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3 DE JANEIRO DE 2015
O MILAGRE DA GLOBO:
A AUDIÊNCIA CAI, RECEITA SOBE
Acabam de sair os números de faturamento da Globo, dos irmãos Roberto
Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho, em 2014: R$ 16 bilhões, o que
representa aumento de 9,7% sobre o ano anterior; o crescimento se deu a
despeito da queda contínua de audiência; entre 2013 e 2014, ela recuou de 14,3
para 13,5 pontos do Ibope, de sete da manhã à meia-noite; atrações como Jornal
Nacional e Fantástico amargam números cada vez piores, mas isso não tem afetado
a receita da Globo; nesta semana, os Marinho, família midiática mais rica do
mundo (com US$ 21 bilhões), publicaram editorial contra a taxação de grandes
fortunas; "não funciona"
247 - Acabam de sair os
números de faturamento da Globo, em 2014. Segundo o colunista Lauro Jardim, a
receita anual da emissora dos Marinho em 2014 foi de R$ 16 bilhões, o que
representa ganho de 9,7% sobre o ano anterior.
O crescimento, acima da inflação,
surpreende por uma razão básica. Há vários anos a Globo vem sofrendo queda
contínua de audiência, mas isso não tem afetado seu desempenho publicitário –
especialmente junto ao setor público.
Levantamento recente apontou que dos R$
15,7 bilhões investidos pelo governo federal e por empresas estatais nos
últimos dez anos, nada menos que R$ 5,3 bilhões, mais de um terço foram
abocanhados pela Globo (leia mais aqui).
O mesmo fenômeno aconteceu em governos
estaduais, como, por exemplo, Minas Gerais.
Recentemente, Lauro Jardim publicou uma
nota mais extensa sobre a audiência da Globo em 2014, que caiu mais 5% e ficou
no menor nível desde que a emissora se tornou líder de audiência, há 45 anos.
Leia abaixo:
A TV
Globo perdeu 5% de audiência em 2014, caindo de 14,3 pontos, em 2013, para
13,5 pontos, no ano passado, entre 7h e meia-noite.
Os dados do
Ibope são da medição na Grande São Paulo.
É o pior desempenho
anual, desde que virou líder de audiência, há 45 anos.
Na contramão,
cresceu a participação da TV paga e dos pequenos canais
regionais, que cresceram de 6,7 pontos em 2013 para 8,6 em 2014.
Os números repetem
a tendência dos últimos dez anos. Enquanto, de 2004 para cá, a Globo
registrou uma queda de 38% na audiência, caindo de 21,7 para 13,5, a
TV paga e os canais regionais cresceram 260%, saltando de 2,4 pontos para
8,6 na Grande São Paulo.
Em 2014, o
crescimento da Record foi tímido, subindo de 6,1 para 6,2, número que a
emissora tinha em 2012. O SBT fechou o ano com 5,6, frente a 5,3 em 2013.
Já a Band caiu de 2,5 pontos em 2014 para 2,4 pontos em 2013.
A Record teve
crescimento de 50% de 2004 para cá, saindo de 4,2 para 6,2. O pico da emissora
do bispo Edir Macedo foi em 2008, com 8,3 pontos.
Nesses dez anos, o
SBT perdeu 33% de sua audiência, numa queda de 8,4 para 5,6 pontos.
Graças à concentração midiática no
Brasil, os Marinho se tornaram a família mais rica do setor no mundo, com
patrimônio superior a US$ 21 bilhões.
Nesta semana, o jornal O Globo, da
família, publicou editorial
contra a ideia de taxação das
grandes fortunas.
Leia
abaixo:
Taxar as chamadas
grandes fortunas é desejo cultivado por qualquer governante em busca de
dinheiro aparentemente fácil. E com a vantagem de poder apresentar o novo
imposto como um ato de “justiça social”, bandeira sempre simpática, capaz de
encobrir qualquer aberração de política econômica.
A história desse
imposto começou no século XIX, quando foi criado por socialistas ingleses. Caiu
em desuso pelas dificuldades que cercam o gravame, e há pouco voltou ao
noticiário por meio do best-seller “O capital no Século XXI”, de Thomas
Piketty, economista francês.
Baseado em ampla
compilação de estatísticas de vários países, Piketty se propõe a provar que a
renda do capital derivado de herança e patrimônio próprio supera, e jamais
deixará de ser assim, a renda do trabalho. Ato contínuo, Piketty propõe um
imposto sobre patrimônio para reduzir as desigualdades sociais no mundo.
Ideias como esta
são tentadoras desde sempre. Por esse motivo, e considerando a atmosfera
ideológica na qual trabalhou a Constituinte de 1987, a Constituição brasileira,
promulgada no ano seguinte, prevê este imposto em um dos artigos. Jamais foi
regulamentado. O então senador Fernando Henrique Cardoso apresentou projeto com
este fim, e só.
Mais de uma década
de governos do PT, partido de esquerda, já seria tempo de o dispositivo
constitucional ser aplicado. Na base aliada, houve pelo menos uma tentativa.
Sem sucesso. Pode-se entender que a base do Planalto é tão heterogênea que não
conseguirá se unir em torno deste imposto.
Mas o ponto central
nesta discussão é que se trata de ilusória a vantagem da taxação de fortunas.
Um primeiro ponto é o custo de arrecadação do imposto, muito alto. Como se
trata de um gravame declaratório — ele é arrecadado sobre o que é declarado
pelo contribuinte —, a coleta tende a ser baixa, devido à previsível
substimativa da base a ser taxada.
Logo, é
imprescindível montar-se uma estrutura de fiscalização para combater a evasão.
No final das contas, a conclusão sempre é que o custo da estrutura não compensa
o resultado da arrecadação. Entende-se por que muitos países suprimiram este
imposto, inclusive a Inglaterra.
Outro problema: tão
logo se torne uma possibilidade concreta o imposto sobre fortunas, as famílias
abastadas transferirão todo ou parte do patrimônio para países sem o tributo. E
sua riqueza crescerá apenas no exterior. Os empregos e a renda gerados por
grandes patrimônios familiares migrarão para o exterior, portanto. Péssimo
negócio, certeiro tiro no pé do próprio país.
Há, ainda, grandes
riscos de se praticar injustiças: quando herdeiros de patrimônios imobiliários
não têm dinheiro para arcar com a taxação. O imposto sobre fortunas é uma
daquelas invenções aparentemente simples, mas que não funcionam.
Por uma razão: o
tema é mais complexo do que parece.