Flora
mineira
cada
vez mais pobre
Alessandra Mendes - Hoje em Dia
Alessandra Mendes - Hoje em Dia
Serra do
Cipó, em Minas, um dos locais visitados para a elaboração do livro
Uma em cada três espécies da flora mineira está
ameaçada de extinção. De um total de 2.056 espécies analisadas, 34% estão em
risco, situação que coloca o Estado como líder do ranking nacional de
vulnerabilidade das plantas. O alerta consta no Livro Vermelho da Flora do
Brasil, publicado este mês.
Por ser o estado com o maior número de espécies,
Minas concentra, por consequência, a maior quantidade de exemplares ameaçados.
“A grande extensão territorial, a diversidade de
atividades nas áreas que são habitat da flora e o fato de haver muitas espécies
endêmicas do Estado, ou seja, que só ocorrem ali, acabam justificando a
classificação”, explica o coordenador do Centro Nacional de Conservação da
Flora, Gustavo Martinelli.
RISCO NACIONAL
Ao todo, 4.617 espécies foram avaliadas em todo o
país. Dessas, 2.118 (45,9%) foram classificadas como ameaçadas. Elas se
encontram nas categorias vulnerável, em perigo e criticamente em perigo.
Mata atlântica e cerrado são os dois biomas em que
se verificou maior número de espécies ameaçadas, seguidos da caatinga e dos
pampas.
Quanto às espécies avaliadas, o grupo das
pteridófitas (que inclui samambaias, avencas e xaxins, por exemplo) é o que
mais está em risco, enquanto o das briófitas (musgos, dentre outros) é proporcionalmente
o menos ameaçado.
HOMEM PREDADOR
As principais causas para o problema em Minas são
mineração, agricultura, pecuária e crescimento populacional. “Se você está
destruindo o habitat onde essas espécies ocorrem, evidentemente você tem um sério
problema ambiental. A consequência pode ser o desaparecimento de exemplares,
como acontece atualmente”, afirma Martinelli.
O prejuízo, nessas circunstâncias, são
incalculáveis. Muitas espécies podem ter potencial econômico jamais descoberto
e explorado. Outras se perdem antes de terem contribuído para pesquisas, com
substâncias que podem ser usadas em prol da saúde humana.
Somados, todos os fatores negativos acabam
funcionando como um índice de meio ambiente. Um estado que tem muitas espécies
ameaçadas, como é o caso de Minas, também tem muitas atividades que vão contra
a preservação e a manutenção dos exemplares e perde possíveis benefícios
futuros.
Para o pesquisador, a solução para o entrave entre
a evolução natural das cidades e o cuidado com o meio ambiente passa pela
conscientização individual. “Claro que devemos buscar um mecanismo tecnológico
capaz de permitir crescimento com sustentabilidade. Mas isso passa primeiro
pelo processo de entendimento da importância do meio ambiente e dos recursos
naturais. É um desafio à sociedade”.