segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

ESSAPESCOÇODEGIRAFA É VENENOSA...


FCO.LAMBERTO FONTES
Trabalha em JORNALISMO INTERATIVO
 em ARAXÁ / MG.
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14 de dezembro de 2014

PML: INDISCIPLINA DA PF

É AÇÃO POLÍTICA CONTRA DILMA

Diretor do 247 em Brasília, Paulo Moreira Leite, afirma que a divulgação dos emails da gerente Venina Velosa da Fonseca, da Petrobras, reforça a indisciplina da Polícia Federal contra a presidente Dilma Rousseff e, principalmente, contra o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo; "As mensagens eletrônicas só vieram a público num momento em que seriam de grande utilidade para enfraquecer o governo Dilma e dar uma nova contribuição no esforço para transformar uma investigação necessária, que interessa ao país, numa operação selvagem para atingir o coração da maior empresa brasileira", diz PML; "Não se pode admitir que setores do Estado sejam empregados para movimentos de natureza política, a margem das normas que definem o interesse público", ressalta o blogueiro

TORTA NA
CARA DO MINISTRO
Divulgados 48 horas depois de uma entrevista de Cardozo,
emails de uma protegida de Paulo Roberto da Costa na Petrobras
mostram que indisciplina continua


Entre as deprimentes descobertas produzidas pela Operação Lava Jato, os emails da gerente Venina Velosa da Fonseca  não são o fato mais grave do ponto de vista policial — mas constituem um dos mais preocupantes do ponto de vista político.
Explico. Conforme o 247 apurou, os emails da gerente — uma funcionária que fez carreira na Petrobras como protegida do corrupto confesso Paulo Roberto da Costa — já eram conhecidos, em Brasília, há pelo menos três meses.
Mas as mensagens eletrônicas só vieram a público num momento em que seriam de grande utilidade para enfraquecer o governo Dilma e dar uma nova contribuição no esforço para transformar uma investigação necessária, que interessa ao país, numa operação selvagem para atingir o coração da maior empresa brasileira.
A sequência é didática. Numa intervenção absurda, pois entre suas atribuições institucionais não consta a tarefa de aconselhar mudanças na direção de empresas estatais, muito menos em pronunciamentos públicos, na quarta-feira passada o procurador geral Rodrigo Janot fez um discurso duro sobre a situação da Petrobras, onde afirmou: “esperam-se as reformulações cabíveis, inclusive, sem expiar ou imputar previamente a culpa, a eventual substituição de sua diretoria.”
No mesmo dia, atendendo a uma determinação presidencial, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, defendeu a direção da Petrobas: “não há razão objetiva para que os diretores sejam afastados,” disse. Suas palavras perderam validade 48 horas depois, quando o Valor Econômico divulgou os emails da protegida de Paulo Roberto Costa.
A leitura das mensagens eletrônicas nada prova contra a presidente Graça Foster nem contra os demais diretores. Mas sua divulgação, no dia e hora em que ocorreu, criaram um fato novo, equivalente a uma torta de creme no rosto do ministro da Justiça. Cena de filme.
Não é a primeira vez que isso acontece com autoridades brasileiras muito menos na Operação Lava Jato, mas o momento é especial. Os vazamentos ocorridos nos meses anteriores à eleição presidencial, divulgados a conta-gotas, sob mendida para auxiliar os adversários de Dilma, constituíram episódios inaceitáveis e vergonhosos.
Não podiam ser justificados, mas podiam ser compreendidos pela conjuntura política. Mesmo reconhecendo que todas iniciativas sem base legal devem ser investigadas e punidas, o que não aconteceu, era de se imaginar, com o país dividido, que surgissem braços dispostos a ajudar a campanha da oposição.
Em 2006, foi um delegado da PF que entrou as emissoras de TV um CD com as imagens do dinheiro apreendido no escândalo dos Aloprados, iniciativa que ajudou a levar aquela eleição para o segundo turno.
O caso é preocupante agora. Com os votos que deu a Dilma, o eleitorado entregou ao governo a responsabilidade de dirigir as instituições de Estado e impedir que elas sejam empregadas para ações de natureza política, conforme a preferência partidária de quem está de plantão.
Ainda não faz um mês que a repórter Julia Duailibi revelou, através do Estado de S. Paulo, que o núcleo de delegados responsáveais pela Operação Lava Jato fazia investigações policiais durante o dia e trabalhava para Aécio Neves nas horas de folga, numa atividade que poderia, facilmente, ser enquadrada e punida pelo artigo 364 do regimento da Polícia Federal, onde se proibe “movimentos de apreço ou desapreço a quaisquer autoridades.”
Embora houvesse pressão pela punição dos delegados-militantes, eles foram mantidos em seus postos. Sequer foram afastados da investigação, o que era o mínimo a ser feito.
Dias depois, o diretor José Mário Cosenza, da Petrobrás, teve a imagem profissional manchada quando seu nome foi incluído — sem o menor fundamento real — numa lista de beneficiários pela corrupção. Alguém foi investigado? Punido? Afastado?
Esta é a questão. Não se pode admitir que setores do Estado sejam empregados para movimentos de natureza política, a margem das normas que definem o interesse público. O preço que se paga, neste caso, foi muito bem explicado num poema  simples e belo, que já foi atribuído a Vladimir Maiakovski e a Bertold Brecht, mas seu autor é Eduardo Alves da Costa, brasileiro de Niterói.
O nome é “Despertar é Preciso”:
Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma flor do nosso jardim e não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.”

15 DE DEZEMBRO DE 2014

TIJOLAÇO:

VENINA VELOSA É

'PECADORA CONVERTIDA'

Jornalista Fernando Brito, editor do Tijolaço, traça o perfil da gerente Venina Velosa, que se tornou a nova delatora do caso Petrobras. "Durante dez anos, portanto, Venina foi unha e carne com Costa e aceitou suas falcatruas, como parece ter ocorrido? E agora, quando a Comissão Interna da Petrobras lhe aponta responsabilidades nos casos que podem, em tese, levar à sua demissão ou arrolamento em processos criminais (além daqueles que responde no TCU), é acometida de uma crise de honestidade e começa a usar um suposto e-mail dirigido a
Graça Foster como álibi?", questiona

247 - O jornalista Fernando Brito, editor do Tijolaço, traçou o perfil de Venina Velosa, a nova delatora do caso Petrobras. Segundo ele, trata-se de uma 'pecadora convertida'. Leia abaixo:

A incrível fábrica de pecadores convertidos 
na Petrobras
Por Fernando Brito

Ontem, ia escrever sobre o suposto aviso de uma gerente  – Venícia Fonseca – de que havia gastos irregulares na área de comunicação da Diretoria de Abastecimento e, depois, na Refinaria Abreu e Lima.

Desisti porque a resposta da Petrobras havia sido pífia, tratando os fatos com uma contenção inadmissível a quem está sendo atacado com acusações desta natureza.

Como a empresa, depois, deu maiores informações e, agora, já é possível tratar do episódio, com fatos e lógica, sem cometer leviandades ( adoto o termo de Aécio, para que não restem dúvidas).

Aos fatos e às versões, para que os leitores julguem.
A Folha descreve assim o primeiro caso denunciado pela funcionária:

As primeiras denúncias de Venina Fonseca referiam-se a pagamentos de R$ 58 milhões por serviços que não foram realizados na área de comunicação, em 2008.Segundo a gerente, ela procurou Costa para reclamar dos contratos. Este teria apontado uma foto do presidente Lula e questionado Venina se ela queria “derrubar todo mundo”, relata a reportagem.

O leitor do jornal, portanto, fica supondo que manteve-se a irregularidade.

O que só se reforça, ao final da matéria, quando a Folha vai ouvir “o outro lado” e limita-se a registrar que a empresa “diz ter instaurado comissões internas em 2008 e 2009 para averiguar os indícios de irregularidades em contratos e pagamentos da gerência de Comunicação da diretoria de Abastecimento e que o resultado das análises foi “encaminhado às autoridades competentes”.

Sem que isso implique qualquer desconsideração pelo que teria dito a ex-gerente, era dever da Folha ter registrado que a Petrobras, mesmo numa resposta pífia, que o “ex-gerente da área” (assim, sem o nome, que é Geovane de Moraes) teria sido demitido em abril de 2009, embora tenha conseguido adiar o afastamento com sucessivas licenças médicas. 

Como, aliás, faz hoje.

E porque não o fez de imediato, quando já sabia que o caso não fora “deixado para lá”, mas tornou-se objeto de apuração na empresa – ao contrário do que diz Venina – e da decisão de demitir o responsável pela “área de comunicação”? 

Tanto que a própria Folha o publicou em 22 de junho de 2009, inclusive com insinuações nada suaves de que o gerente Geovane de Moraes teria beneficiado interesses petistas.

Repito, não uso de acusações ou defesas levianas, mas de fatos publicados.

E, aliás, recentemente republicados, pela Época, em setembro, onde se fica sabendo que o cidadão é filiado ao PMDB, não ao PT, foi objeto de investigação por ordem da Presidência da Petrobras e que o assunto foi mandado, como deveria ser, à Polícia, mais especificamente à 10a. Delegacia Policial, onde consta do Procedimento 005.07275 do mesmo ano de 2009.

Se o caso era para “derrubar todo mundo”, inclusive o Presidente Lula – cujo retrato, diz Venícia, Paulo Roberto Costa apontou – parece que não se teve medo de apurar, não é?

Se a demissão de Geovane levou tanto tempo para se consumar, por força de licença psiquiátrica, é o caso de saber-se se havia acordo coletivo impedindo demissões durante licença – sei que há garantindo complementação do INSS até por quatro anos, justo o prazo em que ele voltou e foi mandado embora – ou se seu chefe, Paulo Roberto Costa, passou-lhe a mão na cabeça até sua própria demissão, em 2012.

Esclarecido o caso inicial, que é objetivo, passemos ao perfil da denunciante.

Foi, durante muitos anos, pessoa de confiança de Paulo Roberto Costa, muito antes do governo Lula. Trabalhou com ele, no período FHC e foi ele quem a levou, como pessoa de estrita confiança, para a Diretoria de Abastecimento. Coisa que ela própria descreve, no e-mail mostrado ontem no 

“Diz que desde 1999, quando conheceu o então diretor, teve muitas oportunidades de crescimento. Destaca que “tendo a sorte de trabalhar com ele, saí de uma situação de extrema pobreza e dificuldade na infância para o cargo de gerente executiva da Petrobras, atuando na diretoria de abastecimento”.

Lá, dirigiu licitações, foi do conselho da refinaria Abreu e Lima e tudo o que se podia esperar de proximidade com alguém que a tirou ” de uma situação de extrema pobreza e dificuldade na infância”.

Durante dez anos, portanto, Venina foi unha e carne com Costa e aceitou suas falcatruas, como parece ter ocorrido ?

E agora, quando a Comissão Interna da Petrobras lhe aponta responsabilidades nos casos que podem, em tese, levar à sua demissão ou arrolamento em processos criminais (além daqueles que responde no TCU), é acometida de uma crise de honestidade e começa a usar um suposto e-mail dirigido a Graça Foster como álibi?

Porque o e-mail divulgado no JN mostra, sem nenhuma dúvida, que Venina foi cúmplice de Costa: “me deparei com a possibilidade de ter de fazer coisas que supostamente iriam contra as normas e procedimentos da empresa, contra o Código de Ética e contra o modelo de gestão que implantamos não consegui criatividade para isso. 

Foi a primeira vez que não consegui ser convencida a fazer. Não consegui aceitar a forma. No meio do diálogo caloroso e tenso ouvi palavras como ‘covarde’, ‘pular fora do barco’ e ‘querer me pressionar’. Confesso que eu esperava mais apoio e um pouco mais de diálogo”.

Como assim “diálogo”?

- Ah, querida, é só mais uma roubadinha, vai… Eu sei que você é honesta, que aceita eu roubar só por gratidão, e sabe que eu roubo só porque preciso, porque eu estou enojado, já te contei…

Ainda bem que a imprensa brasileira não é levada a sério. 

Porque, senão, íamos ter uma inflação de santos, tanta gente safada que se “converte” à moralidade quando sabe que, por razões políticas, vai ganhar perdão por suas “delações premiadas”.