quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A PRETENSA DEMOCRACIA, O QUE AINDA NÃO TEMOS EM NOSSO PAÍS... ELITE E SISTEMA FINANCEIRO NÃO GOSTAM DE JORNALISTAS QUE DENUNCIAM AS CONVENIÊNCIAS E FALCATRUAS... E O JUDICIÁRIO SEGUE NESTE CONLUIO...


3 DE AGOSTO DE 2014

FENAJ VÊ
"CERCEAMENTO E INIBIÇÃO"
DO JORNALISMO EM AÇÕES
DE POLÍTICOS

"Essas ações, de políticos em tempo de eleições, crescendo contra jornalistas e veículos de imprensa, caracterizam uma tendência ao cerceamento do trabalho. É uma inibição da atividade jornalística, o que é prejudicial para a democracia", afirma o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Celso Schröder; ele ressalta que contra o "exagero e equívoco" do jornalista, devem ser aplicados mecanismos "a posteriori" e não se estabelecer proibições prévias; ele afirma que o político deve compreender a "dimensão pública" da sua atividade; "Quanto mais ele se joga na vida pública, mais pública se torna a vida dele", completa; Schröder diz haver no país "uma indústria de indenizações"; em Sergipe, em 30 dias, foram 50 representações de candidatos contra profissionais da imprensa

Valter Lima, do Sergipe 247 O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, disse, em entrevista ao Sergipe 247, que a falta de uma Lei de Imprensa no Brasil tem prejudicado a atividade jornalística no país, provocando a judicialização excessiva do trabalho dos jornalistas, o que, na visão dele, é prejudicial para a democracia. Ele vê com preocupação o grande número de representações dos políticos contra jornalistas. Só em Sergipe, nos primeiros 30 dias da campanha eleitoral, foram abertos 50 processos contra profissionais da comunicação (relembre aqui).

"Essas ações, de políticos em tempo de eleições, crescendo contra jornalistas e veículos de imprensa, caracterizam uma tendência ao cerceamento do trabalho. Não chega a ser uma censura, porque dizer isso é um exagero, mas é uma inibição da atividade jornalística, o que é prejudicial para a democracia", afirmou Schröder.

Ele ressalta que contra o "exagero e equívoco" do jornalista, devem ser aplicados mecanismos "a posteriori" e não se estabelecer proibições prévias. "Um blog fora do ar, um jornal impedido de citar determinados candidatos me parece muito prejudicial", avaliza.
Para o presidente da Fenaj, existe um processo perigoso do Judiciário interferindo no Jornalismo. "É um grave entrave para a atividade jornalística. Há um olhar que tem privatizado aquilo que é público e retirando dos jornalistas prerrogativas dele, que é informar a sociedade.
O que está acontecendo é que jornais e jornalistas estão sendo levados às instâncias civil e criminal e que os juízes estão julgando a partir das suas experiências nestes campos sem levar em consideração a atividade jornalística", afirmou.
Ele afirma que o político deve compreender a "dimensão pública" da sua atividade. "Os políticos devem compreender que a dimensão pública de suas vidas é muito maior do que a das pessoas comuns. Quanto mais ele se joga na vida pública, mais pública se torna a vida dele.
Os juízes não podem atribuir a alguém que está pleiteando um cargo público uma dimensão privada, de restringir o acesso dos eleitores. É óbvio que há dimensões da vida privada que precisam ser preservadas, mas há outros espaços, que quando me proponho a ser homem público, não posso reivindicar certo grau de privacidade", ressalta.
"INDÚSTRIA DE INDENIZAÇÕES"

É neste contexto que Celso Schröder defende a criação de uma Lei de Imprensa, para dar segurança tanto à sociedade quanto aos jornalistas.
"Neste momento, a sociedade está sem ferramentas, com o fim da lei de imprensa, para reagir a equívocos da nossa atividade profissional e nós também ficamos sem ferramentas de proteção. Precisamos urgentemente de uma nova lei, que leve em conta a atividade jornalística, para que a sociedade possa se defender melhor, e os jornalistas possam se proteger de ações que acabam por inibi-lo", afirmou.
Celso enxerga na judicialização um "defeito do Brasil", o que gera uma "indústria de indenizações", a ponto de "inviabilizar" empresas pequenas de comunicação, por conta de multas recorrentes. Em decorrência disso, ele também alerta os jornalistas sobre a conduta profissional.
"A regra para os jornalistas e empresas é ter cuidado em sua atividade, para produzir um bom jornalista. Aos juízes, deve haver parcimônia para compreender que há uma diferença entre o público e o privado. E o público quem decide é o jornalista. Se ele errar neste Julgamento, ele será condenado à posteriori e não preventivamente, que é um problema que se estabelece", diz.