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22 DE
JANEIRO DE 2015
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
DA MÍDIA É SELETIVA
E COVARDE
A
mídia brasileira sempre esteve preparada, aparelhada e unida para manter o
status quo
e abafar as vozes daqueles que discordam do projeto político
e da
agenda que ela própria tem para o Brasil
Toda a vez que o debate
sobre os limites do humor emerge, a mídia – especialmente a brasileira - diz
que é preciso "ir até o fim" para se garantir a liberdade de
expressão. "Não podemos recuar", afirmam uns. "Não vamos deixar
nos intimidar", dizem outros.
Mas dentro desse "limites do humor" é comum vermos por
parte da mídia uma naturalização da violência, da cultura do machismo, da
homofobia, do preconceito às minorias e intolerância às diferenças. Será mesmo
que essas "gracinhas" fazem parte de um script tão inofensivo assim?
Sabemos que não.
O humor
"apenas" por ser humor não está desprovido de um caráter ideológico
em seu conteúdo.
O deboche e menosprezo ao negro só foi coibido a partir da lei
que criminalizou o racismo no país. O que hoje se repudia com veemência, as
piadas contra negros, antes era aceito como algo natural, que "fazia
parte".
Nesse mesmo contexto, está o PLC 122/2006 que criminaliza a
homofobia. Enquanto o Congresso se omite, parte da mídia reforça em seus
humorísticos uma cultura de que os gays são passíveis de serem ofendidos e
humilhados, quando deveria promover uma cultura que negasse a discriminação e
valorizasse o reconhecimento ao direito de sermos diferentes uns dos outros.
Daí, alguns questionamentos, qual o papel social da mídia com
relação a esses temas? Não deve haver mesmo limites para o humor?
É claro perceber que os humorísticos da mídia brasileira, em grande
parte, não buscam produzir uma consciência crítica da nossa população em
relação às minorias. Pelo contrário, na medida em que eles reafirmam o
preconceito, produzem um retrocesso no pensamento coletivo, contribuindo para
um sistema de diferenciação, segregação e exclusão.
Mas, e quando a mídia passa a ser o alvo das críticas ou piadas,
ela mantém o mesmo argumento de que o humor deve prevalecer a todo custo?
Claro que não.
Ela reage de forma autoritária quando é zombada ou satirizada em
razão de seus erros e, especialmente, suas grandes fantasias jornalísticas.
Rapidamente, ela age, seja dentro do seu próprio campo ou indo até ao Poder
Judiciário, para impedir qualquer prejuízo a sua, já abalada, credibilidade.
A mídia é inteligente o suficiente para saber que a quebra do
monopólio da informação e uma opinião naturalizada na sociedade de que ela
combate a pluralidade de opiniões e engendra todos os esforços na direção de um
pensamento único, atendendo a seus próprios interesses, ameaçaria também a hegemonia
daqueles que a financiam.
Assim, a liberdade de
expressão da mídia brasileira é seletiva e covarde.
É uma concessão para
poucos.
A liberdade de
expressão - não a que ela diz defender de maneira hipócrita, mas a que põe em
prática - gira para impedir que haja qualquer retrocesso em um sistema arcaico
de privilégios.
Por isso, ela própria
conhece, mais do que ninguém, os limites dessa liberdade de expressão, até onde
pode ir e sobre o quê e quem falar.
A mídia brasileira
sempre esteve preparada, aparelhada e unida para manter o status quo e abafar
as vozes daqueles que discordam do projeto político e da agenda que ela própria
tem para o Brasil.
Entretanto, ao que
parece, a mídia brasileira demonstra dificuldades para lidar com as críticas
para além da sua seção de cartas do leitor, em que ela exerce o filtro,
tampouco como protagonismo possível que as novas tecnologias têm permitido aos
cidadãos e à sociedade civil de romper com lógica vertical da comunicação.
Um episódio que ocorreu em 2010 nos dá a clareza de quão longe a
mídia brasileira está disposta a ir para calar os que fazem piadas com ela ou
questionam sua hegemonia. Naquele ano, os irmãos Lino e Mário Bocchini criaram
o blog Falha de S.Paulo, de análises e críticas satíricas a matérias e conteúdos
veiculados no tradicional diário paulista.
Imediatamente, 17 dias depois, o jornal Folha de São Paulo
obteve liminar e censurou o blog, que saiu do ar.
Além disso, os autores
estão sendo processados pela Folha de S. Paulo.
Segundo os irmãos e jornalistas Bochini, o blog Falha de S.Paulo
está há mais de 4 anos censurado por uma decisão judicial, movida justamente
por um dos veículos que se diz defensor da liberdade de expressão e que, ao
lado de mais meia dúzia, forma o oligopólio da comunicação no país.
Pois bem, estranho é o fato desse oligopólio, que se
autoproclama "guardião" e "defensor intransigente" da
liberdade de expressão, e está sempre tão disposto a levar os limites do humor
"às últimas conseqüências", não enxergar o caso Folha versus Falha
como censura, já que cada vez que um veículo jornalístico tem sua atuação
limitada pela ação do Poder Judiciário fala-se em censura, e a grande mídia e a
Associação Nacional de Jornais (ANJ) bradam em favor da liberdade de expressão
no país.
É curioso também observar que na época em que o caso Falha
versus Folha ganhou repercussão, a MTV Brasil em um de seus programas utilizou
logotipo idêntico ao usado pelo Falha que satirizava a Folha.
Entretanto, nenhuma ação
foi movida contra o Grupo Abril, antiga proprietária da MTV Brasil.
"Lobo não como
lobo", já diz um velho ditado popular.
Recentemente, o recurso dos criadores do blog Falha de S.Paulo
chegou ao STJ. A pergunta é: Folha vai manter sua posição de censura contra os
irmãos Bochini, admitindo, então, que há limites para o humor; ou vai rever sua
posição, mesmo que judicialmente desfavorável a si mesma? Talvez, para a Folha
e para o oligopólio da mídia haja uma terceira via, algo como "não façam
comigo o que faço com vocês".
É possível.
Está claro que a Folha de S.Paulo mira muito além dos irmãos
Bochini. Insatisfeitos com a crescente audiência de blogs noticiosos na
internet - que impõem uma nova agenda à Secom da Presidência da República com
relação a "tal" mídia técnica - e decadentes em sua credibilidade e
alcance, Folha é a porta-voz da hora do oligopólio da comunicação brasileira
que busca intimidar e enfraquecer a blogosfera, jornalistas independentes,
tuiteiros que ousam interpretar nas entrelinhas da imprensa e alertar, com
posições críticas e contrárias, a insistente tentativa de imposição de uma
agenda neoliberal que a mídia tem para o Brasil e a manutenção de um sistema de
privilégios.
O recado está dado: "o monopólio da informação e da livre
manifestação do pensamento é nosso, e qualquer tipo de crítica será censurado.
E se possível, ainda
queremos, buscar uma indenização daqueles que insistirem em nos desafiar".
O jogo é o mesmo, mas as regras são diferentes.
Nos editoriais impressos
e eletrônicos continuaremos a assistir ao mise-en-scene da defesa intransigente
da liberdade de expressão, mesmo que por trás das câmeras a pluralidade de idéias,
que hoje transita, especialmente, pela blogosfera, continue a ser combatida.
23 DE JANEIRO DE 2015
JOÃO SANTANA:
'DERROTADOS VIRARAM
FANFARRÕES'
Em livro, marqueteiro de Dilma Rousseff disse que “é uma boa hora de
desabafar” sobre suas impressões sobre as eleições de 2014; "É mentira que
nossa campanha tenha feito uso profissional da baixaria. Mas é verdade que a
dele fez uso amador da mediocridade", diz ele sobre o marqueteiro de Aécio
Neves (PSDB), Paulo Vasconcelos; sobre a candidata do PSB, disse: “Marina não
revidou as nossas críticas ou por ingenuidade, ou fragilidade teórica ou por
soberba”
247 – No livro “João Santana: um marqueteiro no poder”, do
jornalista Luiz Maklouf Carvalho, o homem que comandou a campanha da reeleição
de Dilma Rousseff diz que ‘chegou a hora de desabafar’ sobre os adversários de
2014:
"Estamos vivendo um momento raro na nossa política, que é o
dos derrotados fanfarrões. Tenho escutado muita coisa calado, mas acho que é
uma hora boa de desabafar."
Ele nega acusações sobre o tom de sua campanha e ataca o PSDB:
"É mentira que nossa campanha tenha feito uso profissional da baixaria.
Mas é verdade que a dele fez uso amador da mediocridade", diz ele sobre o
marqueteiro de Aécio Neves (PSDB), Paulo Vasconcelos.
Sobre a candidata do PSB, disse: “Marina não revidou as nossas
críticas ou por ingenuidade, ou fragilidade teórica ou por soberba”.