Publicado em 05/12/2013
Caso Alstom:
MPF e PF já voltam
a investigar a conta “Neves”
Após três anos do “arquivamento em pasta errada”,
pelo procurador De Grandis, requisições da
promotoria da Suíça voltam a tramitar no Brasil
Reportagem publicada pela revista
“IstoÉ” mostra que o procurador do Ministério Público Federal (MPF), Rodrigo De
Grandis, não deixou de responder somente um ofício do MP suíço, como vem sendo
divulgado, mas sim oito. Os pedidos de cooperação sobre o caso do propinoduto
tucano vêm sendo feitos desde 2010.
De acordo com a mesma reportagem, Rodrigo De
Grandis recebeu o primeiro documento relativo à investigação suíça em abril de
2010, o ofício 3365 encaminhado pelo Ministério da Justiça. De lá para cá,
houve ainda outros sete ofícios, todos não respondidos pelo procurador, que
teria sido contatado também por e-mail, além de ter tido conversas telefônicas
sobre o caso com autoridades em Brasília.
Em função da falta de cooperação do
MPF, chegou a se anunciar que os promotores suíços haviam decidido arquivar a
investigação contra acusados de participarem do esquema de distribuição de
propinas a políticos e funcionários públicos.
O ofício mencionado pelo procurador
pedia, entre outras diligências, que interrogasse quatro suspeitos do caso,
analisasse sua movimentação financeira no País e fizesse buscas na casa de João
Roberto Zaniboni, que foi diretor da estatal CPTM entre 1999 e 2003, nos
governos dos tucanos Mário Covas e Geraldo Alckmin, Zaniboni é acusado de ter
recebido US$ 836 mil em função do esquema.
A procuradoria suíça também solicitou
que fossem interrogados os consultores Arthur Teixeira, Sérgio Teixeira e José
Amaro Pinto Ramos, suspeitos de atuar como intermediários de pagamento de
propina pela Alstom. Os procuradores da Suíça apontam que Arthur Teixeira e
Sérgio Teixeira foram os responsáveis pelos repasses.
A respeito da falta de cooperação do
MPF brasileiro, De Grandis, que é o responsável pelas investigações sobre os
negócios da Alstom no Brasil, justificou que teria deixado de responder somente
a um pedido feito em 2011, arquivado em uma “pasta errada”.
Contudo, a Procuradoria-Geral da
República (PGR) informou que o acordo de cooperação com o MP suíço para
investigar o caso foi renovado e os pedidos de investigação feitos pelo órgão
já estão sendo atendidos.
O Conselho Nacional do Ministério
Público (CNMP) deu início a um procedimento preliminar para investigar a
conduta de Rodrigo de Grandis. O caso não será conduzido pelo procurador, que
está licenciado do cargo desde o mês passado até dezembro para concluir seu
mestrado.
Após perceber a falha administrativa,
a Procuradoria no Brasil disse que já avisou o Departamento de Recuperação de
Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) sobre o problema, e que as
autoridades suíças serão indagadas se ainda querem adotar medidas quanto aos
suspeitos.
Deve chegar, ainda esta semana, ao
Brasil uma cópia do processo da Cegelec - empresa comprada pela Alstom onde
consta um comunicado datado de outubro de 1997, relatando que; “Neves”,
recebera 8,5% da propina distribuída.
Notícias relacionadas:
· Ministério da Justiça cobrou de procurador apoio a investigação suíça a Justiça cobrou de procurador apoio a investigação suíça