3 DE AGOSTO DE 2014
FENAJ VÊ
"CERCEAMENTO E INIBIÇÃO"
DO JORNALISMO EM AÇÕES
DE
POLÍTICOS
"Essas ações, de
políticos em tempo de eleições, crescendo contra jornalistas e veículos de
imprensa, caracterizam uma tendência ao cerceamento do trabalho. É uma inibição
da atividade jornalística, o que é prejudicial para a democracia", afirma
o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Celso Schröder; ele
ressalta que contra o "exagero e equívoco" do jornalista, devem ser
aplicados mecanismos "a posteriori" e não se estabelecer proibições
prévias; ele afirma que o político deve compreender a "dimensão
pública" da sua atividade; "Quanto mais ele se joga na vida pública,
mais pública se torna a vida dele", completa; Schröder diz haver no país
"uma indústria de indenizações"; em Sergipe, em 30 dias, foram 50
representações de candidatos contra profissionais da imprensa
Valter Lima, do Sergipe 247 - O presidente da
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, disse, em
entrevista ao Sergipe 247, que a falta de uma Lei de Imprensa no Brasil tem
prejudicado a atividade jornalística no país, provocando a judicialização
excessiva do trabalho dos jornalistas, o que, na visão dele, é prejudicial para
a democracia. Ele vê com preocupação o grande número de representações dos
políticos contra jornalistas. Só em Sergipe, nos primeiros 30 dias da campanha
eleitoral, foram abertos 50 processos contra profissionais da comunicação
(relembre aqui).
"Essas
ações, de políticos em tempo de eleições, crescendo contra jornalistas e
veículos de imprensa, caracterizam uma tendência ao cerceamento do trabalho.
Não chega a ser uma censura, porque dizer isso é um exagero, mas é uma inibição
da atividade jornalística, o que é prejudicial para a democracia", afirmou
Schröder.
Ele ressalta que contra o "exagero e equívoco" do
jornalista, devem ser aplicados mecanismos "a posteriori" e não se
estabelecer proibições prévias. "Um blog fora do ar, um jornal impedido de
citar determinados candidatos me parece muito prejudicial", avaliza.
Para o presidente da Fenaj,
existe um processo perigoso do Judiciário interferindo no Jornalismo. "É
um grave entrave para a atividade jornalística. Há um olhar que tem privatizado
aquilo que é público e retirando dos jornalistas prerrogativas dele, que é
informar a sociedade.
O que está acontecendo
é que jornais e jornalistas estão sendo levados às instâncias civil e criminal
e que os juízes estão julgando a partir das suas experiências nestes campos sem
levar em consideração a atividade jornalística", afirmou.
Ele afirma que o político
deve compreender a "dimensão pública" da sua atividade. "Os
políticos devem compreender que a dimensão pública de suas vidas é muito maior
do que a das pessoas comuns. Quanto mais ele se joga na vida pública, mais
pública se torna a vida dele.
Os juízes não podem atribuir a alguém que está pleiteando um
cargo público uma dimensão privada, de restringir o acesso dos eleitores. É
óbvio que há dimensões da vida privada que precisam ser preservadas, mas há
outros espaços, que quando me proponho a ser homem público, não posso
reivindicar certo grau de privacidade", ressalta.
"INDÚSTRIA
DE INDENIZAÇÕES"
É neste contexto que Celso
Schröder defende a criação de uma Lei de Imprensa, para dar segurança tanto à
sociedade quanto aos jornalistas.
"Neste momento, a sociedade está sem ferramentas, com o fim
da lei de imprensa, para reagir a equívocos da nossa atividade profissional e
nós também ficamos sem ferramentas de proteção. Precisamos urgentemente de uma
nova lei, que leve em conta a atividade jornalística, para que a sociedade
possa se defender melhor, e os jornalistas possam se proteger de ações que
acabam por inibi-lo", afirmou.
Celso enxerga na
judicialização um "defeito do Brasil", o que gera uma "indústria
de indenizações", a ponto de "inviabilizar" empresas pequenas de
comunicação, por conta de multas recorrentes. Em decorrência disso, ele também
alerta os jornalistas sobre a conduta profissional.
"A regra para os
jornalistas e empresas é ter cuidado em sua atividade, para produzir um bom
jornalista. Aos juízes, deve haver parcimônia para compreender que há uma
diferença entre o público e o privado. E o público quem decide é o jornalista.
Se ele errar neste Julgamento, ele será condenado à posteriori e não
preventivamente, que é um problema que se estabelece", diz.
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