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14 de dezembro de 2014
PML: INDISCIPLINA DA PF
É AÇÃO POLÍTICA CONTRA
DILMA
TORTA NA
CARA DO MINISTRO
Divulgados 48 horas depois de uma entrevista de
Cardozo,
emails de uma protegida de Paulo Roberto da
Costa na Petrobras
mostram que indisciplina continua
Entre as deprimentes descobertas
produzidas pela Operação Lava Jato, os emails da gerente Venina Velosa da
Fonseca não são o fato mais grave do ponto de vista policial — mas
constituem um dos mais preocupantes do ponto de vista político.
Explico.
Conforme o 247 apurou, os emails da gerente — uma funcionária que fez carreira
na Petrobras como protegida do corrupto confesso Paulo Roberto da Costa — já
eram conhecidos, em Brasília, há pelo menos três meses.
Mas
as mensagens eletrônicas só vieram a público num momento em que seriam de
grande utilidade para enfraquecer o governo Dilma e dar uma nova contribuição
no esforço para transformar uma investigação necessária, que interessa ao país,
numa operação selvagem para atingir o coração da maior empresa brasileira.
A
sequência é didática. Numa intervenção absurda, pois entre suas atribuições
institucionais não consta a tarefa de aconselhar mudanças na direção de
empresas estatais, muito menos em pronunciamentos públicos, na quarta-feira
passada o procurador geral Rodrigo Janot fez um discurso duro sobre a situação
da Petrobras, onde afirmou: “esperam-se as reformulações cabíveis, inclusive,
sem expiar ou imputar previamente a culpa, a eventual substituição de sua
diretoria.”
No
mesmo dia, atendendo a uma determinação presidencial, o ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, defendeu a direção da Petrobas: “não há razão objetiva
para que os diretores sejam afastados,” disse. Suas palavras perderam validade
48 horas depois, quando o Valor Econômico divulgou os emails da protegida de
Paulo Roberto Costa.
A
leitura das mensagens eletrônicas nada prova contra a presidente Graça Foster
nem contra os demais diretores. Mas sua divulgação, no dia e hora em que
ocorreu, criaram um fato novo, equivalente a uma torta de creme no rosto do
ministro da Justiça. Cena de filme.
Não
é a primeira vez que isso acontece com autoridades brasileiras muito menos na
Operação Lava Jato, mas o momento é especial. Os vazamentos ocorridos nos meses
anteriores à eleição presidencial, divulgados a conta-gotas, sob mendida para
auxiliar os adversários de Dilma, constituíram episódios inaceitáveis e
vergonhosos.
Não podiam ser justificados, mas podiam
ser compreendidos pela conjuntura política. Mesmo reconhecendo que todas
iniciativas sem base legal devem ser investigadas e punidas, o que não
aconteceu, era de se imaginar, com o país dividido, que surgissem braços
dispostos a ajudar a campanha da oposição.
Em 2006, foi um delegado da PF que
entrou as emissoras de TV um CD com as imagens do dinheiro apreendido no
escândalo dos Aloprados, iniciativa que ajudou a levar aquela eleição para o
segundo turno.
O
caso é preocupante agora. Com os votos que deu a Dilma, o eleitorado entregou
ao governo a responsabilidade de dirigir as instituições de Estado e impedir
que elas sejam empregadas para ações de natureza política, conforme a
preferência partidária de quem está de plantão.
Ainda
não faz um mês que a repórter Julia Duailibi revelou, através do Estado de S.
Paulo, que o núcleo de delegados responsáveais pela Operação Lava Jato fazia
investigações policiais durante o dia e trabalhava para Aécio Neves nas horas
de folga, numa atividade que poderia, facilmente, ser enquadrada e punida pelo
artigo 364 do regimento da Polícia Federal, onde se proibe “movimentos de
apreço ou desapreço a quaisquer autoridades.”
Embora
houvesse pressão pela punição dos delegados-militantes, eles foram mantidos em
seus postos. Sequer foram afastados da investigação, o que era o mínimo a ser
feito.
Dias
depois, o diretor José Mário Cosenza, da Petrobrás, teve a imagem profissional
manchada quando seu nome foi incluído — sem o menor fundamento real — numa
lista de beneficiários pela corrupção. Alguém foi investigado? Punido?
Afastado?
Esta
é a questão. Não se pode admitir que setores do Estado sejam empregados para
movimentos de natureza política, a margem das normas que definem o interesse
público. O preço que se paga, neste caso, foi muito bem explicado num poema
simples e belo, que já foi atribuído a Vladimir Maiakovski e a Bertold
Brecht, mas seu autor é Eduardo Alves da Costa, brasileiro de Niterói.
O
nome é “Despertar é Preciso”:
Na
primeira noite eles aproximam-se e colhem uma flor do nosso jardim e não
dizemos nada.
Na
segunda noite, já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não
dizemos nada.
Até
que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e,
conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E
porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.”
15 DE DEZEMBRO DE 2014
TIJOLAÇO:
VENINA VELOSA É
'PECADORA CONVERTIDA'
Jornalista Fernando Brito, editor do Tijolaço,
traça o perfil da gerente Venina Velosa, que se tornou a nova delatora do caso
Petrobras. "Durante dez anos, portanto, Venina foi unha e carne com Costa
e aceitou suas falcatruas, como parece ter ocorrido? E agora, quando a Comissão
Interna da Petrobras lhe aponta responsabilidades nos casos que podem, em tese,
levar à sua demissão ou arrolamento em processos criminais (além daqueles
que responde no TCU), é acometida de uma crise de honestidade e começa a usar
um suposto e-mail dirigido a
Graça Foster como álibi?", questiona
247 - O jornalista
Fernando Brito, editor do Tijolaço, traçou o perfil de Venina Velosa, a nova delatora do caso
Petrobras. Segundo ele, trata-se de uma 'pecadora convertida'. Leia abaixo:
A incrível fábrica
de pecadores convertidos
na Petrobras
Por Fernando Brito
Ontem, ia escrever sobre o suposto
aviso de uma gerente – Venícia Fonseca – de que havia gastos
irregulares na área de comunicação da Diretoria de Abastecimento e, depois, na
Refinaria Abreu e Lima.
Desisti porque a resposta da Petrobras
havia sido pífia, tratando os fatos com uma contenção inadmissível a quem está
sendo atacado com acusações desta natureza.
Como a empresa, depois, deu maiores
informações e, agora, já é possível tratar do episódio, com fatos e lógica, sem
cometer leviandades ( adoto o termo de Aécio, para que não restem dúvidas).
Aos fatos e às versões, para que os
leitores julguem.
A Folha descreve assim o primeiro caso
denunciado pela funcionária:
As primeiras denúncias de Venina
Fonseca referiam-se a pagamentos de R$ 58 milhões por serviços que não foram
realizados na área de comunicação, em 2008.Segundo a gerente, ela procurou
Costa para reclamar dos contratos. Este teria apontado uma foto do presidente
Lula e questionado Venina se ela queria “derrubar todo mundo”, relata a
reportagem.
O leitor do jornal, portanto, fica
supondo que manteve-se a irregularidade.
O que só se reforça, ao final da
matéria, quando a Folha vai ouvir “o outro lado” e limita-se a registrar que a
empresa “diz ter instaurado comissões internas em 2008 e 2009 para averiguar os
indícios de irregularidades em contratos e pagamentos da gerência de
Comunicação da diretoria de Abastecimento e que o resultado das análises foi
“encaminhado às autoridades competentes”.
Sem que isso implique qualquer
desconsideração pelo que teria dito a ex-gerente, era dever da Folha ter
registrado que a Petrobras, mesmo numa resposta pífia, que o “ex-gerente da
área” (assim, sem o nome, que é Geovane de Moraes) teria sido demitido em abril
de 2009, embora tenha conseguido adiar o afastamento com sucessivas licenças
médicas.
Como, aliás, faz hoje.
E porque não o fez de imediato, quando
já sabia que o caso não fora “deixado para lá”, mas tornou-se objeto de
apuração na empresa – ao contrário do que diz Venina – e da decisão de demitir
o responsável pela “área de comunicação”?
Tanto que a própria Folha o publicou
em 22 de junho de 2009, inclusive com insinuações nada suaves de que o gerente
Geovane de Moraes teria beneficiado interesses petistas.
Repito, não uso de acusações ou defesas
levianas, mas de fatos publicados.
E, aliás, recentemente republicados,
pela Época,
em setembro, onde se fica sabendo que o cidadão é filiado ao PMDB, não ao PT,
foi objeto de investigação por ordem da Presidência da Petrobras e que o
assunto foi mandado, como deveria ser, à Polícia, mais especificamente à 10a.
Delegacia Policial, onde consta do Procedimento 005.07275 do mesmo ano de 2009.
Se o caso era para “derrubar todo
mundo”, inclusive o Presidente Lula – cujo retrato, diz Venícia, Paulo Roberto
Costa apontou – parece que não se teve medo de apurar, não é?
Se a demissão de Geovane levou tanto
tempo para se consumar, por força de licença psiquiátrica, é o caso de saber-se
se havia acordo coletivo impedindo demissões durante licença – sei que há
garantindo complementação do INSS até por quatro anos, justo o prazo em que ele
voltou e foi mandado embora – ou se seu chefe, Paulo Roberto Costa, passou-lhe
a mão na cabeça até sua própria demissão, em 2012.
Esclarecido o caso inicial, que é
objetivo, passemos ao perfil da denunciante.
Foi, durante muitos anos, pessoa de
confiança de Paulo Roberto Costa, muito antes do governo Lula. Trabalhou com
ele, no período FHC e foi ele quem a levou, como pessoa de estrita confiança,
para a Diretoria de Abastecimento. Coisa que ela própria descreve, no e-mail
mostrado ontem no
“Diz que desde 1999, quando conheceu
o então diretor, teve muitas oportunidades de crescimento. Destaca que “tendo a
sorte de trabalhar com ele, saí de uma situação de extrema pobreza e
dificuldade na infância para o cargo de gerente executiva da Petrobras, atuando
na diretoria de abastecimento”.
Lá, dirigiu licitações, foi do conselho
da refinaria Abreu e Lima e tudo o que se podia esperar de proximidade
com alguém que a tirou ” de uma situação de extrema pobreza e dificuldade
na infância”.
Durante dez anos, portanto, Venina foi
unha e carne com Costa e aceitou suas falcatruas, como parece ter ocorrido ?
E agora, quando a Comissão Interna da
Petrobras lhe aponta responsabilidades nos casos que podem, em tese, levar
à sua demissão ou arrolamento em processos criminais (além daqueles que
responde no TCU), é acometida de uma crise de honestidade e começa a usar um
suposto e-mail dirigido a Graça Foster como álibi?
Porque o e-mail divulgado no JN mostra, sem nenhuma dúvida, que Venina foi
cúmplice de Costa: “me deparei com a possibilidade de ter de fazer coisas que
supostamente iriam contra as normas e procedimentos da empresa, contra o Código
de Ética e contra o modelo de gestão que implantamos não consegui criatividade
para isso.
Foi a primeira vez que não consegui ser convencida a fazer. Não
consegui aceitar a forma. No meio do diálogo caloroso e tenso ouvi palavras
como ‘covarde’, ‘pular fora do barco’ e ‘querer me pressionar’. Confesso que eu
esperava mais apoio e um pouco mais de diálogo”.
Como assim “diálogo”?
- Ah, querida, é só mais uma
roubadinha, vai… Eu sei que você é honesta, que aceita eu roubar só por
gratidão, e sabe que eu roubo só porque preciso, porque eu estou enojado, já te
contei…
Ainda bem que a imprensa brasileira não
é levada a sério.
Porque, senão, íamos ter uma inflação de santos, tanta gente
safada que se “converte” à moralidade quando sabe que, por razões
políticas, vai ganhar perdão por suas “delações premiadas”.
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