domingo, 23 de junho de 2013

EDITORIAIS DE UM NOVO TEMPO


EDITORIAIS DE GERALDO ELÍSIO
Geraldo Elísio escreve no "Novojornal".
 Prêmio Esso Regional de jornalismo, 
passado e presente embasam as suas análises


EDITORIAL I:
MUITA CALMA NESTA HORA

Quem quer vencer um obstáculo deve armar-se da força do leão e da prudência da serpente. - Píndaro

Com a mesma veemência com a qual apoio na integra as reivindicações dos brasileiros no sentido de que se ponha um basta na roubalheira que assola este Brasil, me coloco contra os atos de violência que estão sendo praticados e que podem muito bem colocar em risco o despertar de nossa juventude.
A mídia faz o jogo dos poderosos? É claro que faz! Mas colocar fogo nos veículos dos meios de comunicação de massa é um absurdo. Um erro nunca justificou, justifica ou justificará outro. Não sou teólogo, mas não me canso de dizer que o pecado de alguém não se transforma em virtude em outrem.
Os Poderes Constituídos estão desmoralizados, são corruptos e assim vistos pelo povo? Mas não é a depredação, a invasão dos prédios onde eles se instalam que resolverá a questão. De novo repito: um erro não justifica o outro. A Lei do Talião, aquela que preconiza o Olho por Olho, Dente por Dente está fora do período de validade.
Os policiais ao reprimirem, muitas vezes, reconhecidamente abusando da violência e do aparato repressivo do qual dispõem estão errados? Óbvio que estão. Mas aqueles que atiram coquetéis Molotov contrários ao desejo da maioria de manifestantes que desejam se manifestar de maneira pacífica estão certos? Seguramente que não.
Os jovens que estão na rua são idealistas, defendem o futuro deles e se for feito uma pesquisa popular o resultado apontará por um índice absurdamente grande de repulsa aos partidos políticos, aos desmandos e inconveniências dos palácios quer sejam eles do Governo, da Justiça ou do Legislativo de quaisquer níveis.
Na Argentina durante a onda de protestos similares que assolou as praças e ruas daquela nação irmã os jovens descobriram uma fórmula eficaz de evitar que as suas justas reivindicações fossem prejudicadas. Quando baderneiros profissionais, oportunistas e provocadores entravam em ação eles se assentavam e ficavam quietos até que a polícia detivesse os interessados em outros fatores escusos que não os deles. Sábado (22) ocorrerá uma grande manifestação em Belo Horizonte. Se por acaso alguém cometer atos de violência esta técnica poderá ser empregada, valendo também para os senhores comandantes das operações de segurança observar quem são os de bons propósitos e quem é oportunista, baderneiro ou provocador.
Não permitam os manifestantes de bandeiras partidárias, pois agremiações políticas são todas iguais, negociam e se vendem. Por que não utilizar-se apenas da bandeira brasileira? Demonstrem que nada temos contra a Seleção Brasileira de Futebol, pois os próprios jogadores estão se manifestando a favor do povo de nosso País.
Demonstremos que a revolta é contra os políticos corruptos que devem estar na cadeia onde é lugar de ladrão; contra os executivos descurados que cometem crime ao gastar bilhões com estádios desnecessários e superfaturados; e os bandidos togados aos quais se referiu a ínclita ministra Eliana Calmon, ex-presidente do Conselho Nacional de Justiça – CNJ.
Que seja feita uma pauta de reivindicações a atender o povo como um todo, a começar das aplicações das penas aos políticos já punidos por força de Lei e julgamento imediato de quantos estão por aí a torcer pela prescrição dos prazos. Exigência de concurso para o preenchimento de vagas nos tribunais colegiados. Implantação de sistemas de transparência dos gastos do dinheiro resultante dos impostos e fim dos privilégios descabidos a beneficiar minorias que se julgam acima de quaisquer suspeitas.
Os manifestantes querem e os que reprimem também saúde pública, educação, cultura e medicina adequada e decente. Havendo tal confluência fica fácil resolver, porquê melhor remédio para a democracia não existe outro se não mais democracia, porém um sistema democrático que não fique circunscrito à retórica, valendo igualmente para as áreas social e econômica, perdendo o seu caráter adjetivo para se transformar em substantivo.
E acima de tudo, usem o poder do voto para cassar da vida pública todos os que faltarem aos compromissos com o povo. Uma reforma partidária será um bom começo, bem como o travamento de todo caixa dois e outras formas de comprar consciência, assim como a atenção à atividade de todo e qualquer parlamentar. Os inúteis são perfeitamente dispensáveis. Da mesma forma que o povo deve ficar atento à questão da publicidade enganosa. Não é necessário resposta, mas pense cada um de vocês que estão se manifestando: se a Cemig, a Copasa e a Codemig pararem de fazer publicidade vocês deixarão de se utilizar da energia elétrica ou da água na casa de vocês? Para que serve a propaganda da Codemig? Para comprar a consciência da mídia?
Se conseguirmos travar tais anomalias a vida certamente ficará mais fácil. E não haverá espaços para os donos do transporte coletivo aumentarem o preço das passagens 300% acima da inflação. Suponho que a Copasa e a Cemig fazem algo similar em relação às tarifas delas.
E se assim é temos mesmo é de protestar, mas sem violência lembrando o exemplo de Mahatma Ganhdi. Os maus serão destruídos pelo próprio mal que eles cometem, sem a necessidade de que os bons se contaminem.

Editorial II:
ILHA DE FANTASIA

O mapa de Minas Gerais é o que mais se adéqua 
às fantasias da revista Caras 
Frase ouvida em uma barbearia de Belo Horizonte

Como diria Aparício Torelli Aporelli, o Barão de Itararé, há algo no ar além dos aviões de carreira no que diz respeito às manifestações de rua no Brasil, tanto os jornais brasileiros quanto os estrangeiros mostram farto material fotográfico e filmes, bem como existe uma profusão de textos tentando explicar o que até agora ninguém ainda conseguiu decifrar direito, conhecendo-se apenas a ponta do iceberg que foram os vinte centavos de aumento no preço dos transportes coletivos, ampliados mais tarde para os gastos absurdos com a Copa do Mundo de 2014 e as reclamações contra a corrupção desenfreada e a má qualidade da saúde pública, segurança e educação no País.
Mas estes jornais brasileiros e até estrangeiros mostram o Rio, São Paulo, Salvador, Recife, Porto Alegre e Fortaleza e pouco dizem a respeito de Minas Gerais o que me deixa com a pulga atrás da orelha. Em termos de Brasil é fácil entender, pois a grande mídia come nos cochos dos palácios governamentais, operação que se repete em relação aos jornalões de outros estados, inclusive televisões e rádios, por mais “Vênus Platinada” que possam ser as telinhas.
Mas os jornais estrangeiros, por que o silêncio? Os Bildeberguers, é sabido, acordaram através de Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva, uma forma de pacificação entre os dois maiores grupos políticos do Brasil o que lhes garantia um percentual de 100% de mando em relação aos seus interesses no governo brasileiro. A eleição de Dilma Rousseff representou uma quebra inesperada de alternância e o campo internacional corre atrás do tempo perdido.
O severo jornal espanhol “El País” não deixa de noticiar nada sobre asmovilizações callejeiras, mas nada diz de Belo Horizonte. E antes que algum apressado venha falar de teoria da conspiração é bom lembrar que um grupo ligado ao periódico também se liga a uma empresa especializada em saneamento, por pura coincidência ligada à Copasa. Mas isto, provavelmente é só coincidência, embora Sigmond Freud tenha dito queas coincidências sejam armações do consciente.
Claro, no jogo sucessório que se avizinha Dilma Rousseff tem de ceder a vez para equilibrar a balança dos Bildebergrs através dos acordos firmados entre Luís Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, o que faz movimentar a mídia nacional e internacional.
De preferência FHC, o fraudador da dívida externa brasileira, segundo o deputado federal delegado Protógenes Queiroz, licenciado da Polícia Federal, preferiria ser ele mesmo o candidato para dar seqüência às tratativas. Mas impossibilitado de ser ele recorre ao nome de Aécio Neves, o candidato preferencial dos grupos estrangeiros e contrários ao povo brasileiro, logicamente sem descartar José Serra ou Geraldo Alkimim. O que pode explicar certas coincidências ou deslizes.
Entretanto com as manifestações de rua e os desdobramentos imprevisíveis o Imponderável de Souza poderá irromper no cenário e alterar algum capítulo do roteiro porque eu também, a exemplo dos espanhóis, não creio em bruxarias, mas que elas existem, existem, igualmente não crendo no Paraíso Publicitário construído por Sinhá Andréa Frau Goebbels Neves, a Mãos de Tesoura. Até por força do hábito de jornalista ando com os meus pés mais apoiados na realidade, para desgosto de alguns, embora isto me traga paz de espírito com a consciência do dever cumprido.