Colunista
Luis Nassif diz que Marina Silva é uma incógnita por não ter grupo político e
por sua forte personalidade, “que nunca foi de admitir ser conduzida por ninguém”;
ele afirma ainda que Dilma Rousseff e Aécio Neves são escolhas
opostas,
porém racionais.
247 – O colunista Luis Nassif faz um alerta sobre um eventual
governo de Marina Silva. Ele prevê caos por ela não ter grupo político e por
sua forte personalidade, “que nunca foi de admitir ser conduzida por ninguém”.
Em contrapartida, afirma que Dilma Rousseff e
Aécio Neves são
escolhas opostas, porém racionais. Leia o artigo publicado no Jornal GGN:
A aposta em Marina Silva é de alto
risco por várias razões.
Dilma Rousseff e Aécio Neves
representam forças claras e explícitas e são personalidades racionais.
Dilma defende um
neo-desenvolvimentismo com uma atuação proativa do Estado e Aécio a volta ao
neoliberalismo de Fernando Henrique Cardoso.
Em 2011, o pânico em relação à
inflação tirou Dilma do prumo. Mas ela tem ideias claras sobre o país e sobre o
que quer: política industrial, investimentos em infraestrutura, aprofundamento
do social.
Podem ser apontados inúmeros vícios
de gestão, mas também tem feitos consagradores, como a própria política do
pré-sal, a construção da indústria naval, o Pronatec, Brasil Sem Miséria e um
conjunto de obras – especialmente na área de energia.
Mesmo sua teimosia mais arraigada
não chega perto do risco da desestabilização – apesar do terrorismo praticado
por parte do mercado.
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Com Aécio, a economia será submetida
novamente a uma política de arrocho fiscal. Haverá refluxo na atuação do BNDES,
fim das políticas de incentivo fiscal, redução da ênfase nas políticas sociais,
interrupção no processo de reaparelhamento técnico do Estado. Se venderá
novamente o peixe da “lição de casa” e do pote de ouro no fim do arco-íris.
Assim como FHC, Aécio estará ausente
do dia a dia. Mas certamente se cercará de um Ministério de primeira grandeza e
há uma lógica econômica por trás de suas propostas.
Até onde pretenderá chegar com o
desmonte do Estado social, é uma incógnita. Mas age com racionalidade.
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Já Marina é uma incógnita completa.
Primeiro, pelos grupos que a cercam
e que querem um pedaço desse latifúndio. E ela não tem um grupo para chamar de
seu, a não ser para o tema restrito do meio ambiente.
Haverá uma disputa dura para saber
quem a levará pela mão: economistas de mercado, os grandes empresários
paulistas, ambientalistas radicais, os egressos do PSB e – se Marina se
consolidar – os trânsfugas do PSDB paulista.
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O segundo dado é o mais confuso: a personalidade de Marina
que nunca foi de admitir ser conduzida por ninguém.
Os que conviveram com Marina no
governo reforçam algumas características:
1. Dificuldade em entender economias
industriais.
2. Baixo pique operacional.
Praticamente não conseguiu colocar de pé nenhuma de suas propostas à frente do
Ministério do Meio Ambiente.
3. Jogo de cintura nenhum.
Tudo isso seria contornável, não
fosse um aspecto de sua personalidade: teimosia e voluntarismo exacerbados. No
governo Lula era quase impossível a outros Ministros definir pactos com Marina.
Nas vezes em que era derrotada, costumava se auto-vitimizar.
Os empresários paulistas que
apoiaram sua candidatura estavam atrás do símbolo político, o Lula de saias, o
Avatar dos novos tempos. Vice de Eduardo Campos seria o melhor dos mundos, pois
o presidente asseguraria a racionalidade do governo.
Colocaram como seus porta-vozes
economistas, importaram o brasilianista André Lara Rezende, que encontrou a
melhor síntese para casar o livre mercadismo com as propostas ambientalistas de
Marina: o país não pode crescer para não comprometer o equilíbrio do meio
ambiente mundial. Quem chegou, chegou, quem não chegou não chega mais.
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Experiências recentes do país indicam que o componente pessoal, a psicologia
individual é um ponto relevante na análise de figuras públicas.
Resta saber se o país está disposto
a pagar para ver.
Para os mercadistas: aguardem um mês
de campanha antes de iniciar a cristinianização de Aécio, para poder entender
melhor a personalidade de Marina.
É preferível um Aécio na mão que duas Marinas voando.
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