sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

GOVERNOS DE AÉCIO NEVES E ANASTASIA NÃO DERAM A PRIORIDADE DEVIDA È EDUCAÇÃO E OS RECURSOS FINANCEIROS NUNCA FORAM APLICADOS ADEQUADAMENTE...



FEVEREIRO / 2014
STF determina e Minas Gerais 
terá que adequar escolas


 As escolas estaduais mineiras terão que ser adaptadas para receber deficientes físicos.
O Supremo Tribunal Federal (STF)  determinou ao governo estadual que cumpra um decreto de 2004, que fixa prazo de dois anos e meio para que os prédios públicos se adaptem para receber os alunos. Este prazo já expirou. Além disso, até dezembro de 2014 toda a frota de transporte coletivo do estado terá que ser 100% adaptada para receber deficientes.
De acordo com o último censo, de 2010, existem hoje no Brasil 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o que representa 23,9% da população. Em Minas Gerais, são 4,4 milhões, ou 22,62% dos habitantes.
A decisão do STF foi tomada após o Estado recorrer de uma decisão judicial do Tribunal de Justiça mineiro ao julgar uma ação civil pública impetrada pelo Ministério Público Estadual. A Promotoria alegou falta de acessibilidade em uma unidade escolar de Uberlândia, no Triângulo mineiro.
A ministra relatora do caso, Carmén Lúcia Antunes, entendeu que o Supremo já tinha analisado matéria semelhante. “O Supremo Tribunal Federal assentou o direito dos portadores de necessidades especiais ao acesso a prédios públicos, devendo a Administração Pública providenciar as adaptações necessárias”, justificou.
Nas argumentações apresentadas ao Supremo, o Estado questionou os prazos inseridos no decreto federal. Segundo o procurador que assina a defesa, as datas não deveriam ser estabelecidas por decreto. Além disso, de acordo com ele, pelo princípio da separação dos poderes, não cabe ao Judiciário nem ao Ministério Público decidir quais as prioridades de investimentos do Estado.
“Neste sentido, é ocioso dizer que a definição das prioridades administrativas, sobretudo na área da educação cabe exclusivamente ao poder executivo. Por este motivo, não há como acolher a desamparada pretensão ministerial, já que conhecer e estabelecer as políticas públicas relativas à educação com adaptação dos prédios escolares, saber em que investir na área educacional, como investir, quanto investir e quando investir é assunto da alçada exclusiva do Administrador Público, não cabendo ao Ministério Público e nem mesmo ao Poder Judiciário, data vênia, qualquer ingerência”, argumentou.
O STF não acatou as justificativas rejeitando o recurso do governo. Agora, o Estado terá que promover alterações em todas as unidades. O decreto está em vigor desde 2004.
Ônibus terá que ser acessível até dezembro
Além das escolas estaduais, o transporte coletivo de todo o país terá que se adaptar para receber os 45 milhões de deficientes. O decreto federal que regulamenta lei sobre acessibilidade define como dezembro deste ano o prazo limite para que 100% da frota esteja adaptada.
De acordo com Maurício Alves Peçanha, presidente da Associação de Deficientes de Contagem e um dos representantes da Campanha Nacional pela Acessibilidade, infelizmente tanto prédios públicos quanto transporte coletivo ainda estão longe de cumprir integralmente o decreto 5.296. “Muitas escolas estaduais, por exemplo, não tem acessibilidade. Não falo na parte arquitetônica, mas na comunicação, na atitude. Quantas crianças e adolescentes estão longe da sala de aula porque não tem intérpretes de libras?”
Ele explicou que, no dia a dia, falta estrutura e gentileza. “Quantas vezes eu estava no ponto de ônibus e o motorista não parou e fez sinal de que a rampa estava estragada? Foram muitas vezes. Há ainda má vontade de trocadores e motoristas”, disse. Maurício é cadeirante. Ele acredita ser necessário uma mudança cultural. “ A discriminação continua. Ninguém pediu para ser deficiente. Somos 45 milhões de pessoas com deficiência. Quero que o Brasil seja um exemplo”.
Secretaria não comenta decisão

A Secretaria de Educação informou que as novas unidades escolares são adaptadas para receber deficientes. As unidades antigas recebem adaptações quando passam por reforma.
De acordo com a secretaria, quando um aluno informa ser deficiente, no ato da matrícula, e a escola não é adaptada, a unidade entra em contato com a pasta que providencia as mudanças necessárias.
A secretaria não divulgou dados sobre o número de unidades adaptadas e o remanescente. Também não comentou decisão do STF.

Estado não tem prazo definido

para adequações em escolas


Bruno Moreno - Hoje em Dia

O governador Antonio Anastasia (PSDB) afirmou na última quarta-feira (5) que não há um prazo para que o Governo do Estado crie condições de acessibilidade em todas as unidades escolares sob sua responsabilidade. Na última terça-feira, o Superior Tribunal Federal (STF) determinou que o governo estadual cumpra decreto de 2004, que fixou prazo de dois anos e meio para que todos os prédios públicos fossem acessíveis a portadores de necessidades especiais. Este prazo já expirou há sete anos.

Anastasia concordou com a decisão do STF, mas afirmou que é preciso tempo para resolver a situação. “É um processo. Não vou dizer que vou terminar este ano. Mas boa parte já estará feito. Naqueles que não serão reformados, faremos obras específicas para acessibilidade”, garantiu.

O governador disse que apoia a decisão, e que seu governo tem feito esforços para atender às exigências, mas a rede escolar é muito grande. “Sou totalmente à favor. E temos um programa que já existe, paulatino, de acessibilidade em todas as escolas estaduais. Nós temos mais de 4.200 prédios”, afirmou.
A secretária de Estado de Educação, Ana Lúcia Gazzola, disse que as obras de acessibilidade têm prioridade em sua secretaria. Entretanto, não há uma estimativa de quantos prédios escolares estão adequados.

Prioridade

“Nós temos um passivo. E este passivo é o que nós, de forma emergencial, estamos trabalhando. Não saberia o número exato de quais têm acessibilidade, quais não têm. Mas o que eu posso dizer é que é uma absoluta prioridade. Concordamos com a decisão do STF. No nosso caso, como rede estadual, ela reitera o que nós já estávamos fazendo”.

Falta recurso

Sobre o prazo estabelecido no decreto, Gazzola disse que há três anos trabalha para atender à norma, mas que não há recursos suficientes para resolver a questão rapidamente.
“Os orçamentos não caem do céu. São percentuais de impostos. Eu tenho que garantir folha, programas pedagógicos. Não posso pegar todo o dinheiro da educação e fazer acessibilidade. Se eu fizer isso, tenho que fechar as escolas, porque não terei dinheiro para gás, luz, telefone”, explicou.