domingo, 23 de março de 2014

QUANDO A GOVERNANÇA NÃO É BOA, OS FUNCIONÁRIOS FAZEM GREVE...

PUBLICADO EM 20/03/14
ANO ELEITORAL
Sindicatos
preparam greves

Paralisações devem ser intensificadas em abril, 

prazo-limite para a concessão de reajustes

Barulho. Trabalhadores da saúde podem ocupar as ruas neste ano novamente 
para pressionar governo a atender pauta de reivindicações
ISABELLA LACERDA

Em ano de Copa do Mundo e de eleições, as manifestações de rua devem ganhar aliados de peso no país: os servidores públicos. E o risco de grandes atos é ainda maior em Minas Gerais, especialmente em Belo Horizonte. Sindicatos de diversos setores do Estado planejam paralisações a partir de abril. Os atos, de acordo com representantes das categorias, vão ocorrer já prevendo dificuldades e o curto tempo para negociações com o governo estadual devido ao período eleitoral.

Sabendo do impacto negativo que os protestos geram nos governos, o funcionalismo público pretende usar as greves como forma de pressão nos Executivos. Nacionalmente, a Presidência da República tem tentado se precaver desses grandes atos. Não por acaso, a Secretaria Geral do Planalto encomendou documento, batizado de “Diagnóstico Preliminar da Copa”, no qual é apontado, entre outros aspectos, o risco de manifestações nas 12 cidades-sede do torneio. E o diagnóstico encontrado em Belo Horizonte é de que as greves de servidores podem “engrossar as manifestações”.

Em Minas, servidores da Saúde e da Educação e auditores fiscais garantem já ter apresentado suas reivindicações. Mas, por ainda não terem sido atendidos, não descartam parar de trabalhar. O caso mais grave parece ser o do ensino. A coordenadora geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas (Sind-UTE),

Beatriz Cerqueira, afirma que a campanha por melhores condições de trabalho começou em janeiro e, apesar do pedido de negociação com o Estado já ter sido feito, ainda não houve uma conversa. “Nossos pedidos não foram atendidos.
Estamos no nosso terceiro dia de greve nacional e a próxima paralisação estadual está programada para 24 de abril”, explica.

Coordenador do Sindicato da Saúde de Minas (Sind-Saúde), Renato Almeida de Barros explica que a categoria vai se reunir no próximo dia 25 para ouvir a proposta do governo. Caso as reivindicações não sejam atendidas, é grande a chance de greve. “Entendemos que o governo tem que tomar uma posição antes de 8 de abril, já que nossos pedidos envolvem impactos financeiros e a legislação eleitoral não permite concessão de benefícios aos servidores a menos de seis meses da eleição”, justifica.

Segundo ele, a chance de haver movimento unificado dos servidores mineiros é grande, já que “o governo não avança na pauta há quatro anos”. “O sentimento de insatisfação é geral. Não nos interessa se é ano de eleição e se o governo tem outros problemas”, diz Barros.

Já a presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual (Sindifisco-MG), Deliane Lemos, garante que a categoria vai definir em abril a pauta de reivindicações. “Se não formos atendidos, vamos programar os atos. Neste ano, por ser ano de Copa e eleição, terá muitos movimentos. Em maio e junho, as greves devem se intensificar. Vamos aproveitar que as atenções e a mídia estarão voltadas para cá”, argumenta Deliane.
Já começou:
Municipal. 
Cerca de cem servidores da Prefeitura de Belo Horizonte paralisaram ontem as atividades para debater o valor do reajuste salarial único para todos os funcionários municipais. Uma passeata também foi realizada até a porta da sede do Executivo.

Estadual. 
Já o Sindicato dos Metroviários de Minas paralisou por 24 horas para chamar a atenção para possível privatização do setor na capital.


PUBLICADO EM 22/03/14
CAMPANHA SALARIAL

Educação faz novo protesto
por melhorias para a categoria
Após assembléia geral, servidores
se manifestaram na prefeitura
Servidores percorreram ruas do centro de Betim em protesto na manhã de ontem

JOSÉ AUGUSTO

Os servidores municipais da educação de Betim, na região metropolitana, realizaram mais um protesto na manhã de ontem em repúdio à falta de negociação com a prefeitura em relação às reivindicações da categoria.
Após a realização de uma assembléia geral, que, de acordo com o sindicato, contou com mais de 400 servidores, os manifestantes foram em passeata para a sede da prefeitura com faixas, e cartazes e apitos e percorreram o Centro Administrativo.
Na assembléia, os trabalhadores aprovaram um calendário de manifestações que se iniciará na próxima quinta-feira, 25. “Aprovamos esse calendário mais agressivo porque não estamos tendo retorno nenhum à nossa pauta. Vamos iniciar só na próxima quinta porque temos que notificar a prefeitura com 72 horas de antecedência. Por isso, notificamos hoje (ontem) a administração municipal”, explicou a diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE), Denise Romano.
Ações
A assembléia aprovou a redução de módulo no ensino fundamental nos próximos dias 27, 28, 31 de março e 1º de abril. Já as atividades da educação infantil serão totalmente paralisadas nos dias 27 de março, 1º e 2 de abril.
“No dia 1º de abril, vamos fazer um ato público na praça Tiradentes, no centro, porque no ano passado o prefeito assinou o acordo de alguns pontos da campanha salarial, mas não cumpriu. Também serão feitas panfletagens nos bairros explicando aos moradores o porquê do nosso movimento”, completou.
Ainda de acordo com a sindicalista, desde o dia 10 de fevereiro, data em que foi protocolada a pauta de reivindicações da categoria, a prefeitura não deu nenhuma resposta. “É lamentável uma situação dessas”, enfatizou Denise.
As principais reivindicações da categoria são um reajuste salarial de 34%, o que inclui o aumento do piso nacional dos profissionais, de 8,32%, mais a reposição das perdas inflacionárias dos últimos anos, isonomia salarial e a realização de concurso público para agente de serviços gerais.
Saúde
Auxiliares e técnicos em enfermagem, além de enfermeiros, irão se reunir na próxima semana para uma assembléia, com indicativo de greve.
Os agentes de saúde estão há 41 dias parados.
Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Betim informou que a primeira reunião referente à mesa de negociações com entidades sindicais foi agendada para o dia 2 de abril, no Centro Administrativo. “O Sind-UTE, assim como todos os outros sindicatos que representam o funcionalismo, será convocado por meio de ofício para o encontro entre as partes”, diz a nota.
Ainda de acordo com o governo municipal, a data de abertura da mesa de negociações foi definida na manhã de ontem, após uma reunião da comissão que representa os poderes Executivo e Legislativo no processo de acordo, que conta com sete secretários municipais e dois vereadores.
“Essa comissão ainda se reunirá mais duas vezes, antes da abertura da mesa, para avaliar as propostas protocoladas pelos sindicatos”, informou a nota.