sexta-feira, 19 de abril de 2013

Publicado em 19/04/2013
Máfia do Tráfico de Órgãos:
Denúncias de sumiço de documentos
Sob o signo do medo, Poços de Caldas aguarda julgamento de culpados. Reabertura do caso pelo MPMG ganha as redes sociais

Conforme noticiado por Novojornal uma petição pública, criada na internet, pede que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) volte a investigar nove médicos envolvidos com a Máfia do tráfico de órgãos da cidade de Poços de Caldas, onde alguns do acusados já foram julgados e sentenciados na Primeira Instância Criminal daquela cidade do sul de Minas.
A petição quer a volta das apurações soma-se à repercussão nacional do caso e em documentos públicos internautas afirma que os réus “somem com provas e queimam arquivos”, dificultando ações policiais e da Justiça Criminal. Um dos principais objetivos de tais ações seria impedir a participação do deputado estadual Carlos Mosconi (PSDB), atual presidente da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), no esquema.
A relação entre o parlamentar e os acusados foi denunciada em reportagem publicada em primeira mão pelo Novojornal. Na descrição no site referente à petição, é afirmado que a investigação tem sido obstruída pelos réus, com “sumiço de provas e queima de arquivo”.
Como o documento - que em dois dias recebeu 80 assinaturas e internautas - não tem força legal, a idéia é fazer um apelo para que o promotor do caso, Marcelo Mattar, reabra a investigação. Em fevereiro deste ano, o primeiro dos oito casos denunciados foi julgado na 1ª Vara Criminal de Poços de Caldas, e quatro médicos da Santa Casa da cidade foram condenados, por tráfico de órgãos, a penas entre sete e 11 anos e meio de prisão. O transplante ilegal foi feito em 2001, quando José Domingos Carvalho teve os órgãos retirados após os médicos atestarem sua morte cerebral.
Na sentença, o juiz Narciso Alvarenga Monteiro usou documentos do processo que citam uma carta que teria sido escrita pelo então prefeito de Campanha, no Sul de Minas, ao deputado estadual Carlos Mosconi pedindo a intermediação dele para conseguir um transplante de rim para um amigo - o que foi confirmado pelo delegado da Polícia Federal (PF) Célio Jacinto na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada na Câmara, em 2004.
Em seguida, o juiz descreveu o texto do inquérito da PF que indica que o homem citado na carta teria feito o transplante e pagado R$ 8.000. 00 (Oito mil reais).  Coletada pela PF a carta teria sumido, sob a guarda do Ministério Público que mesmo diante da repercussão pesada do assunto no plano mineiro nacional, já começando a extrapolar para o exterior não apresenta uma justificativa. Em Poços de Caldas o assunto virou tema proibido diante das investigações e o pai do garoto Paulinho Pavese, sob suspeita de ter os seus órgãos retirados, com ele ainda vivo, tem de viver no exílio. Espera-se para o final do ano um júri popular que deverá ultrapassar as fronteiras nacionais, pois contará com a presença do pai da vítima.
Apesar de o juiz ter citado Mosconi na sentença, o deputado não é um dos réus nem foi alvo de investigação no inquérito. No julgamento, como testemunha de defesa, ele negou a existência da carta. "Tenho plena convicção de que os médicos condenados serão absolvidos em instâncias superiores", disse Mosconi ontem.
O promotor responsável pelo caso não foi encontrado pela reportagem.
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