04 de novembro de 2013
Nióbio:
a maior riqueza
dos Moreira Salles
A produtora de nióbio CBMM é avaliada em
US$ 13 bilhões, com reservas para 200 anos
José Maria Mayrink, enviado especial
ARAXÁ (MG) - A mina de nióbio - que é misturado ao aço
para uso na fabricação de automóveis, estruturas, gasodutos e turbinas - era só
promessa e esperança em 1965, quando o embaixador e banqueiro Walter Moreira
Salles se associou à companhia de mineração Molycorp, para produzir o metal em
Araxá, no Triângulo Mineiro. Deu esse passo a convite de um amigo, o almirante
Arthur Radford, que presidia o conselho da empresa americana. Tornou-se sócio
majoritário, com 55% do capital e mais tarde passou a ser o único dono, ao
comprar os 45% restantes.
Assim nasceu a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM),
hoje propriedade dos herdeiros - Fernando, Pedro , João e Walter - os quatro
filhos que tocam o negócio, avaliado em US$ 13 bilhões, a maior fatia da
fortuna da família. Os Moreira Salles são sócios também do Itaú Unibanco, no
qual detêm 33,5% ou US$ 7,1 bilhões. O valor da CBMM é estimado com base da
venda de 30% da empresa para consórcios de Japão-Coréia do Sul (15%) e China
(15%), por US$ 3,9 bilhões, em 2011.
"Exploramos a mina, processamos o minério, produzimos o nióbio e
criamos o mercado", diz o presidente da CBMM, engenheiro metalúrgico Tadeu
Carneiro, resumindo as 15 etapas de tecnologia avançada desenvolvida em 50
anos. Resultado: a companhia dos Moreira Salles vende hoje 80% do nióbio do
mundo. No Brasil, onde estão 98% das reservas conhecidas do metal, só existe
outra mineradora, a Catalão, em Goiás, da britânica Anglo-American, com
produção de 8%.
A CBMM, com faturamento de R$ 4 bilhões, tem cerca de 2 mil empregados,
aos quais está pagando este ano 8,5 salários como participação nos lucros - ou
seja, 21,5 salários em 2013 para todo o seu pessoal, da escavação da mina à
direção geral. O menor salário na companhia é de R$ 2.950. Do lucro líquido,
25% vão para os cofres do de Minas Gerais - são cerca de R$ 750 milhões que o
Estado embolsa este ano. Os impostos federais somam R$ 800 milhões.
As instalações estão em Araxá, onde um complexo industrial em fase de
expansão recebe o minério em esteiras mecânicas e embala o ferro-nióbio para os
clientes. "Daqui não sai um grão de minério, mas só o nióbio",
informa Carneiro, apontando o produto industrializado, que deixa Araxá em
cilindros, sacas e latões. São mais de 400 clientes, de 60 países, incluindo o
Brasil. A CBMM despacha 70 toneladas por dia, em comboios de seis a oito
caminhões, que viajam com escolta armada. As exportações são feitas pelo porto
do Rio. Já houve roubo de carga, supostamente desviada por encomenda.
O nióbio tem endereço certo: 90% dele vão para o aço, com o qual é
misturado na proporção de 400 gramas por tonelada. Os carros, estruturas e
gasodutos fabricados com essa mescla ficam mais leves e resistentes. O metal é
empregado ainda em muitos outros produtos, como turbinas de aviões e turbinas
estacionárias, lentes óticas, relógios e tomógrafos. O ferro-nióbio é vendido a
US$ 41 o quilo.
A companhia de Araxá tem reserva estimada de 829 milhões de toneladas,
de acordo com as prospecções de 2000, quando mais 300 furos se somaram aos 71
feitos até então na mina a céu aberto, que tem diâmetro de 4,5 quilômetros
quadrados. Na base da mineração atual, de 70 mil toneladas/ano - 65% de
ferro-nióbio e 5% de outros produtos, incluindo 200 toneladas de nióbio
metálico - a reserva deve durar de 150 a 200 anos. O prazo de concessão, por
tempo indeterminado, não será alterado pelo novo Código de Mineração, de acordo
com o projeto de lei do Planalto. Só o Brasil explora e comercializa o nióbio
em tamanha quantidade (o Canadá tem produção mínima) e com bom domínio da
tecnologia.
"O nióbio não é raro, pois existem 300 jazidas semelhantes às de
Araxá em vários países, entre eles Gabão, Rússia e Austrália, além do
Canadá", diz Carneiro. A vantagem do Brasil e da CBMM é o domínio de uma
tecnologia avançada para produzir o metal e outros elementos agregados. As
reservas russas ficam na Sibéria, onde a dificuldade da exploração no inverno
exigiria a transferência do minério para usinas distantes. Os Estados Unidos,
que têm reservas no Nebraska, não produzem nióbio e importam 10 mil toneladas
da CBMM por ano.
A China, que produz 700 milhões de toneladas, do total de 1,4 bilhão de
toneladas do aço do mundo, interessou-se pela compra de 15% das ações da CBMM
para garantir o abastecimento de nióbio. Quanto ao consórcio nipo-coreano, que
também comprou 15% das ações, o interesse foi pela tecnologia. É possível que
os Estados Unidos, a China e países europeus desenvolvam a tecnologia ou
busquem alternativas para o nióbio nos próximos anos, criando concorrência para
as empresas brasileiras.
"Estamos investindo R$ 1 bilhão na expansão de Araxá, para aumentar
nossa capacidade de produção, de 90 mil para 150 mil toneladas, até 2015",
informa Carneiro, acrescentando que a preocupação é não deixar faltar nióbio no
mercado. Como existe potencial, a CBMM continua lutando pelo mercado, sempre
tentando convencer os produtores de aço a usar o metal. "Não existe
siderúrgica no mundo que não conheça a gente", garante.
VEJA TAMBÉM
DO BLOGUEIRO:
NOSSO MUNICÍPIO SE ENCONTRA EM UM PERÍODO DE PÉSSIMA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL E UM LEGISLATIVO DE POUCA ATENÇÃO AOS ANSEIOS DOS CONCIDADÃOS E NA AUSÊNCIA DE SUA PRÓPRIA PARTICIPAÇÃO CIDADÃ
AGUARDEM PELAS CONSIDERAÇÕES À SEREM POSTADAS AQUI, SOBRE ESSA QUESTÃO DOS NOSSOS RECURSOS MINERAIS.