Publicado em 06/01/2014
Advogado,
irmão do promotor André
Luiz,
foi preso para ser
eliminado
Relatório
comprova que grupo comandado pelo promotor André Luiz
tentou exterminar
seu irmão dentro do presídio ao colocá-lo com presos comuns
Por Marco Aurélio Carone
Após a publicação das reportagens; “Promotor que acusou irmão
transforma-se em principal suspeito”
e “Um promotor especializado em
fraudar para condenar”, Novojornal recebeu no final do ano passado uma denúncia informando que o promotor
André Luiz Garcia de Pinho planejara a morte de seu irmão Marco Antônio,
através de sua prisão ocorrida em fevereiro de 2010.
Nossa reportagem tentou sem sucesso, junto a Secretaria de Defesa Social
do Estado de Minas Gerais, respostas para as denúncias.
Diante da
negativa da Secretaria, Novojornal buscou informações junto a fontes do sistema
prisional, descobrindo que as informações recebidas eram verdadeiras, tendo
acesso ainda a documentos, comprovando que desde 2010 a Secretaria de Defesa
Social de Minas Gerais tinha conhecimento da tentativa de execução de Marco
Antônio, e que a mesma fora investigada depois do relatado no Boletim de
Ocorrência Interna do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional da
Gameleira, datado de 11 de fevereiro de 2010.
Ou seja;
“Senhor
Diretor, relato para o vosso conhecimento que durante o procedimento de bonde
(transferência), banho de sol, visita, estávamos o GM com todos os componentes
impedidos, quando o Coordenador França foi colocar o preso Marco Antonio Garcia
de Pinho no Pátio “B” juntamente com outros detentos do Bonde, o adverti de que
se tratava de um ex-policial e solicitei que o referido preso permanecesse sob
nossa responsabilidade até que fosse encontrado um lugar adequado para
colocá-lo, uma vez que o preso também é advogado-OAB 84289 e o mesmo informou
que estava na cela 4, quando um agente do qual não se sabe o nome, mas
lembra-se de suas características e que trabalha no plantão noturno, o retira
da cela dizendo que era a mando do Diretor desta, e o encaminhou para uma cela
próxima à entrada da unidade, segundo ainda relatou o preso que, há
aproximadamente uns sessenta marmitex com resto de comida e ratos.”
O documento comprova que por
ordens “do diretor”, o advogado Marco Antônio Garcia de Pinho, embora advogado
e ex-policial, com uma tatuagem da Polícia Civil mineira nas costas, foi
colocado no pátio junto com os detentos comuns, o que o levaria fatalmente a
morte, não fosse à intervenção do coordenador do presídio conforme narrado no
boletim comunicando o fato.
Relata ainda a briga causada com
agentes do sistema prisional da Gameleira, em função da intervenção do
coordenador para que a morte não se consumasse, e o horror vivido por Marco
Antônio no presídio ao ser colocado em uma cela junto com restos de comidas e
ratos. Embora a Secretaria de Defesa Social se recuse a informar, constatamos
que as investigações foram concluídas sem que os envolvidos fossem processados
ou punidos.
O caso envolvendo o promotor
mineiro André Luiz Garcia de Pinho e seu irmão Marco Antônio, demonstra a
cumplicidade do mundo oficial, comprovando o funcionamento também no sistema
prisional do esquema montado por integrantes do Ministério Público, Poder
Judiciário, Polícia Civil e agora da Secretaria de Defesa Social de Minas
Gerais.
O extermínio, isolamento e
exclusão dos “indesejados pela elite social e política”, que no passado ocorria
no Manicômio de Barbacena através de determinações “secretas”, judiciais,
médicas e até mesmo familiares, como narrado no livro “Holocausto brasileiro”,
da escritora mineira Daniela Arbex:
“Para milhares de pessoas, ao
longo do século XX, a estação ferroviária de Bias Fortes foi o destino final, o
ponto de chegada da última viagem de suas vidas. Como os trens que
transportavam judeus para os campos de concentração nazistas, o sombrio “trem
de doido” mineiro levava, todos os dias, não apenas pacientes psiquiátricos,
mas também homossexuais, prostitutas, epiléticos, mães solteiras, filhas
problemáticas, mendigos, alcoólatras, pessoas tristes, tímidas e todo o tipo de
gente considerada fora da norma social, para o Centro Hospitalar Psiquiátrico
de Barbacena”.
O governo mineiro que pretende
mostrar-se como modelo a ser implantado no País através da pretendida eleição
presidencial de seu principal líder, Aécio Neves, mantém hoje funcionando em
pleno Século XXI um modelo idêntico ao de Barbacena, em seu sistema
prisional. A exemplo do noticiado por diversas vezes pelo Novojornal, em relação à permanência
em prisão política, pois sem qualquer condenação, de Nilton Monteiro, pessoa
incômoda, pois desnudou com provas a corrupção da elite tucana mineira, através
da “Lista de Furnas” e “Mensalão Mineiro”.
Documentos que fundamentam a
matéria: