1 DE MARÇO DE 2014
“ESCRAVIDÃO”
UMA OVA!
POVO QUER
MAIS MÉDICOS E MENOS DEMAGOGIA
A motivação do novo ataque em massa da mídia
oposicionista a programa tão bem recebido pela sociedade é puramente eleitoral
EDUARDO GUIMARÃES
Nos últimos dias, grandes grupos de mídia que fazem
oposição ao governo federal retomaram o ataque político-partidário-eleitoral ao
programa Mais Médicos. Esse ataque inspirou-se no corporativismo dos médicos
brasileiros, que declararam guerra o programa federal devido à má repercussão
do fato de que se recusam a trabalhar nas regiões mais afastadas e pobres das
cidades, dos Estados e do país.
Como sempre, o ataque
inicial a mais uma iniciativa do governo Dilma Rousseff (iniciativa que foi
recebida com entusiasmo pela maioria esmagadora dos brasileiros) coube à Rede
Globo, via "denúncia" no Jornal Nacional. Já fora assim com a redução
do valor das contas de luz e com a redução dos juros cobrados pelos bancos ao
consumidor.
Os médicos e a mídia
conseguiram um procurador do Ministério Público do Trabalho para dar curso ao
ataque racista desfechado contra médicos cubanos que desembarcaram em Fortaleza
(CE), ano passado. Na oportunidade, os profissionais cubanos, em grande parte
negros, foram vaiados e agredidos por médicos brasileiros brancos, sendo
chamados de "escravos", o que revoltou o país.
Este blog chegou a entrevistar o presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (SimeC), o
médico e ex-vereador José Maria Pontes, sobre a agressão que seus liderados
fizeram quando os médicos cubanos recém-chegados saíam de uma reunião em
Fortaleza. A entrevista repercutiu fortemente na internet e recomenda-se que
seja lida, no link indicado neste parágrafo.
O ataque do Jornal Nacional ao
Mais Médicos foi feito sob esse teor racista do sindicato dos Médicos do Ceará e se
espalhou pela mídia, como de costume.
A matéria se baseia no
escarcéu que um procurador do MPT amigo da mídia oposicionista e da oposição
propriamente dita está fazendo devido ao modelo de contratação de médicos
cubanos, que prevê que parte dos salários que receberão do governo brasileiro
vá para conta em nome deles em Cuba e, outra parte, vá para o Estado cubano.
Antes de prosseguir,
há que esclarecer que Cuba envia médicos para o mundo inteiro – inclusive para
países ricos da Europa – devido ao fato de que é o país que mais forma médicos
no mundo. E Cuba é o país que mais forma médicos porque, por lá, à diferença do
que acontece no Brasil, o Estado dá a qualquer um condições de passar mais de
uma década só estudando medicina, condição básica para se formar médico.
Ora, não parece justo
que quem passa tanto tempo sendo bancado pelo Estado para poder só estudar, ao
se formar devolva alguma coisa à mesma comunidade que, através dos seus
impostos, pagou os estudos e a subsistência daquele médico enquanto estudava?
Mas não é esse o ponto central do texto. O que espanta é a demagogia e a
burrice do ataque da mídia oposicionista e dos partidos de oposição ao Mais
Médicos – ataque cuja motivação encontra-se em pesquisa encomendada em novembro do ano passado pela Confederação
Nacional dos Transportes (CNT) ao instituto MDA, que detectou que o apoio ao
programa federal é de espantosos 84,3%.
Antes de prosseguir, vale informar que, no mesmo mês de novembro de 2013,
foi divulgada pesquisa conjunta do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), da
Fundação Getúlio Vargas e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) que confirmou essa enorme aprovação da população brasileira aos
princípios do programa Mais Médicos.
Retomando. A motivação
do novo ataque em massa da mídia oposicionista a programa tão bem recebido pela
sociedade é puramente eleitoral, pois acredita-se que esse programa pode
alavancar fortemente não só a reeleição da presidente Dilma Rousseff, mas a
candidatura do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha ao governo do Estado de
São Paulo.
Mas o pior não é essa
motivação político-partidária-eleitoral da mídia oposicionista e da oposição
propriamente dita ao atacarem programa tão necessário aos setores mais humildes
da população. O que espanta é a burrice de quem ataca.
Em vez de verificar os
resultados do programa Mais Médicos, a mídia fica martelando a tese esdrúxula
de que os médicos cubanos seriam "escravos" – tese que também encerra
viés racista devido à grande presença de profissionais negros entre esses
médicos –, apesar de eles estarem recebendo não apenas o salário nominal
divulgado pela mídia – que acaba de ser aumentado por acordo entre o governo
brasileiro e o cubano –, mas casa e comida de graça.
Para entender por que
a mídia se concentra na farsa sobre "escravidão" – que os médicos
cubanos que estão no país rejeitam peremptoriamente –, vale nos debruçarmos
sobre matéria do jornal Tribuna do Ceará que, essa sim, é jornalismo, pois
mostra como o Mais Médicos está melhorando a vida de pessoas que, muitas vezes,
nunca haviam se consultado com um médico.
Abaixo, a íntegra da
matéria.
—–
TRIBUNA DO CEARÁ
Fortaleza, 25 de fevereiro
de 2014
Apesar de estarem
adaptados ao Ceará, logo que chegaram ao estado os profissionais foram
agredidos verbalmente e chamados de 'escravos' por médicos brasileiros
Se alguns
profissionais estão com dificuldade de adaptação no Programa Mais Médicos
(dois, inclusive, desistiram), um casal de cubanos já se sente em casa. Eles
tiveram a sorte de desembarcar em Fortaleza juntos, em agosto de 2013, e ainda
atender a população da mesma cidade, Reriutaba, a 309 quilômetros de Fortaleza.
Isidro Rosales Castro,
de 49 anos, e Esperanza Anabel Dans Leon, de 48, deixaram Cuba com a vontade de
transformar a realidade do município, através do amor pela medicina. Eles
iniciaram os atendimentos em setembro do ano passado. Enquanto Isidro trabalha
no posto de saúde na zona rural da cidade, Esperanza atende em unidade na área
urbana.
Os cubanos trabalham
de segunda a sexta-feira, oito horas por dia, e oferecem atenção a toda
população, que o médico faz questão de chamar de "nossa". Eles
realizam visitas domiciliares a grupos prioritários, como idosos, acamados e
incapacitados, de acordo com as demandas da população e dos agentes
comunitários.
Nos momentos de
descanso, o casal volta para a residência, que – segundo Isidro – tem todas as
condições garantidas pela prefeitura e pela Secretaria de Saúde do Estado.
"As atenções por parte das autoridades locais são ótimas. Somos cinco
médicos do programa, todos cubanos, e temos condições excelentes de moradia e
de trabalho", conta.
O dia a dia dos
cubanos é bastante parecido com a rotina que levavam no país de origem.
Trabalham segundo o planejamento e aproveitam o fim de semana para assistir a
programas de televisão e sair para passear. "Temos muitas amizades que
visitamos e nos visitam, conhecemos bastante o Ceará e suas praias maravilhosas,
fundamentalmente Camocim".
Calor e comida
O calor do estado
"golpeou forte" o casal, como brinca o médico. Eles tiveram de se
adaptar. O calor humano da terra ajudou. "Aqui é maravilhoso, nos sentimos
como se fôssemos cearenses de toda a vida", diz Isidro.
O que falta, no
entanto, é Esperanza aprender a cozinhar uma verdadeira comida típica do Ceará.
Ela ainda sente dificuldade em fazer os pratos mais admirados pelo marido, como
feijoada, baião-de-dois e churrasco. "Eu faço muito pouco, mas vou aprender.
Gostamos de churrasco, e eu adoro frango a parmegiana".
O idioma português
também não foi aprendido com perfeição pelo casal. O que importa é que médicos
e pacientes se entendam, e a parceria está dando certo. Segundo Isidro, a
comunicação com a população permite uma boa relação. "Idioma não se
aprende em tão pouco tempo, mas estamos nos compreendendo mutuamente e isso
permite uma relação positiva entre médico, equipe de saúde e paciente",
explica.
—–
Eis por que a mídia
oposicionista, em vez de se debruçar sobre os resultados do programa Mais
Médicos, fica martelando essa questão absurda sobre "escravidão": o
programa é um sucesso. Se a população humilde e das regiões empobrecidas que
está sendo beneficiada fosse chamada a opinar, mandaria Globo e companhia
limitada se danarem. Diria que quer Mais Médicos e menos demagogia