1 blog - 1 página - Twitter, + de 40 grupos no Face, + de 496 blogs e comunidades no google+, + de 376 conexões LinkedIn -
395.720 visualizações / 31 meses
31 de Julho de 2015
Atentado contra Lula acende alerta
vermelho
BRENO ALTMAN *
A bomba jogada contra entidade liderada pelo
ex-presidente da República, na noite de quinta-feira, revela perigos que rondam
o cenário político.
Tudo leva
a crer que o ato terrorista teve origem em alguma franja da direita, animada
pelo clima de ódio antipetista diuturnamente alimentado pelos principais meios
de comunicação e líderes da oposição.
A
escalada é notável, transitando das agressões verbais nas redes sociais para o
terreno do enfrentamento físico.
O
primeiro sinal veio com a coação de ex-ministros em restaurantes paulistanos,
além de ataques irregulares contra sedes do PT.
No início
da semana, o presidente fluminense do partido e prefeito de Maricá, Washington
Quaquá, tomou um empurrão que o jogou ao chão enquanto dava entrevista a alguns
jornalistas.
Sentindo-se
à vontade, de mãos livres para fazerem o que bem entendem, extremistas do
conservadorismo agora aumentam a altura do sarrafo e miram na principal
liderança da esquerda brasileira.
Seria
irresponsabilidade afirmar que o atentado contra o Instituto Lula, cujos
objetivos parecem ser intimidação e propaganda, representa prova de que a
oposição de direita esteja saindo da institucionalidade para a violência.
Mas é
cristalino que o discurso do reacionarismo, estimulando clima de caça às bruxas
contra o petismo, identificando-o como campo político a ser aniquilado por
todos os meios, está na origem da atual onda de truculência.
Basta ver
a audácia dos que resolveram escolher Lula como alvo de suas intentonas. Não se
trata mais de situações casuais e fortuitas, mas de operação planejada e
armada, o que indica proliferação e recrudescimento de grupos dispostos ao
terror.
Também
chama atenção a reação frágil e intimidada do governo federal a respeito de
fato tão relevante.
Ataque
desta natureza contra um ex-presidente da República, ainda mais da estatura de
Lula, sem o qual jamais a atual administração teria sido eleita e reeleita,
exigiria resposta de alta intensidade, através de todos os canais possíveis.
Para
começo de conversa, as investigações deveriam ser imediatamente federalizadas e
caberia, à chefe de Estado, chamar rede nacional de rádio e televisão, com o
intuito de proclamar claramente o repúdio ao ódio fascista e a determinação de
empenhar todos os esforços para impedir sua difusão na sociedade.
A
claudicante contraposição petista ao atentado da rua Pouso Alegre, no mais,
revela as sequelas de uma estratégia conciliatória que foi incapaz de preparar
o governo, os partidos de esquerda e os movimentos sociais para uma etapa como
a atual, de radicalização do confronto entre projetos de nação.
Ao deixar
intacto o monopólio da mídia, o petismo cevou seus piores inimigos, que agem
como máquinas de animação e mobilização das entranhas mais apodrecidas do país,
na busca de onda restauradora que possa colocar enterrar, a qualquer preço, o
processo de mudanças iniciado com a eleição de Lula em 2002.
Mantendo
ares de normalidade, o governo e o PT banalizam a gravidade dos acontecimentos,
desorganizam sua própria militância e abrem alas para o conservadorismo seguir
em seu movimento ascensional, que já combina hegemonia institucional com
disputa das ruas e, agora, o recurso à violência.
A
história, aliás, está repleta de exemplos sobre o que se passa quando as forças
progressistas e democráticas comportam-se como avestruzes.
Ofensivas
reacionárias, afinal, não costumam ser detidas com bom-mocismo, falta de
audácia e encolhimento.
*BRENO ALTMAN É DIRETOR DO
SITE OPERA MUNDI E DA REVISTA SAMUEL.