antes do golpe que
destituiu o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, mas deixou o caminho
azeitado. Aqui no Brasil, no cargo desde outubro de 2013, esta personagem é
cercada de mistérios e sua vinda pra cá, logo após o golpe parlamentar
paraguaio, não foi gratuita.
Liliana Ayalde assumiu seu posto no Brasil cinco
meses antes da Operação Lava Jato começar a fase quente.
Chegou discretamente, sem entrevistas coletivas, em
meio à crise provocada pela denúncia do Wikleaks de que os norte-americanos
espionavam a presidenta Dilma, o governo brasileiro e a Petrobras.
Segundo Edward Snowden, "a comunidade de
espionagem dos USA e a embaixada norte-americana têm espionado o Brasil nos
últimos anos como nenhum outro país na América Latina".
Em 2013 o Brasil foi o país mais espionado do
mundo", afirmou o ex-funcionário da CIA e ex-contratista da NSA.
A mídia brasileira, por óbvio, já preparando o
golpe, de modo totalmente impatriótico, não divulgou para o povo brasileiro.
E escondeu a grave denúncia de Snowden, que
afirmou: "NSA e CIA mantiveram em Brasília equipe para coleta de dados
filtrados de satélite. Brasília fez parte da rede de 16 bases dedicadas a
programa de coleta de informações desde a presidente Dilma, seus funcionários,
a Petrobras até os mais comuns cidadãos, foram controlados de perto pelos Estados
Unidos".
Liliana Ayalde veio ao Brasil comandar a embaixada
de um país que fortalecia o bloco chamado BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul), contrário aos interesses do grande capital norte-americano; e
de um país que exerce forte influência sobre os países sul-americanos com
governos populares, todos contrários aos interesses militares dos Estados
Unidos na América do Sul.
A vinda da embaixadora
pode ser mera coincidência?
Não.
Segundo informações oficiais da própria Embaixada
norte-americana, Ayalde chegou ao Brasil com 30 anos de experiência no serviço
diplomático.
Trabalhou na Guatemala, Nicarágua, Bolívia,
Colômbia e, recentemente, como subsecretária de Estado adjunta para Assuntos do
Hemisfério Ocidental, com responsabilidade pela supervisão das relações
bilaterais dos Estados Unidos com Cuba, América Central e Caribe.
Anteriormente serviu como vice-administradora
sênior adjunta da USAID no Bureau para América Latina e Caribe.
Entre 2008 e 2011 ela serviu como embaixadora dos
Estados Unidos no Paraguai".
Ou seja: sabe tudo de América Latina...
As "Pegadas" reveladas
Na internet encontramos vários textos e análises
feitas depois do golpe no Paraguai de 2012 que hoje ficam mais claros e
elucidam os fatos. Vejam o que escreveu o jornalista Alery Corrêa , no Brasil
em 5 Minutos:
"O golpe de Estado contra Fernando Lugo,
presidente paraguaio, começou a ser orquestrado em 2008, mesmo ano de sua
eleição, a qual colocou fim ao reinado de 60 anos do partido Colorado, mesmo
partido do antigo ditador Alfredo Stroessner...
A mesma Ayalde assumiu em agosto de 2013, sem muito
alarde, a embaixada brasileira.
Segundo a Missão Diplomática dos Estados Unidos no
Brasil, 'a embaixadora Liliana Ayalde vem ao Brasil com 30 anos de experiência
no serviço diplomático'.
Em um momento de intenso acirramento político e
disputa de poder. O impeachment entra em pauta.
A imprensa mais agressiva do que nunca.
Não se tratasse de política, diríamos que foi mero
acaso. Mas sabemos que não existe falta de pretensão quando se trata dos
interesses norte-americanos. Na verdade, eles veem crescer a oportunidade de
colocar as mãos no pré-sal brasileiro e estão conscientes da chances reais que
possuem com e sem o PT em cena. E certamente, todas as possibilidades já foram
avaliadas pelo imperialismo norte-americano".
Outro texto é da jornalista Mariana Serafini, no
Portal Vermelho.
"Em um despacho ao departamento de Estado do
dia 25 de agosto de 2009 – um ano depois da posse de Lugo – Ayalde afirmou que
'a interferência política é a norma; a administração da Justiça se tornou tão
distorcida, que os cidadãos perderam a confiança na instituição'.
Ou seja, apesar da agilidade do processo de
impeachment, a embaixadora já monitorava a movimentação golpista três anos
antes do julgamento político. No mesmo despacho afirmou que o 'controle
político da Suprema Corte é crucial para garantir impunidade dos crimes
cometidos por políticos hábeis. Ter amigos na Suprema Corte é ouro puro'. 'A
presidência e vice-presidência da Corte são fundamentais para garantir o
controle político, e os Colorados (partido de oposição ao Lugo que atualmente
ocupa a presidência) controlam esses cargos desde 2004.
Nos últimos cinco anos, também passaram a controlar
a Câmara Constitucional da Corte', relatou a embaixadora dos USA no
Paraguai".
No Paraguai, a embaixadora não ficou indiferente ao
processo de impeachment, como ela mesma disse no relatório confidencial:
"Atores políticos de todos os espectros nos procuram para ouvir conselhos.
E a nossa influência aqui é muito maior do que as nossas pegadas".
E deixaram muitas pegadas, segundo artigo de Edu
Montesanti:
"No Paraguai, os golpistas agiam em torno da
embaixadora. Em 21 de março de 2011, a embaixadora recebeu em sua residência
blogueiros paraguaios a fim de 'conversar' sobre paradigmas e diretrizes para
aqueles setores societários que já estavam desempenhando importante papel na
sociedade local. Em tese, para conhecer melhor o trabalho deles, discutir a
importância dos blogs na sociedade e a importância da aproximação deles com os
governos".
Laboratório de golpes
Blogs, movimentos de internet, Senado, Suprema
Corte... qualquer semelhança entre o golpe em curso no Brasil e o golpe
paraguaio não é mera coincidência.
O golpe no Paraguai é considerado um dos mais rápidos
da história, consumado em 48 horas. O presidente Fernando Lugo foi derrotado no
Senado por 39 votos favoráveis ao impeachment e quatro contra. Caiu em 22 de
junho de 2012. Uma queda rápida, mas que teve uma longa preparação...
Assim como no Brasil, cujo golpe começou a ser
gestado não no dia das eleições presidenciais de outubro de 2014, quando a
oposição questionou a seriedade das urnas e queria recontagem de votos, mas bem
antes. Quando?
Depois que o modelo paraguaio de golpe deu certo,
conseguindo afastar pela via parlamentar um presidente democraticamente eleito
pelo voto.
No seu artigo de junho de 2015, o jornalista
Frederico Larsen afirma: "a destituição de Lugo, em 2012, foi o melhor
ensaio realizado a respeito do que se conhece como golpe brando, o golpe de
luva branca. Trata-se de um método para desbaratar um governo sem a intervenção
direta das Forças Armadas ou o emprego clássico da violência.
Para alcançar isto, basta gerar um clima político
instável, apresentar o governo em exercício como o culpado pela crise e
encontrar as formas de dobrar a lei para derrubá-lo. Foi isto o que, três anos
atrás, aconteceu no Paraguai".
E José de Souza Castro, em artigo no blog O Tempo,
em 5 de fevereiro de 2015, profetizou: "Dilma pode sentir na pele o golpe paraguaio".
E destacou o papel da embaixadora Liliana: "No Paraguai, ela preparou, com
grande competência, o golpe que derrubou o presidente Fernando Lugo".
É o que acontece agora
no Brasil: um golpe parlamentar,
com apoio da mídia golpista.
Um golpe paraguaio.
O Paraguai foi um dos países que mais sofreram com
a ditadura militar patrocinada pelos Estados Unidos, nos 35 anos do general
Alfredo Stroessner (1954 – 1989). Foi a primeira democracia latino-americana a
cair.
Depois caíram Brasil, Argentina Chile e Uruguai.
No Paraguai foi testado o modelo do combate à
guerrilha a ser usado, os métodos cruéis de tortura trazidos dos USA pelo
sádico Dan Mitrioni e ali nasceu a famosa Operação Condor, um nefasto acordo
operacional entre as ditaduras. A CIA transformou o Paraguai no laboratório que
testou o modelo de golpe militar a ser seguido e que derrubou governos
populares e assassinou milhares de pessoas. Agora, o Paraguai serviu novamente
de laboratório de um novo tipo de golpe está em curso no Brasil.
O que nos aguarda
Se o golpe se concretizar, o Brasil
"paraguaizado" terá um destino trágico. São raros os estudos sobre o
que mudou no país vizinho pós-golpe parlamentar e jurídico, mas o artigo de um
ano atrás de Frederico Larsen joga uma luz sobre as verdadeiras intenções do
golpe: "Suas primeiras medidas se basearam em outorgar poderes especiais
ao Executivo, especialmente em matéria de segurança. Deu vida à Lei de
Segurança Interna, que permite ao governo, sem aprovação do Parlamento, a
militarização e declaração de Estado de Sítio em regiões inteiras do país com a
desculpa da luta contra a insurgência do Exército do Povo Paraguaio (EPP).
Os movimentos camponeses denunciam que com esta
lei, os militares efetuam despejos e violações aos direitos humanos, favorecendo
ainda mais a concentração da terra. Conseguiu aprovar a lei de Aliança
Público-Privada (APP), que permite a intervenção de empresas nos serviços que
são providos pelo Estado, como infraestrutura, saúde e educação.
Em especial, deu um estrondoso impulso à produção
transgênica no setor agrícola".
A publicação Diálogo – revista militar digital –
Forum das Américas, de 14/05/2010, manchetou a exigência da embaixadora Ayalde:
""Devem ser repudiados todos os fatos que
atentem contra a vida das pessoas e contra a propriedade privada".
Portanto, os deputados golpistas representantes da
oligarquia rural, senhores da terra, e da UDR que pressionam o golpista Temer
para que o Exército cuide dos conflitos de terra já estão adotando o modelo
paraguaio contra os movimentos sociais.
Se o golpe paraguaio
vingar no Brasil, retrocederemos em todas as áreas e, mais uma vez, gerações
terão seus sonhos abortados, projetos adiados e a parcela fascista,
preconceituosa e enfurecida da direita virtual sairá dos computadores e
ganhará, de fato, poder nas ruas...