Publicado em 28/11/2013
Helicóptero de Perrella
abasteceu carregado de
drogas em Divinópolis
Finalmente a prova: Aeroporto da cidade
vem servindo de entreposto para abastecimento
e manutenção de
aeronaves utilizadas no tráfico de drogas
Diversas reportagens do Novojornal vêm denunciando que a
cidade mineira de Divinópolis transformou-se em território livre para práticas
criminosas diante da inapetência do Ministério Público Federal, Estadual e até
mesmo da Polícia Federal em trazer para dentro da legalidade setores da
sociedade com maior capacidade econômica ou instalada no Poder municipal,
estadual ou federal.
Como se não bastasse à decepção da população diante
da total impunidade dos políticos da região envolvidos em centenas de esquemas
de corrupção, cai agora sob suas cabeças à pecha de que o aeroporto da cidade
serviu de base para abastecimento do helicóptero pertencente à empresa do
deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG), apreendido em uma localidade rural
do Estado do Espírito Santo carregado com 443 quilos de cocaína.
No dia 23 de outubro o portal Divinews alertava:
“Maracutais no Aeroporto de
Divinopolis: denúncia fala sobre irregularidades no aeroporto Brigadeiro Cabral
comprometendo desenvolvimento econômico
Segundo correspondência enviada pelo
denunciante, as irregularidades envolvem várias empresas, empresários e
políticos – Como sempre, o Pastor Paulo César, ex-vereador e ex-presidente da
Câmara de Divinópolis, que fez uma passagem pífia pelo Legislativo, e como premio
de consolação por ter “orado” na cartilha do Executivo ganhou o cargo de
secretário de Desenvolvimento Econômico, é citado como sabedor de todas as
irregularidades, assim como o prefeito Vlaldimir Azevedo.
Alertando que, se os vereadores forem
tentar desvendar imbróglio terão imensas dificuldades, pois envolve os
“poderosos” da cidade. Acrescenta ainda que sob o ponto de vista técnico, eles
são “profundos desconhecedores de qualquer assunto relacionado à aviação”.
O denunciante, por suas consideração
é um profundo conhecedor das entranhas do aeroporto de Divinópolis, Brigadeiro
Cabral. Ele cita diversos casos e nomes, com propriedade de quem sabe o que
está falando.
E segundo fonte, o assunto está sendo
comunicado ao Ministério Público Federal e para a Policia Federal, assim como
para o Ministério Publico de Minas Gerais (MPMG), além da ANAC (Agência
Nacional de Aviação Civil), além da INFRAERO para que se apure não apenas as
irregularidades cometidas no aeroporto, mas também as condições de registros das
aeronaves que são guardadas nos hangares e a utilização por aviões de outras
localidades que se utilizam da pista de pouso.
Existe a suspeita de irregularidades
tanto no registro dos aviões quanto no pouso e no tipo de mercadoria que pode
estar desembarcando no município, já que não existe controle nenhum por parte
das autoridades. E que se houver infração e crime os culpados sejam punidos”.
O Deputado Gustavo Perrella é votado
no município, e em junho de 2010 foi condecorado pelos bons serviços prestados
a Divinópolis e ao Guarani, time da cidade. A homenagem partiu do vereador
Edson Sousa (PDT).
O piloto Rogério Almeida Antunes,
preso pela Polícia Federal admitiu em depoimento que, pelo valor oferecido para
o transporte da mercadoria, imaginou que fosse droga. Rogério é funcionário da
Limeira Agropecuária, empresa comandada pelo deputado estadual Gustavo Perrella
(SDD), filho do senador Zezé Perrella (PDT-MG), ex-presidente do
Cruzeiro.
Rogério disse à PF que decidiu fazer
o voo diante de apelos de outro piloto, Alexandre José de Oliveira Júnior,
preso também no domingo. “Que questionado se perguntou o que era, respondeu que
não; que questionado quanto receberia pelo transporte do ilícito, respondeu que
seriam R$ 106 mil, mais as despesas da máquina; que pelo valor oferecido,
imaginou que fosse droga, que Alexandre (copiloto) parecia estar desesperado;
que resistiu em aceitar a proposta, mas depois acabou aceitando voar”, consta
na transcrição.
De acordo com a versão do advogado do
piloto, Nicácio Pedro Tiradentes, o voo com a droga foi autorizado. O advogado
garantiu que Rogério não sabia que transportava drogas e que foi informado pelo
copiloto Alexandre José de Oliveira Júnior, de 26 anos, que o carregamento era
insumo agrícola.
Alexandre, que no voo agiu como
copiloto, declarou à PF que um indivíduo chamado Harley prometeu a ele R$ 60
mil para fazer o voo e que o dinheiro seria dividido com Rogério. “Questionado
sobre se considera um comportamento razoável aceitar fazer o transporte de 400
kg de uma carga desconhecida ante a promessa de pagamento de um indivíduo que
praticamente desconhece, reconhece que não é um comportamento normal”, informou
Alexandre.
Os agentes da PF quiseram saber se os
patrões do piloto sabiam da carga transportada. “Questionado se o senador (Zezé
Perrella) ou alguma pessoa da empresa (Limeira Agropecuária) tinha conhecimento
do voo realizado para transporte de droga, respondeu que ninguém sabia do
transporte de droga, mas que eles autorizavam a realização de frete pelo interrogado,
ao preço de R$ 2 mil a hora”, esclareceu ele, segundo transcrição do
depoimento. “Questionado sobre a quantidade de horas desde quando começou o voo
para buscar e transportar a droga, respondeu que foram 18 horas”, acrescentou
Rogério.
Para descobrir a origem e o destino
da quase meia tonelada de cocaína encontrada no helicóptero a Polícia Federal
(PF) vai submeter à perícia os 11 celulares apreendidos com os quatro presos.
As ligações telefônicas podem ser a chave para elucidar a participação de
outras pessoas no tráfico de drogas. A perícia nos aparelhos começou na
segunda-feira (25) e o prazo máximo para a conclusão é de um mês, segundo o
delegado.
O delegado da Superintendência da PF
em Vitória (ES) Leonardo Damasceno expediu nessa quarta-feira (27) as cartas
precatórias para que os sócios da Limeira Agropecuária prestem depoimento à PF
em Belo Horizonte. Além do deputado estadual Gustavo Perrella, também são
sócios da empresa a irmã dele, Carolina Perrella e um sobrinho, André Almeida Costa.
A empresa foi criada em maio de 1999 e o senador deixou de ser sócio dela em
maio de 2008.
Trechos do depoimento de Rogério Almeida Antunes
“Que questionado se perguntou o que
era, respondeu que não; que questionado quanto receberia pelo transporte do
ilícito, respondeu que seriam R$ 106 mil, mais as despesas da máquina; que pelo
valor oferecido, imaginou que fosse droga, que Alexandre (copiloto) parecia
estar desesperado; que resistiu em aceitar a proposta, mas depois acabou
aceitando voar”.
“Que questionado se o senador (Zezé
Perrella) ou alguma pessoa da empresa (Limeira Agropecuária) tinha conhecimento
do voo realizado para transporte de droga, respondeu que ninguém sabia do
transporte de droga, mas eles autorizavam a realização de frete pelo
interrogado, ao preço de R$ 2 mil a hora; que questionado sobre a quantidade de
horas desde quando começou o voo para buscar e transportar a droga, respondeu
que foram 18 horas”.
O inquérito detalha também que a
droga apreendida era destinada a uma pessoa, que pegaria a carga em um posto de
gasolina na entrada da cidade de Afonso Cláudio, no Espírito Santo. Sabe-se
também que o helicóptero foi carregado próximo à cidade de Avaré (SP), distante
263 quilômetros da capital paulista. A primeira parada para abastecimento foi
no Campo de Marte, em São Paulo, e a segunda em Divinópolis, no Centro Oeste de
Minas.
A Assembleia Legislativa de Minas
banca o combustível do helicóptero do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD).
Entre janeiro e outubro deste ano, o parlamentar gastou R$ 14.071 com querosene
para avião, segundo o relatório do Portal da Transparência do Legislativo. O
Ministério Público de Minas informou que irá investigar o caso. A Casa ainda
pagava, desde abril, o salário de R$ 1.700 para o piloto que dirigia a
aeronave, Rogério Almeida.
O valor gasto só neste ano é
suficiente para a compra de 2.814 litros, levando em consideração que o litro de
querosene de avião custa R$ 5, segundo uma pesquisa da reportagem em empresas
especializadas. Com o total seria possível percorrer, no mínimo, 6.500
quilômetros.
O deputado Gustavo Perrella confirmou
nessa quarta que utiliza a verba indenizatória para encher o tanque da aeronave
Robinson R-66, que pertence à sua empresa Limeira Agropecuária e Participações
Ltda. Perrella reconhece, inclusive, que usa a máquina para deslocamentos
pessoais e da sua empresa, em sociedade com a irmã Carolina Perrella e o primo
André Almeida Costa.
Os abastecimentos com recursos da
verba indenizatória são regulares e só não aconteceram em fevereiro e abril
deste ano. Em junho, por exemplo, o valor gasto chegou a R$ 3.483. Em julho, no
recesso parlamentar, o deputado gastou R$ 1.547 em querosene de avião.
Por mês, cada parlamentar pode gastar
R$ 5.000 com combustível e lubrificante. A assessoria da Casa afirmou ontem que
o valor não poderia ser gasto com transporte aéreo, mas depois voltou atrás e
disse que os pagamentos, desde que fossem para viagens a trabalho, eram legais.
Ministério Público:
O promotor Eduardo Nepomuceno disse que há suspeita de
irregularidade e que irá abrir uma investigação. “Os gastos só podem ser para
uso do exercício do mandato. Lembro que o MP já investiga os gastos da mesma
natureza referentes a Zezé Perrella (senador, pai de Gustavo) no período em que
este foi deputado estadual”, explicou o promotor.