21 de janeiro de 2014
Policiais criticam sistema
de metas do governo de MG
MARCELO PORTELA -
Agência Estado
Policiais de Minas Gerais e outros servidores da área de segurança do
Estado estão revoltados com o sistema de metas e bônus por desempenho adotados
pelo governo mineiro e temem que os problemas com o sistema se alastrem para
São Paulo, que acaba de adotar sistema semelhante. Em Minas, desde 2008, quando
implantado sistema de pagamento de prêmio de produtividade de acordo com o
desempenho, cerca de 30% do efetivo das polícias Civil e Militar são afastados
por problemas como estresse, depressão, arteriosclerose e diabetes, segundo
entidades ligadas às duas instituições.
"Esse sistema criou uma competição interclasses, sem falar que o
Estado não paga ou paga com atrasos. Isso intensifica os problemas de
saúde", disparou o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil
do Estado de Minas Gerais (Sindpol-MG), Denílson Martins. Ele se referia ao
fato de que o prêmio de produtividade de 2011 foi pago no passado e o de 2012
ainda não entrou na conta dos agentes.
De acordo com a Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de
Minas Gerais (Aspra-MG), a situação é a mesma nas corporações. Os militares
receberam o equivalente a 80% dos salários relativos ao mesmo porcentual das
metas alcançado em 2011 e a entidade alega que, em 2012, o índice de
cumprimento das metas chegou a 90%, mas o prêmio também não foi pago.
Até 2012, os servidores da área de segurança precisavam alcançar 60% da
meta estabelecida pelo governo para terem direito ao bônus, equivalente ao
porcentual alcançado em relação ao salário e pago a todos os profissionais. No
ano passado, porém, passou a ser exigido o cumprimento de 100% das metas para
que os profissionais tenham direito ao prêmio de produtividade e ainda está
sendo auferido qual foi o índice de cumprimento.
"A avaliação deveria ser sistêmica e não apenas pessoal, para
verificar as condições de trabalho", observou Denílson Martins. Ele deu
como exemplo a estrutura da Polícia Civil em Ipatinga, no Vale do Aço.
"Ela (estrutura) é a mesma em 30 anos, mas, nesse prazo, a população
dobrou e a criminalidade explodiu", disse.
Desde segunda-feira, 20, o Estado procura a Secretaria de Estado de
Planejamento e Gestão (Seplag) e a assessoria do governo para explicar como são
estabelecidas as metas, como elas são verificadas e quanto já foi desembolsado
com os prêmios de produtividade, mas até o fechamento desta edição não houve
retorno. O governo informou apenas que o bônus relativo a 2012 deve ser pago no
"primeiro trimestre". A reportagem apurou que, em 2011, teriam sido
desembolsados R$ 129 milhões com o prêmio, mas a criminalidade em Minas teria
crescido cerca de 30% no período.