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21 DE MARÇO DE 2015
AS LIÇÕES
DA QUEDA DE CID GOMES
Quem
governa o Brasil é ou não refém
de “300 picaretas” ou de “400 achacadores”?
Como
sair desse impasse?
Muito
antes de ser presidente, o então operário Luiz Inácio Lula da Silva
denunciou a
existência de "300 picaretas" no Congresso Nacional.
Quando
chegou ao poder, organizou a maior coalizão governista que já se viu no País.
Uma coalizão, diga-se de passagem, que lhe permtiu governar, mas também trouxe
problemas a ele, como no caso do chamado "mensalão", e a sua
sucessora Dilma Rousseff, nos episódios da "faxina ministerial" e,
mais recentemente, da Lava Jato.
Agora, foi a vez de Cid Gomes,
ex-ministro da Educação, diagnosticar a presença de "400 achacadores"
no parlamento – ou seja, a cota de "picaretas" teria aumentado
33,33%.
Na
quarta-feira, quando muitos esperavam que Cid pudesse se desculpar no
Congresso, baixou nele o espírito de Ciro, seu mais do que arretado irmão.
Cid
apontou o dedo para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e disse
que é melhor ser chamado de mal-educado do que de achacador, reiterando sua
acusação anterior. Naturalmente, caiu.
Para o governo Dilma, que
atravessa um momento de convulsão política, teria sido melhor manter as
aparências.
Cid
pediria desculpas, diria que tropeçou nas palavras inadvertidamente e a vida
seguiria em frente.
Aliás,
nada disso seria necessário se ele próprio tivesse sido demitido de forma
sumária quando sua declaração vazou, há pouco mais de uma semana.
Assim,
seguiríamos a máxima de La Rochefoucauld: a hipocrisia é uma homenagem que o
vício presta à virtude.
Ocorre que, em momentos
turbilhonares, como o atual, a verdade tem mais valor do que a hipocrisia.
Afinal,
o que revela o "sincerídio" de Cid Gomes?
Nada
menos que o altíssimo custo da chamada governabilidade no Brasil.
No momento em
que o Brasil se vê, novamente, estarrecido com pagamentos a parlamentares, será
que ninguém se pergunta qual é a origem disso tudo?
E
mais: será que ninguém vê realmente a
necessidade de uma reforma política, apenas porque esta não era a bandeira dos
protestos do dia 15 de março?
Pois o caso Cid tem tudo a ver
com a Lava Jato e todos os outros escândalos recentes do País.
A
política, hoje, no Brasil é caríssima e leva ao financiamento privado, que leva
à corrupção.
A
governabilidade, com a miríade de partidos, também é cara e produz corrupção.
Só há uma saída:
reforma política e com urgência.