PUBLICADO EM 20/03/14
ANO ELEITORAL
Sindicatos
preparam greves
Paralisações devem ser intensificadas em abril,
prazo-limite para a concessão de reajustes
Barulho. Trabalhadores da saúde podem ocupar as ruas neste
ano novamente
para pressionar governo a atender pauta de reivindicações
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ISABELLA LACERDA
Em
ano de Copa do Mundo e de eleições, as manifestações de rua devem ganhar
aliados de peso no país: os servidores públicos. E o risco de grandes atos é
ainda maior em Minas Gerais, especialmente em Belo Horizonte. Sindicatos de
diversos setores do Estado planejam paralisações a partir de abril. Os atos, de
acordo com representantes das categorias, vão ocorrer já prevendo dificuldades
e o curto tempo para negociações com o governo estadual devido ao período
eleitoral.
Sabendo do impacto negativo que os protestos geram nos governos, o
funcionalismo público pretende usar as greves como forma de pressão nos
Executivos. Nacionalmente, a Presidência da República tem tentado se precaver
desses grandes atos. Não por acaso, a Secretaria Geral do Planalto encomendou
documento, batizado de “Diagnóstico Preliminar da Copa”, no qual é apontado,
entre outros aspectos, o risco de manifestações nas 12 cidades-sede do torneio.
E o diagnóstico encontrado em Belo Horizonte é de que as greves de servidores
podem “engrossar as manifestações”.
Em Minas, servidores da Saúde e da Educação e auditores fiscais
garantem já ter apresentado suas reivindicações. Mas, por ainda não terem sido
atendidos, não descartam parar de trabalhar. O caso mais grave parece ser o do
ensino. A coordenadora geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação
de Minas (Sind-UTE),
Beatriz Cerqueira, afirma que a campanha por melhores condições de
trabalho começou em janeiro e, apesar do pedido de negociação com o Estado já
ter sido feito, ainda não houve uma conversa. “Nossos pedidos não foram
atendidos.
Estamos no nosso terceiro dia de greve nacional e a próxima
paralisação estadual está programada para 24 de abril”, explica.
Coordenador do Sindicato da Saúde de Minas (Sind-Saúde), Renato
Almeida de Barros explica que a categoria vai se reunir no próximo dia 25 para
ouvir a proposta do governo. Caso as reivindicações não sejam atendidas, é
grande a chance de greve. “Entendemos que o governo tem que tomar uma posição
antes de 8 de abril, já que nossos pedidos envolvem impactos financeiros e a
legislação eleitoral não permite concessão de benefícios aos servidores a menos
de seis meses da eleição”, justifica.
Segundo ele, a chance de haver movimento unificado dos servidores
mineiros é grande, já que “o governo não avança na pauta há quatro anos”. “O
sentimento de insatisfação é geral. Não nos interessa se é ano de eleição e se
o governo tem outros problemas”, diz Barros.
Já a presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita
Estadual (Sindifisco-MG), Deliane Lemos, garante que a categoria vai definir em
abril a pauta de reivindicações. “Se não formos atendidos, vamos programar os
atos. Neste ano, por ser ano de Copa e eleição, terá muitos movimentos. Em maio
e junho, as greves devem se intensificar. Vamos aproveitar que as atenções e a
mídia estarão voltadas para cá”, argumenta Deliane.
Já começou:
Municipal.
Cerca de cem servidores da Prefeitura de Belo
Horizonte paralisaram ontem as atividades para debater o valor do reajuste
salarial único para todos os funcionários municipais. Uma passeata também foi
realizada até a porta da sede do Executivo.
Estadual.
Já o Sindicato dos Metroviários de Minas
paralisou por 24 horas para chamar a atenção para possível privatização do
setor na capital.
PUBLICADO EM 22/03/14
CAMPANHA SALARIAL
Educação faz novo protesto
por melhorias para a categoria
Após assembléia geral,
servidores
se manifestaram na prefeitura
Servidores
percorreram ruas do centro de Betim em
protesto na manhã de ontem
JOSÉ AUGUSTO
Os servidores municipais da
educação de Betim, na região metropolitana, realizaram mais um protesto na
manhã de ontem em repúdio à falta de negociação com a prefeitura em relação às
reivindicações da categoria.
Após a realização de uma assembléia
geral, que, de acordo com o sindicato, contou com mais de 400 servidores, os
manifestantes foram em passeata para a sede da prefeitura com faixas, e
cartazes e apitos e percorreram o Centro Administrativo.
Na assembléia, os trabalhadores aprovaram
um calendário de manifestações que se iniciará na próxima quinta-feira, 25.
“Aprovamos esse calendário mais agressivo porque não estamos tendo retorno
nenhum à nossa pauta. Vamos iniciar só na próxima quinta porque temos que
notificar a prefeitura com 72 horas de antecedência. Por isso, notificamos hoje
(ontem) a administração municipal”, explicou a diretora do Sindicato Único dos
Trabalhadores em Educação (Sind-UTE), Denise Romano.
Ações
A assembléia aprovou a redução de
módulo no ensino fundamental nos próximos dias 27, 28, 31 de março e 1º de
abril. Já as atividades da educação infantil serão totalmente paralisadas nos
dias 27 de março, 1º e 2 de abril.
“No dia 1º de abril, vamos fazer
um ato público na praça Tiradentes, no centro, porque no ano passado o prefeito
assinou o acordo de alguns pontos da campanha salarial, mas não cumpriu. Também
serão feitas panfletagens nos bairros explicando aos moradores o porquê do
nosso movimento”, completou.
Ainda de acordo com a
sindicalista, desde o dia 10 de fevereiro, data em que foi protocolada a pauta
de reivindicações da categoria, a prefeitura não deu nenhuma resposta. “É
lamentável uma situação dessas”, enfatizou Denise.
As principais reivindicações da
categoria são um reajuste salarial de 34%, o que inclui o aumento do piso
nacional dos profissionais, de 8,32%, mais a reposição das perdas
inflacionárias dos últimos anos, isonomia salarial e a realização de concurso
público para agente de serviços gerais.
Saúde
Auxiliares e técnicos em
enfermagem, além de enfermeiros, irão se reunir na próxima semana para uma
assembléia, com indicativo de greve.
Os agentes de saúde estão há 41
dias parados.
Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Betim
informou que a primeira reunião referente à mesa de negociações com entidades
sindicais foi agendada para o dia 2 de abril, no Centro Administrativo. “O
Sind-UTE, assim como todos os outros sindicatos que representam o funcionalismo,
será convocado por meio de ofício para o encontro entre as partes”, diz a nota.
Ainda de acordo com o governo
municipal, a data de abertura da mesa de negociações foi definida na manhã de
ontem, após uma reunião da comissão que representa os poderes Executivo e
Legislativo no processo de acordo, que conta com sete secretários municipais e
dois vereadores.
“Essa comissão ainda se reunirá
mais duas vezes, antes da abertura da mesa, para avaliar as propostas
protocoladas pelos sindicatos”, informou a nota.