Publicado em 27/11/2013
Tancredo Neves:
"Diante de provas
irrefutáveis
alegue que são falsas"
Aécio
segue a risca, junto com sua irmã Andréa,
método
defendido por seu avô Tancredo em alegar
falsidade
de provas e denegrir imagem do acusador
Por Marco Aurélio Carone
“Lista de Furnas”, “Mensalão
Mineiro”, e agora por último, Aécio Neves proclama em rede nacional e em
reunião da alta direção do PSDB ser falso o documento que denunciou o esquema
criminoso montado pelo PSDB paulista denominado “Cartel do Metrô”. Para alguns
mineiros nada de novidade, pois esta tem sido sua prática nos últimos 10 anos.
Poucos, devido aos 80 anos que já se
passaram, imaginam porque Aécio age assim. Não conhecem a origem e o
comportamento de seu avô Tancredo Neves, por este motivo torna-se necessário a
seguinte narrativa:
Durante a Revolução de 1930, Benedito
Valadares, editor de um jornal de sua cidade, Pará de Minas, ocupou a
prefeitura e se tornou o prefeito. Valadares, um deputado federal com pouca
expressão foi nomeado por Getúlio Vargas interventor de Minas Gerais, em
substituição ao governador de Minas Gerais Olegário Maciel, (na época se dizia
"presidente de Minas"), que havia falecido no dia 5 de setembro de
1933, 2 dias antes de completar 3 anos de mandato.
Tudo ocorreu porque havia muitos
nomes na disputa pelo governo de Minas Gerais, foram 97 dias de crise política
no Estado, denominada na época, pela imprensa, como "O caso mineiro".
Crise que terminou com a indicação de Benedito Valadares, em 12 de dezembro de
1933, como interventor do "Governo Provisório" de Getúlio Vargas em
Minas Gerais.
Com a nomeação de Valadares, Getúlio
indicou para Minas um homem de sua estreita confiança, Ernesto Dornelles, que
passou a ocupar um cargo ligado ao gabinete do secretário de Interior,
responsável pela relação do Poder Executivo com o Judiciário. Dentre as suas
atribuições estava a de indicação de promotores públicos e o provimento de
tabeliães e escrivães, nos diversos cartórios do Estado. Na verdade exercia o
cargo de chefe de polícia, função que exerceu entre 1936 e 1942.
Ernesto Dornelles tinha um irmão,
Mozart Dornelles, casado com a irmã de Tancredo Neves, Mariana Neves.
Mozart é pai de Francisco Dorneles, tio de Aécio Neves e sobrinho de
Tancredo Neves.
Embora a imagem que os descendentes
de Tancredo tentam passar seja outra, nascia aí, a início como promotor e
posteriormente como político, Tancredo Neves. Sua função; espionar e disseminar
intriga contra Arthur Bernardes.
O que fez com total desenvoltura.
Bernardes e seu grupo político foram perseguidos por Ernesto que sequer
conhecia Minas e a política mineira.
Pego espionando uma reunião do PR na
cidade de Ponte Nova, foi levado preso para Visconde do Rio Branco pelo
correligionário de Bernardes, Jorge Carone, onde por três dias foi interrogado,
confessando os crimes praticados contra Bernardes e seu grupo político. Seu
depoimento foi conhecido como “Declarações do novo Joaquim Silvério dos
Reis”.
O interrogatório e confissão de
Tancredo, ocorrido na parte inferior da casa de Jorge Carone, foi presenciado
por seis testemunhas que o assinaram depois de transcrito pelo tabelião Mario
Cardoso em livro público. Um traslado do depoimento foi entregue na Capital
Federal ao então Ministro da Justiça “Vicente Rao”, que determinou a abertura
de um inquérito, pois os crimes confessados por Tancredo eram gravíssimos.
Tancredo ao ser ouvido no Ministério
da Justiça alegou que o documento era falso. Em 4 de abril de 1935, havia sido
sancionada a lei nº 38109 , conhecida como Lei de Segurança Nacional
que definia os crimes contra a ordem política e social e por ato de
Getúlio Vargas o inquérito foi arquivado.
Foi nesta função e com este
comportamento político que se formou a índole de Tancredo, que passou a servir
Getúlio de maneira informal no período ditatorial e oficial no período
considerado constitucional, conspirando contra a política e os políticos
mineiros, suas vítimas foram diversas, dentre elas Pedro Aleixo, preterido a
Presidência da Câmara e por consequência vice de Getúlio.
Como se fosse uma vantagem ao ser
indagado ou questionado sobre a “Declaração do novo Joaquim Silvério dos Reis”
rindo afirmava; É simples: “Diante de provas irrefutáveis alegue que são
falsas”.
Sua derrota ao governo de Minas para
Magalhães Pinto e o abandono da classe política à sua candidatura no início da
década de 60 ocorreu devido seu comportamento e sua vitória em 1983, só veio
confirmar seu caráter. Todos que o apoiaram foram perseguidos, desprestigiados
e afastados da vida pública para dar lugar ao novo sistema implantado por Hélio
Garcia, seguindo sua orientação.
Sob a alegação de montagem de um
esquema para elegê-lo presidente, foi fundado o modelo de corrupção que hoje se
espalha pelo País, denominado: “Made in Minas”. Estado onde suas
lideranças políticas no passado eram respeitadas, foram substituídas por
lideranças subservientes ao esquema montado, transformando o político mineiro
em símbolo de corrupção.
Nota da Redação:
O cartório do tabelião Mário Cardoso
foi transferido em 1948 para o então tabelião Jorge Carone Filho, que deixou
para seus descendentes o livro contendo 46 páginas do depoimento e confissão de
Tancredo Neves.
Tal documento está sendo digitalizado
para ser disponibilizado na internet. Uma cópia será oficialmente entregue ao
Museu Mineiro, Biblioteca Nacional e a Fundação Getúlio Vargas.
Assim como, constará de um
livro a ser lançado no primeiro semestre de 2014.
http://www.novojornal.com/politica/noticia/tancredo-neves-diante-de-provas-irrefutaveis-alegue-que-sa-27-11-2013.html