terça-feira, 26 de março de 2013




Editorial Publicado em 26/03/2013
 

DA POLÍTICA PARA O CARTUM

 
Por Geraldo Elísio

Geraldo Elísio escreve no "Novojornal". Prêmio Esso Regional de jornalismo, passado e presente embasam as suas análises

“Não se brinca com fogo, pois acaba se queimando”. – Ditado popular brasileiro

Por uma série de razões que não vêem ao caso conheço bem o Estado de São Paulo. Não apenas a capital, a maior do Brasil, mas cidades grandes, médias e pequenas de todos os seus quadrantes. Não se pode negar que líderes políticos têm lá a sua dose de influência, porém nos dias de hoje esta influência, em virtude de vários fatores entre os quais se sobressai a notória falta de credibilidade dos homens de vida pública, este fator declinou de forma nunca vista.
Consulta a parlamentares por institutos especializados quando feitos com metodologia científica e não para efeitos indutivos tem o seu quinhão de significado, entretanto mais importante é a voz rouca das ruas. Quero dizer com isto, ouvir o povo, sem que este povo saiba estar conversando com pesquisadores de instituições de aferição de tendências ou com um repórter, exprimindo o que de fato sente e pensa.
Nas minhas andanças por São Paulo, capital e interior, o que se constata é talvez a mais ampla rejeição ao nome do senador Aécio Neves, a partir do último final de semana conhecido também como “Zé Carioca”, numa inesperada simbiose da figura dele com o personagem criado por Walt Disney o que acaba por nos remeter a uma estranha coincidência. Disney criou a Disneilândia, na Flórida, enquanto em sua megalomania o “Zé Carioca” mineiro criou a Cidade Administrativa, também conhecida como “Aeciolândia”.
Mas retomemos a idiossincrasia contra Aécio em terras paulistanas. Quer queiram, quer não, gostem ou não, os paulistas contrários ao atual governo não perdoam “Zé Carioca” pela derrota de Serra nas últimas eleições. Claro, o berço do PT é o ABC paulista, mas assim mesmo existem os contrários, o que não significa que mesmo eles estejam a favor de Fernando Henrique Cardoso, a mola propulsora do projeto dos Neves.
Quase uma década e meia depois de Fernando Henrique ter deixado o Palácio do Planalto soam cada vez mais altos os brados daqueles que tiveram as suas aposentadorias prejudicadas pelo nefando fator previdenciário que condena os velhinhos brasileiros a uma eutanásia econômica, modificação nefasta de um pacto social estuprado sob o comando de “Zé Carioca” quando o mesmo ocupava a presidência da Câmara dos Deputados. Não peço a nenhum internauta que acredite em mim, mas recomendo verificar os arquivos de jornais e clippings eletrônicos da época para ver Aécio Neves, de braços erguidos, comemorando a vitória que ele comandou e significou o flagelo de milhões de aposentados, o que estranhamente foi mantido por Lula e até hoje inalterado por Dilma Rousseff.   
Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.