Publicado em 04/12/2013
Tancredo Neves:
1930 a 1934,
sua atuação no “Governo
Provisório"
Através
de seu concunhado Ernesto Dornelles,
utilizando-se
da traição e intriga contra os políticos mineiros,
Tancredo
Neves, agrada Getúlio Vargas
Olegário Maciel em 1930 foi indicado por Antônio
Carlos Ribeiro de Andrada para sucedê-lo na presidência de Minas, elegeu-se e
assumiu o cargo em 7 de setembro daquele ano. Após a posse de Olegário, seu
primo Gustavo Capanema foi imediatamente nomeado seu oficial de gabinete, e em
seguida, secretário do Interior e Justiça.
Partidário decidido do movimento revolucionário que
depôs o presidente Washington Luís e conduziu Vargas ao poder, em novembro de
1930, liderou em fevereiro de 1931, junto com Francisco Campos e Amaro Lanari,
a formação da “Legião de Outubro”, organização política criada em Minas Gerais
com a finalidade de oferecer apoio ao regime surgido da Revolução de 30.
A “Legião de Outubro”, que teve uma
existência breve e apresentava traços programáticos e organizativos semelhantes
aos movimentos fascistas, arregimentou o jovem Tancredo, incumbido de através
de seu concunhado Ernesto Dornelles, semear intriga dentro do governo Vargas no
intuito de enfraquecer Oswaldo Aranha que era contrário ao movimento, devido
sua prática fascista e a cooptação de lideranças políticas no Estado através do
oferecimento de vantagens.
A criação da “Legião de
Outubro” desagradou Artur Bernardes e seus seguidores dentro do PRM, e no dia
18 de agosto, durante uma tumultuada convenção do PRM, em Belo Horizonte, o
ministro Osvaldo Aranha articulou a deposição de Olegário Maciel, visando
colocar Virgílio de Melo Franco à frente do governo mineiro.
Com o beneplácito de Vargas, Aranha
ordenou ao comandante do 12º RI, coronel Júlio Pacheco de Assis, que assumisse
em caráter interino o Governo do Estado. Porém, Tancredo havia inadvertidamente
participado de uma reunião do PRM e avisara a Olegário, que respaldado pela
Força Pública e apoiado por Francisco Campos, Antônio Carlos e Venceslau Brás
conseguiu permanecer no Poder. Vários líderes do PRM, inclusive Bernardes,
foram detidos por terem-se manifestado a favor da queda de Olegário.
Olegário Maciel tentou reunir as
forças políticas mineiras no Partido Social Nacionalista, mas seus esforços não
lograram êxito em razão do Movimento Constitucionalista deflagrado por São
Paulo em 9 de julho de 1932. Se antes do conflito Olegário Maciel era
entusiasta da reconstitucionalização do Brasil, após o levante paulista
preferiu manter-se fiel ao Governo Federal, não apenas deslocando tropas de
Minas Gerais para combates na divisa com São Paulo, como também punindo quem
tentava dentro de Minas Gerais apoiar as ações paulistas, como era o caso de
Artur Bernardes e Venceslau Brás.
Com a morte de Olegário Maciel,
assumiu então interinamente o governo mineiro, substituindo o Presidente
Olegário, seu primo, o secretário do interior de Minas Gerais, Gustavo
Capanema, pois, seu vice Pedro Marques de Almeida havia renunciado ao cargo
para ser prefeito de Juiz de Fora.
Foi quando Getúlio Vargas nomeou como
interventor Benedito Valadares, e o concunhado de Tancredo Neves, Ernesto
Dornelles, como “chefe de polícia”, que através de Tancredo dava início ao
período sombrio de traição e perseguição as lideranças mineiras. Relatório
preparado a mão por Tancredo para seu concunhado entregar a Getúlio, foi
aprendido junto com o mesmo em Ponte Nova, por correligionários de Arthur
Bernardes.
No documento constava uma lista com o
nome de políticos, fazendeiros, donos de engenhos e tecelagem, mineiros já
contatados e dispostos a colaborar, assim como o “valor ou benefício
combinado”. O original deste relatório foi arquivado depois de transcrito
em livro público pelo tabelião Mario Cardoso, junto ao depoimento e confissão
de Tancredo prestado em Visconde do Rio Branco.
Em 1935, ano seguinte ao termino do
“Governo Provisório”, com apoio de Benedito Valadares elegeu-se vereador em São
João Del Rei.
Como dito na reportagem anterior,
esta documentação está sendo digitalizada para ser disponibilizada na internet,
com sua entrega ao Museu Mineiro, Biblioteca Nacional e a Fundação Getúlio
Vargas.