PUBLICADO EM 28/05/14
CRIMINALIDADE
ALTA
Traficantes estocam drogas
de olho na demanda da Copa
Média mensal de apreensões de cocaína em Minas subiu 293% em 2014,
na comparação com o ano passado
Belvedere. Operação da Polícia Civil fechou casa que
era usada para guardar 1,5 tonelada de drogas |
BERNARDO MIRANDA
A média mensal de apreensões de
cocaína em Minas Gerais cresceu 293% em 2014, na comparação com o ano
passado.[NORMAL_A] No caso da maconha, o aumento foi de até 22%. Quando
consideradas as drogas em geral, o percentual é de 10%. A Polícia Civil afirma
que reforçou as operações de combate ao tráfico, mas aponta a realização da
Copa do Mundo no Brasil como o principal motivador da maior circulação de
entorpecentes, uma vez que os criminosos estão intensificando as atividades a
fim de garantir estoque de “mercadoria” no Mundial.
No ano de 2014, foram 409 ocorrências de apreensão de cocaína em Minas por mês, segundo dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Em 2013, a média mensal foi de 104 ocorrências, o que representa alta de 293%
O chefe do Departamento de
Investigação Antidrogas da Polícia Civil, delegado Márcio Lobato, explica que o
tráfico funciona como qualquer outro comércio, com a lei da oferta e da
procura. Como vai haver uma circulação maior de pessoas, inclusive turistas
durante os jogos, os traficantes querem aproveitar o momento para lucrar mais.
“Eles precisam ter o produto em quantidade suficiente para ofertar, senão abrem
concorrência e perdem os clientes. Por isso, estão trazendo quantidades
maiores”, explica o delegado. Ele ainda destaca que o clima de festa gerado
pela Copa é propenso a um maior consumo. O principal destino das drogas
apreendidas é a região metropolitana de Belo Horizonte, conforme o policial.
Segundo Lobato, em todo o ano passado foram apreendidas quatro toneladas de drogas pela Polícia Civil. Somente nos últimos dois meses, foram mais de 2,7 toneladas encontradas em operações da corporação. Se levarmos em conta as apreensões da Polícia Federal no Estado, esse número sobe para 11 toneladas. “Para além da Copa, estamos intensificando nossas investigações e realizando mais operações”, conta o delegado. A Polícia Federal foi procurada durante a última semana, mas não quis se manifestar.
Análise. Na avaliação do especialista em segurança pública Robson Sávio, a Copa pode ter gerado uma movimentação maior de drogas, mas ele pondera que o reforço do aparato policial feito no ano do Mundial também pode ter influenciado.
“Às vezes, esse número maior vem de
uma presença mais ostensiva do aparato policial e de maior empenho nos serviços
de inteligência. O que é certo é que o que é apreendido representa apenas a
ponta do iceberg do volume de drogas que chega ao Brasil”, afirma.
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