Publicado em 10/12/2013
A VINGANÇA DE TUMA JR,
O AMIGO DO CHEFE DA
MÁFIA CHINESA DE SP
Gravações mostraram conversas comprometedoras
de Li
com o então secretário nacional da Justiça,
Tuma Jr, nas conversas,ele faz encomendas a Li
Por Paulo Nogueira
Para quem quer entender como funciona a
mídia.
Li
Kwong Kwen foi preso, em 2010. A Polícia Federal apurou que ele, conhecido como
Paulo Li, era chefe de uma máfia chinesa que promovia contrabando de celulares
falsificados procedentes da China. A quadrilha também intermediava vistos de
permanência no Brasil para imigrantes chineses em situação irregular.
Gravações
mostraram conversas comprometedoras de Li com o então secretário nacional da
Justiça, Romeu Tuma Jr. Nas conversas, Tuma Jr chegou a fazer encomendas a Li.
Era
uma relação tão próxima que, quando foi preso,
na frente dos
agentes da Polícia Federal.
Coisas
do Brasil da governabilidade: Tuma Jr chegou à Secretaria Nacional de Justiça
numa negociação para que o partido de seu pai, Romeu Tuma, aderisse à base
aliada do governo Lula.
Para
encurtar, Tuma Jr acabaria demitido.
Três
anos depois, ele aparece com um livro no qual, segundo a Veja, existem
revelações “estarrecedoras”. Repare: não são “acusações”. São “revelações”. O
livro é assinado pelo jornalista Claudio Tognolli, parceiro de Lobão na
biografia 50 Anos a Mil.
Lobão,
no Twitter, vem promovendo intensamente o livro do parceiro. Tognolli, também
no Twitter, parece eufórico: “Está para sair minha biografia de Romeu Tuma: o
país vai ficar de joelhos.” Sobre Tognolli nada fala tanto quanto um tuíte no
qual ele define Chico, Caetano e Gil como “comunas”.
Você
pode imaginar quais são os alvos da vingança de Tuma Jr.
Ou melhor: o alvo.
Lula, Lula e ainda Lula.
Como
age a mídia nestes casos, além de tratar acusações como revelações? Esquecendo,
por exemplo, de dizer quem é o acusador e o que está por trás de suas
acusações.
Fiz
uma breve pesquisa e fui dar num artigo do jornalista Carlos Brickman de alguns
meses atrás, publicado no Observatório da Imprensa, de Alberto Dines.
Brickman
falava do livro, que estava por sair. Já no título o veredito de Brickman
estava manifestado: “Um livro fura a imprensa”. Quer dizer: se fura é porque é
sério, profundo, embasado.
Li
duas vezes o texto de Brickman em busca de alguma informação que me ajudasse a
entender quem é Tuma Jr, e o que estava por trás de suas acusações.
Nada.
Repito:
nada.
Não
há uma única menção às relações de Tuma Jr com a máfia chinesa, e sua
consequente demissão.
De
Brickman vou ao site da Veja. Topo com Reinaldo Azevedo. Em negrito, ele inicia
assim seu artigo:
“O
LIVRO-BOMBA – Tuma Jr. revela os detalhes do estado policial petista.”
Enfrentei,
estoicamente, o texto copioso de Azevedo. Como em Brickman, nem uma única
menção ao passado de Tuma Jr. Ao pobre leitor são negadas informações
essenciais se você quer cobrir com decência um caso de denúncia.
Vejo
que Tuma Jr, numa de suas mais estridentes acusações – ou “revelações” –,
invoca o pai morto.
Quer
dizer: o “documento” que ele apresenta no caso é a palavra, aspas, do pai
morto.
Isto
diz tudo.
Quanto
a mim, aguardo um livro-bomba de Carlinhos Cachoeira e Policarpo Júnior
com revelações devastadoras sobre Lula, e rio sozinho ao imaginar o
aproveitamento que a Veja dará a isso.